Arquivo mensal: julho 2010

LIBERDADE!!!

 
POSTED BY SELETINOF AT 04:55 PM

SOM DO SILÊNCIO!!!

 
 
POSTED BY SELETINOF AT 10:25 AM
 

O MEU CORPO É E SERÁ A SUA PARTITURA!!!

O meu corpo é e será a tua partitura.

É nele que gravas as mais belas melodias…as que não me canso de ouvir…e sentir.

Gosto quando depois de um abraço forte e sentido, ofereces-me aquela palavra murmurada que apenas eu ouço, e na linha abaixo decides deixar mais uma nota…que tem o som do teu desejo.

Ahhhh, gosto quando os teus lábios dedilham o contorno do meu peito.

Vislumbro o teu sorriso e ouço os teus acordes mais fundos, que me fazem suspirar de forma mais intensa e curiosa, confesso, pois anseio pelo toque seguinte…

As tuas mãos tocam delicadamente em mim como se de uma arpa se tratasse…

As tuas pernas envolve-me como se eu fosse um violoncelo…que precisa de ser amparado e delicadamente observado…

Sorrio e tu então, olhas-me profundamente e decifras por completo as notas finais que eu te ofereço…! A balada está completa e pronta a ser sentida…

Sento-me em ti….abraçamo-nos…e deixamos então que se faça música em nós….por nós!

fonte:(http://historiamentiraverdade.blogspot.com/)

POSTED BY SELETINOF AT 10:21 AM

KOSMOS: FISIOSFERA, BIOSFERA E NOOSFERA.

capa livro

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Rogério Fonteles Castro

Pós-Graduação em Física

Universidade Federal do Ceará

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Sonho e Embriaguez … se opõem como o apolíneo e o dionisíaco: o sonho e a embriaguez são condições necessárias para que a arte se produza; por isso, o artista, sem entrar em um desses estados, não pode criar.

____Friedrich 
Nietzsche___

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yoga

jungwilber

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O processo de INDIVIDUAÇÃO e a harmonia entre as vertentes ASCENDENTE e DESCENDENTE se realizam na VIDA como a história de um INCONSCIENTE que se REALIZOU.

_____Carl Jung __&__ Ken Wilber____

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SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO

 

Capítulo 1

INFINITO E MOVIMENTO

Um problema de Medida na Matemática da Grécia Antiga

SEGUNDA NAVEGAÇÃO

 

Capítulo 2

A FÍSICA DESMATERIALIZOU A MATÉRIA

Um novo problema de Medida na Mecânica Quântica

TERCEIRA NAVEGAÇÃO

 

Capítulo 3

REALIDADE UNITÁRIA

UNUS MUNDUS – CONSCIÊNCIA

PARADIGMA PSICOFÍSICO

MATÉRIA – ANTIMATÉRIA: UMA CONCEPÇÃO DO UNIVERSO

 

Capítulo 4

CULTURA OCIDENTAL:

VERDADE – BONDADE – CULPA – PECADO

 

Capítulo 5

TRADIÇÃO JUDAICO-CRISTÃO

versus

TRADIÇÃO ORIENTAL-PAGÃO

 

Capítulo 6

NOSSA CASA ESPIRITUAL

Para além de todo Bem e todo Mal

DEUS: CONSCIÊNCIA CÓSMICA

/ Mãe / Pai / Filho / Espírito Santo /

 

Capítulo 7

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

REFERÊNCIAS

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CRIADOR E CRIATURA

OBSERVADOR E OBSERVADO

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Sim, antes de mais nada, queremos informar que, desejando fazer com que o nosso “texto” seja VIVIDO, além, claro, de ser compreendido em toda sua extensão e profundidade, acrescentamos ao mesmo imagens e vídeos. Sendo que o texto principal, analítico, está escrito com letras de cor preta, e os textos “alegóricos” estão escritos com letras coloridas: ou seja, vídeos, imagens e pensamentos estão escritos ou acompanhados de legendas coloridas. Mas, tudo isso também no sentido de nos fazer SONHAR, pois, o sonhador, além da inteligência que interpreta, aguça por demais os sentidos que o fazem mais criativo: à RAZÃO, por ser um tanto limitada – cerebral -, deve-se juntar o SENTIMENTO – o coração -, propiciando, então, mergulharmos profundo na realidade do KOSMOS ¹

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¹  ” ‘Kosmos’ é um antigo termo pitagórico, que significa o universo inteiro em todas as suas muitas dimensões – físico, emocional, mental e espiritual. Hoje, ‘Cosmos’, geralmente significa apenas o universo físico ou a dimensão física. Portanto, podemos dizer que o Kosmos inclui: a fisiosfera ou cosmos; a biosfera ou a vida; a noosfera, ou mente, as quais são todas manifestações radiantes do puro Vazio, e não são diferentes dele.” (KEN WILBER).

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INTRODUÇÃO

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PSICOLOGOSEFISICOS

VERDADE: MÉTODO E HERMENÊUTICA 

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As reflexões de Roberto Cardoso de Oliveira sobre os momentos não-metódicos da pesquisa antropológica. Homenagem ao falecido professor. Este fragmento faz parte de um vídeo maior: “A antropologia de Roberto Cardoso de Oliveira” (Alvarez 2006). A copia é de boa resolução, porem ficou pesado. Ideal para baixar no micro e assistir.


_________Gabriel O. Alvarez_______

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“Nada se ilumina fantasiando figuras de luz, mas sim fazendo consciente sua escuridão.” (Carl Jung).

Com este pensamento de Jung, iniciamos aqui o nosso texto. Tal reflexão mantém uma adequabilidade muito propícia aos nossos questionamentos. As discussões contidas no texto são polêmicas por natureza, podendo ser aterrorizantes para muitas pessoas – atitude esta, esperada, resultado mesmo da influência do platonismo em nossa cultural ocidental. Todavia, tudo foi feito no sentido de fazer LUZ, destacando as sombras, claro.

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medidadomundo

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HÁ DOIS MODOS DIFERENTES de medir, ressaltava o filósofo grego Platão. Um, o modo discutido neste livro, envolve números, unidades, uma escala e um ponto de partida. Estabelece que uma propriedade é maior ou menor que outra, ou atribui um número a quanto de uma dada propriedade algo possui. Podemos chamá-lo de medição “ôntica”, empregando o termo aplicado por filósofos a objetos ou propriedades reais de existência independente. Este livro narrou a história de como a mensuração ôntica evoluiu a partir de improvisadas medidas corporais e artefatos desconexos até chegar a uma rede universal que relaciona muitos tipos diferentes de medição e, em última instância, os vincula a padrões absolutos – constantes físicas.

Todavia, existe outro modo de medir que não envolve colocar-se ao lado de um bastão graduado ou de um prato de balança. Esse é o tipo de medição que Platão dizia ser guiado por um padrão de “apropriado” ou “correto”. Essa forma de medir é menos um ato do que uma experiência; a experiência de que as coisas que fizemos são – ou nós mesmos somos – menos do que poderiam ou deveriam ser. Não podemos efetuar esse tipo de medição seguindo regras, e ela não se presta a quantificação. Será apenas uma medição “metafórica”? Ela é uma comparação relativa a um padrão. Colocadas junto a exemplo apropriado ou correto, as nossas ações – e até nós mesmos – não são suficientes; é possível ser mais. Sentimos que não estamos à altura do nosso potencial. Podemos chamar essa medição de “ontológica”, conforme o termo que os filósofos usam para descrever a maneira como algo existe.

A medição ontológica não envolve uma propriedade específica, em sentido literal, pois não envolve nada quantitativo. Podemos calcular tudo que nos aprouver; jamais produziremos esse tipo de medição. Não há nenhum método que nos leve a ela. A medição ontológica nos liga a algo transumano, algo de que participamos, não algo que comandamos. Enquanto na medição ôntica comparamos um objeto a outro exterior a ele, na medição ontológica nós nos comparamos, ou alguma coisa que tenhamos feito, com algo no qual nosso ser está implicado, com o qual está relacionado – tal como um conceito de bom, justo ou belo. A medição ontológica é onticamente imensurável. [0]

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PENTAGRAMA 
Símbolo Pitagórico.
—INFINITO E INCOMENSURABILIDADE—

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Quando, então, da medida ôntica da hipotenusa no Triângulo Retângulo Isósceles, o Mundo Grego Antigo desabou: isto se deu por causa da descoberta dos INCOMENSURÁVEIS e a consequente constatação do infinito nas medidas. [1]

Assim, a matemática grega incapacitada de lidar com tais medições, favoreceu a ruína da Visão de Mundo dos pitagóricos a qual era vigente nesta época. Daí, por diante, Platão, tentando por ordem na “casa”, fez nascer o mundo das Ideias, estabelecendo assim a dicotomia entre Idealistas e Materialistas.

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mandela

Os tolos se multiplicam quando os sábios ficam em silêncio.

________Nelson Mandela_______

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A partir de uma simples medida da hipotenusa de um triângulo, portanto, se gerou toda uma controvérsia – entre IDEALISTA e REALISTAS, entre espiritualistas e materialistas, entre o SAGRADO e o PROFANO, entre teoria e prática -, que se estendeu até os dias de hoje.

Porém, com Newton, Leibniz e a fundamentação dos Números Reais, temos a superação de tal controvérsia na MATEMÁTICA e na FÍSICA, a qual, finalmente, proporcionou que  o PITAGORISMO fosse definitivamente adotado pela ciência na modelagem matemática da Natureza.

Mas devemos ressaltar que tal progresso nas ciências físicas e matemáticas só foi possível dado que estas se utilizam  fundamentalmente apenas de medidas ônticas, e os números reais garantem a objetividade desejada.

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   REALIDADE: PERPÉTUA OSCILAÇÃO ENTRE ATUALIZAÇÃO E POTENCIALIZAÇÃO 

No vídeo, temos a praia de ondas gigantes de probabilidade – a beira mar do oceano platônico -, local do calipso, da quebração das ondas, da passagem da realidade potencial à realidade atual. 

A Realidade, em sua integralidade não é senão uma perpétua oscilação entre a ATUALIZAÇÃO e POTENCIALIZAÇÃO. Não há atualização absoluta. Mas a atualização e a potencialização não bastam para uma definição lógica coerente da Realidade. O MOVIMENTO, a transição, a passagem do potencial ao atual não é concebível sem um dinamismo independente que implica um equilíbrio perfeito, rigoroso, entre a atualização e a potencialização, equilíbrio este que permite precisamente essa transição. A Realidade possui, portanto, segundo Lupasco, uma estrutura ternária: toda manifestação da Realidade se dá através da coexistência de três aspectos inseparáveis em um todo dinâmico acessível ao conhecimento lógico, racional:

SUJEITO, OBJETO E TERCEIRO OCULTO.

O problema Sujeito/Objeto foi central na reflexão filosófica dos pais fundadores da mecânica quântica. Pauli, Heisenberg e Bohr, assim como Husserl, Heidegger, Gadamer e Cassirer, refutaram o axioma fundamental da metafísica moderna: a separação total entre o Sujeito e o Objeto. A divisão binária (Sujeito, Objeto) que define a metafísica moderna é substituída, na abordagem transdisciplinar, pela repartição ternária (Sujeito, Objeto, Terceiro Oculto). O terceiro termo, o Terceiro Oculto, não é redutível nem ao Objeto nem ao Sujeito. [2]

_________Basarab Nicolescu_________

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COSMOS

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MUNDO FENOMÊNICO

 MATERIAL E OBSERVÁVEL

ÔNTICO

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Aqui uma viagem partindo da Terra em direção a última fronteira do Universo conhecido: local da radiação de fundo em micro-ondas, as quais são resquícios da grande explosão original, o Big Bang. [3] 

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O “cone-de-luz” representado no vídeo resulta de um problema observacional relativo à localização do planeta Terra na Via Láctea. Ou seja, como estamos dentro da Via Láctea, a qual é opaca à luz visível para grandes distâncias, não podemos saber o que existe para além dela quando olhamos numa direção paralela ao seu disco. Assim, nossa visão do Universo, está atualmente limitada às regiões dentro do cone. Ou seja, podemos saber muito sobre o que existe nas direções perpendiculares ao disco – sendo o hemisfério norte mais mapeado que o sul, daí a diferença de detalhes em cada lado do cone. É possível que no futuro possamos saber mais sobre os objetos para além do cone através de observações no infravermelho ou em micro-ondas, para os quais a galáxia é mais transparente.”

 Carlos Alberto de Oliveira Torres

Laboratório Nacional de Astrofísica

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cosmos

MATÉRIA – ANTIMATÉRIA: UMA CONCEPÇÃO DO UNIVERSO

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Aqui uma abordagem sobre cosmologia, ou seja, a origem de nosso Universo físico, o COSMOS, que nos surgiu como um insight na época da graduação em física na Universidade Federal do Ceará.

Hoje se especula que o nosso universo pode ser o “espelho” de um universo de antimatéria, que se estende no tempo antes do Big Bang.É a conclusão de uma equipe de físicos no Canadá.

Em nosso artigo, publicado originalmente no jornal QUANTUM, do Centro Acadêmico do Departamento de Física, UFC, em novembro de 1998, nós já sugeríamos algo semelhante.[4][5] 

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Mas, o mesmo não se deu com relação à MORAL, onde os valores morais se construíram e continuam estabelecidos com base na filosofia de Platão. Entretanto, sabemos que o conhecimento na área de humanas depende muito das medidas ontológicas fortemente subjetivas – isto por falta mesmo de provas materiais que podem ser mensuradas onticamente -,  assim, consequentemente, daí se gerou toda essa dependência, toda essa limitação ao platonismo. Ainda hoje, muitos sofrem as mais absurdas discriminações, preconceitos, etc., como consequência de tais valores platônicos.

Mas, incrivelmente – novamente por conta de uma outra medida ôntica -, relacionada agora com as dimensões na escala atômica, a tal dicotomia platônica ficou ameaçada de ser abandonada. Esta ameaça, entretanto, sim, está se concretizando e revolucionando a própria ciência e todos os valores humanos subsequentes. A Nova Física está reunificando aquilo que o Platonismo dicotomizou. [6]

O HOMEM É DIVINO, NATURAL E HISTÓRICO

 

Divino porque criação, Natural porque evolução e Histórico porque socialização. Em termos naturais, já fazem milhões de anos que a nossa herança genética está formada e, assim, o homossexualismo (lésbicas e gays), a bissexualidade, etc., são mais antigos que qualquer ideologia criada pelo homem. Sejamos, portanto, mais esclarecidos e honestos com relação a nossa sexualidade.

__________Rogério Fonteles Castro 

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oscuridade

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Aqui expressamos nossa indignação ante tais injustiças e o desrespeito ao ser humano provocado pela filosofia platonista. Neste sentido e, mais do que isto, para que o SER HUMANO seja pleno em nós, vislumbramos um novo PARADIGMA PSICOFÍSICO, no qual, desvelando a realidade que se esconde por trás do aparente, postula a unicidade como fundamento de tudo no Universo e a Existência como resultado da ESPACIALIZAÇÃO do tempo bergsoniano. 

Assim, através desse paradigma – tornados conscientes pontos fundamentais sobre o humano que habita em nós -, o “processo de individuação” – proposto por Jung -,  e a “harmonia entre os caminhos ascendente e descendente”  – proposta por Wilber -, são estabelecidos naturalmente possibilitando a existência de uma sociedade mais justa e fraterna. Enfim, o paradigma psicofísico proposto aqui – ÔNTICO e ONTOLOGICAMENTE -, favorece uma ampla visão do kosmos, envolvendo, então, suas dimensões física, emocional, mental e espiritual.

newtondacosta

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CIÊNCIA LÓGICA

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Newton da Costa nos ensina que a lógica PARACONSISTENTE é a lógica da Física Moderna e Contemporânea. [7]

Aqui, nosso paradigma PSICO-MATERIAL se fundamenta nesta mesma lógica.

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Ainda, mediante nosso modelo da realidade, tendo em vista as questões originadas pelas operações de MEDIDA envolvendo o INFINITO e o PRINCÍPIO DA INCERTEZA de Heisenberg, será possível dá conta de todos os problemas originados a partir de tais medidas: a Hipótese de Jung/Pauli, nascida da unificação da Física Quântica com a Psicologia Profunda, se mostrou como a mais coadunada com os fatos. 

 

ANGUSTIA

A CLAUSURA DO MUNDO

“A Dimensão Físico-Matemática, recortada do Mundo-da-Vida, é afirmada como Vida Concreta.”

Nesta imagem acima, bastante sugestiva, reflete-se a profunda angústia do SER HUMANO ante a perplexidade que o CIENTIFICISMO – alheio à dimensão espiritual -, provoca em sua EXISTÊNCIA. Disto, segundo Husserl, o fato é que o conceito positivista de ciência encostou todas aquelas questões que constituem os problemas últimos e supremos. A crise das ciências, pois, é “a queda da intencionalidade filosófica”, é a “queda do naturalismo”, é a redução da racionalidade à racionalidade científica. Assim, o “categorial”, isto é, as categorias científicas, substitui-se ao concreto, ao pré-categorial, vale dizer, ao mundo-da-vida. [9]

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pauli

mario

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Carl Jung e Nise da Silveira.

Wolfgang Pauli e Mário Schenberg.

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“Se o psicólogo, nas suas investigações através das camadas mais profundas da psique, encontra a matéria, por sua vez o físico, nas suas pesquisas mais finas sobre a matéria, encontra a psique.” 

____________NISE DA SILVEIRA

 

É preciso uma certa sensibilidade para o desconhecido; o cientista tem que estar sempre à beira do desconhecido. O cientista não é o homem que está no conhecido — este é o tecnólogo. E o que está à beira do desconhecido é o problema da vida. [84]

_______________MÁRIO SCHENBERG

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Mas, certamente, é através do diálogo de Pauli-Jung e a correspondente unificação da psicologia com a física, portanto, que, tornando possível a reintegração ao conhecimento da Natureza a dimensão espiritual, poderemos desenclausurar definitivamente o ser humano deste Universo eterno, frio e escuro, constituído somente de matéria.   

 

kkkkk

______DIAGRAMA 1_____

 

Em 1931, Wolfgang Pauli e Carl Gustav Jung se encontraram em Zurique. Pauli foi um dos grandes pioneiros da mecânica quântica e Jung fundou a psicologia analítica. Ambos gostavam muito da pesquisa que cada um desenvolvia, então, daí em diante mantiveram um diálogo de longa data e bem documentado sobre a relação entre a psique e a matéria. Aqui, nossa pesquisa se iniciou partindo da hipótese psicofísica de Jung e Pauli.  [55] [56] [78]

Agora, eis que, inexoravelmente, o grande desafio se encontra no DIÁLOGO INTERDISCIPLINAR/TRANSDISCIPLINAR que se processa entre a FÍSICA e a PSICOLOGIA: [22] [57] [80]

A Transdisciplinaridade é uma teoria do conhecimento, é uma compreensão de processos, é um diálogo entre as diferentes áreas do saber e uma aventura do espírito. A Transdisciplinaridade é uma nova atitude, é a assimilação de uma cultura, é uma arte, no sentido da capacidade de articular a multirreferencialidade e a multidimensionalidade do ser humano e do mundo. Ela implica numa postura sensível, intelectual e transcendental perante si mesmo e perante o mundo. Implica, também, em aprendermos a decodificar as informações provenientes dos diferentes níveis que compõem o ser humano e como eles repercutem uns nos outros. A transdisciplinaridade transforma nosso olhar sobre o individual, o cultural e o social, remetendo para a reflexão respeitosa e aberta sobre as culturas do presente e do passado, do Ocidente e do Oriente, buscando contribuir para a sustentabilidade do ser humano e da sociedade. [61]

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transdisciplinaridade

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Outro ponto fundamental imprescindível para situar e contextualizar nossa pesquisa cientifico-filosoficamente diz respeito ao papel da linguagem quando na construção do conhecimento. O texto, abaixo, na íntegra, DA “FILOSOFIA DA CONSCIÊNCIA” AO “GIRO LINGUÍSTICO”, de Jeferson Taborda, nos dá uma boa ideia da grande problemática e os desafios monstruosos com os quais aqui nos deparamos:

Vivemos atualmente num momento em que linguagem e discurso são recursos grandemente utilizados para as investigações das ciências humanas e sociais. Nem sempre foi assim. Sendo a ciência uma construção social, faremos uma breve incursão na história da Filosofia para identificarmos os principais motivos que vieram a fomentar este fenômeno, também denominado “giro linguístico”.

O giro linguístico foi um giro no sentido de ter sido uma mudança radical graças ao seu questionamento se a linguagem cotidiana é suficiente para explicar o mundo e a vida real” (IÑIGUEZ, 2004, p. 55). Segundo Ibañez (2004), desde o movimento filosófico inaugurado por Descartes, as principais discussões da ciência acerca das questões psicológicas focavam-se em modelos introspectivos. Partindo do pressuposto “penso, logo existo”, a ciência se convenceu que para conhecer o “mundo externo” devia-se perscrutar detalhadamente o “mundo interior”, ou seja, a razão era suficiente para explicar a realidade. Consolidava-se assim no domínio da ciência, a tão conhecida dicotomia corpo/alma proposta por Platão.

Por mais de dois séculos esta “filosofia da consciência” foi o principal palco dos debates científicos. Contudo, certos efeitos metodológicos e epistemológicos influenciaram diversos questionamentos de sua hegemonia.

A primeira grande ruptura foi decorrente do desenvolvimento da linguística estrutural de Ferdinand de Saussure, pai da linguística moderna. Seu impacto foi tão grande na ciência em geral, que além de influenciar as demais disciplinas, estimulou durante a década de 50, o surgimento do movimento chamado estruturalismo. Como próprio da ciência, não demorou muito para surgirem críticas antiestruturalistas.

Chomsky, elaborador da linguística generativa, foi um dos principais opositores do estruturalismo. No entanto, suas críticas acabaram por aumentar ainda mais o interesse pelos estudos linguísticos. A segunda poderosa mudança de paradigma frente ao cartesianismo teve início com a elaboração da teoria da quantificação (base da lógica moderna) proposta por Frege. Seus estudos propuseram a troca dos conceitos aristotélicos de sujeito e predicado pelos conceitos de argumento e de função. Nesta segunda vertente também são incluídos grandes filósofos como Russell, Wittgenstein e os neopositivistas do “Círculo de Viena” (IBAÑEZ, 2004).

Ibañez (2004) aponta que estas duas rupturas provocaram drásticas alterações na forma de conceber e praticar o conhecimento. Em primeiro lugar, evocou o deslocamento do estudo das ideias, de ordem introspectiva e privada, pelos estudos da linguagem, de ordem objetivada e pública. Em segundo lugar, promoveu a mudança da concepção de que não mais são as ideias que captam os objetos da realidade, mas sim que a própria linguagem as constrói.

Mesmo estas mudanças tendo contribuído para uma mudança profunda sobre a importância da linguagem para a ciência, os chamados “filósofos de Oxford” e particularmente o neopragmatista Rorty, foram ainda mais radicais. Suas principais críticas tiveram como alvo os projetos dos neopositivistas que procuravam, por meio do método científico, construir uma linguagem “lógica” e “pura”. As críticas anti-representacionistas, deslegitimaram este cientificismo ao igualarem a linguagem cotidiana como tão importante quanto a linguagem científica. A partir deste momento, a linguagem de passiva se transforma em ativa, isto é, ela não apenas representa, ela faz. Com a centralidade da linguagem nos processos sociais passando a ganhar muito mais importância, o desenvolvimento de perspectivas construcionistas foi grandemente estimulado, tanto nas ciências humanas quanto sociais (IBAÑEZ, 2004; SPINK, 2004). [83]

Ante a perspectiva das discussões sobre a filosofia da consciência no texto de Taborda, nosso trabalho busca aqui uma ontologia para a realidade psicofísica tendo em vista mesmo a dicotomia platônica. Não obstante, esta dicotomia, aparente, dada dialogicamente sob a perspectiva do “a priori da relação” proposto por Husserl, jamais ocorre, pois, vigora o que Bergson nos relata: ou seja, nossa análise engessa a realidade fluida, dinâmica, para se estabelecer o seu o nosso estudo. Todavia, mais importante que propriamente afirmar ou negar qualquer ontologia psicofísica, é reivindicarmos a existência de relações entre coisas e não o que sejam as coisas-em-si. Daí estabelecermos uma certa epoché requerida pelos fenômenos psicofísicos, semelhantemente ao que é proposto por Pylkkänen com relação aos fenômenos da Mecânica Quântica:

“Uma questão-chave na teoria quântica, desde o início, tem sido se é possível fornecer uma ontologia quântica das partículas em movimento do mesmo modo que na física clássica, ou se estamos restritos a permanecer dentro de uma visão mais limitada dos sistemas quânticos, em termos de fenômenos complementares, porém, mutuamente exclusivos. Em termos fenomenológicos, podemos descrever a situação dizendo que, de acordo com a interpretação usual da teoria quântica (especialmente a de Niels Bohr), os fenômenos quânticos requerem uma espécie de epoché (isto é, uma suspensão de pressupostos sobre a realidade ao nível quântico). No entanto, existem outras interpretações (especialmente as de David Bohm) que parecem restaurar a possibilidade de uma ontologia independente da mente no nível quântico. (…) Embora as interpretações ontológicas da teoria quântica sejam possíveis, a teoria quântica implica a necessidade de um certo tipo de epoché, mesmo para esse tipo de interpretação. Embora seja diferente da epoché ligado à descrição fenomenológica, a “epoché quântica”, no entanto, aponta um paralelismo potencialmente interessante entre fenomenologia e filosofia quântica.” ( Paavo Pylkkänen).

FRACTAL… GEOMETRIA DO CAOS

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Há, ainda, que se cuidar das dimensões fractais e das estruturas holônicas fundamentais à existência material e psíquica:

Um HÓLON (grego: holos , “todo”) que é algo, simultaneamente, um todo e uma parte, juntamente com os fractais – que Mandelbrot descreve como uma forma geométrica grosseira ou fragmentada que pode ser dividida em partes, cada uma das quais é (pelo menos aproximadamente) uma cópia de tamanho reduzido do todo -, cuidam do conteúdo e da forma do Universo, respectivamente. 

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____ATENÇÃO____

 

Como todo texto, o nosso artigo “KOSMOS: FISIOSFERA, BIOSFERA E NOOSFERA”, ganha VIDA ao ser lido, estudado e refletido por uma MENTE DESPERTA E DESEJOSA por CONHECIMENTO – nisto está caracterizada fundamentalmente a sua DINÂMICA. Entretanto, tal dinamismo se fará também aqui através de sua constante ATUALIZAÇÃO efetuada pela AMPLIAÇÃO OU CORREÇÃO DE DETERMINADOS ASSUNTOS.

Lamentamos e pedimos desculpas, dado as nossas limitações que ainda são muitas. Mas, acredito que valeu a pena  elaborar este texto.

Sim, salvo um ou dois, todos os diagramas são de nossa autoria, de tal forma que qualquer imperfeição é única e exclusivamente de nossa responsabilidade. 

Obrigado, pela visita! 

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POETICAMENTE FALANDO … DIZENDO SEM DIZER …

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“Os sonhos são tão negros quanto a morte.” 

Theodor W. Adorno

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… AQUI APRESENTAMOS O RELATO DE NOSSO SONHO.

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NOSSA VIAGEM COMEÇA AGORA … DEIXEMOS DE LADO NOSSOS PRECONCEITOS E ENTREMOS EM MEDITAÇÃO!!!!

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Capítulo 1

INFINITO E MOVIMENTO

Um problema de Medida na Matemática da Grécia Antiga

========SEGUNDA NAVEGAÇÃO========

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A história antiga dos gregos nos revela fatos muito importantes e incríveis da relação entre as conquistas matemáticas e os desenvolvimentos sócio-cultural e religioso para toda nossa civilização. Em particular, a descoberta dos incomensuráveis e sua devida análise estabelecida por Zenão de Eléia fez alavancar uma gigantesca onda de revoluções e de guerras nas quais o que estava em jogo era nada mais nada menos que o domínio de todos os povos sobre a Terra. Assim, o conhecimento da matemática passou de uma simples ferramenta de cálculo para algo que tornava possível estabelecer a verdade sobre tudo no Universo.

Neste sentido, buscando estabelecer um modelo racional do Cosmos, a base proposta pelos pitagóricos para o tal modelo de Mundo dos Gregos, se estabelecia a partir da ordenação matemática do mesmo. Mas, com a descoberta dos INCOMENSURÁVEIS, além da ruína total da escola pitagórica, provocou uma reviravolta na visão de mundo dos gregos. 

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A DESCOBERTA DOS INCOMENSURÁVEIS

Traçando as diagonias (ver figura acima) de um pentágono regular obtemos um pentagrama… mas no interior deste temos  outro pentágono, o qual, traçando  também suas diagonais, obtemos mais um pentagrama… e assim sucessivamente de modo que a figura é sem fim em seu interior.

Todavia, podemos  medir uma diagonal do pentágono, seja de AC, pelo lado ED simetricamente oposto; neste caso o quadrilátero ED’CD é um paralelogramo e portanto D’C = ED. Portanto, o lado ED ou D’C está contido uma vez na diagonal AC, ficando o resto AD’. Mas AD’ = C’A’ . Quando se mede C’A’ com D’E’ (que é o lado do pentágono interno), resta D’A’. Ora, continuando a rebater o “segmento resto das medidas” para dentro dos pentágonos internos, a relação se repete e o processo da “diminuição recíproca” continua sem fim… Foi este interessante resultado que chamou a atenção de Zenão que pôs fim ao domínio da Escola de Pitágoras. [8]

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Tal descoberta, entretanto, se deu simplesmente a partir da medida do segmento de reta correspondente à hipotenusa de um triângulo retângulo isósceles: como os gregos só conheciam os números racionais, ficaram perplexos diante da impossibilidade de se medir tal segmento.

Trabalhando em separado dos pitagóricos, Parmênides – um outro pré-socrático -, buscava compreender o Cosmos de uma maneira diferente: antes de mais nada, distinguia aquilo que era objeto puramente da razão – o que chamou de VERDADE – e o que era dado pela observação, pelos sentidos – o que denominou de OPINIÃO.

 TEMPLO DA DEUSA ATENAS

PARTENON foi um templo dedicado à deusa grega Atena, construído no século V a.C. na Acrópole de Atenas, na Grécia Antiga, por iniciativa de Péricles, governante da cidade. Aqui, uma oportunidade incrível de estar lá no século V a.C. e ter a mesma  visão de Parmênides, Zenão, Heráclito, os Pitagóricos, Platão, Aristóteles, Sócrates, Demócrito e de muitos outros, quando adentravam neste templo.

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Assim, contrapondo a RAZÃO à OPINIÃO, Parmênides abriu um novo debate de uma importância e alcance excepcionais, o qual, ainda hoje, tem gerado muita controvérsia no meio científico: as relações entre razão e a experiência, entre a teoria e a prática, entre o idealismo e o materialismo.

Importante dizer que, histórico-culturalmente,  na sociedade da Grécia Antiga, o conhecimento prático, manual, dado pela opinião, era praticado mais pela população ESCRAVA – a qual representava a maioria de toda a população na Grécia desta época – e, portanto, por isso mesmo, tal conhecimento era desprestigiado, desacreditado pelos cidadãos gregos; entretanto, o conhecimento dado pela razão, exercido apenas pelos cidadãos gregos – estes pertencentes, assim, à ELITE grega -, tinha mais importância e mais credibilidade devido exatamente ser praticado por esta classe social.

Ao existente, Parmênides reconhecia como verdadeiras as seguintes características: unidade, homogeneidade, continuidade, imobilidade, eternidade, donde tudo é SER; relega, então, para o vulgo da opinião, todos os outros atributos que porventura sejam contrários àqueles. Foi exatamente partindo das concepções de Parmênides e do fenômeno da incomensurabilidade, que Zenão de Eléia constatou, através da razão, a impossibilidade do movimento: a incomensurabilidade implicando o INFINITO, paradoxalmente, implicava também a imobilidade, o não movimento, a descontinuidade.

Porém, havia ainda Heráclito –  contemporâneo de Parmênides -, que, tomando por base a opinião, postulava que tudo no Cosmos é movimento, nada permanece imóvel, tudo muda, se transmuta, tudo é DEVIR.

MODERNIDADE LÍQUIDA

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“Você tem que criar sua própria identidade. Você não herda. Não apenas você precisa fazer isso do zero, mas você tem que passar sua vida (inteira), de fato, redefinindo sua identidade”

ZYGMUNT BAUMAN [10]

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É bom esclarecer, todavia, que os antigos gregos estavam ainda atrelados à concepção materialista do Cosmos, e foi simplesmente por conta disso que os esquemas de Parmênides e de Heráclito não conseguiram explicar o sensível. Ou seja, buscavam o entendimento do sensível partindo sempre do próprio sensível. Isto, então, provocaria uma grande perplexidade entre os gregos no que diz respeito à concepção do Universo.

Eis que chega Platão com a “segunda navegação”: enfrentando o problema da realidade e das aparências, da unidade ou pluralidade do ser, parte da teoria de Parmênides e consegue dar um novo rumo à questão da inteligibilidade do Universo através da descoberta da imaterialidade, do imaterial, do supra-sensível. Reconheceu, então, a existência de dois planos do ser: um, fenomênico e visível; outro, invisível e metafenomênico, captável apenas com a mente e, por conseguinte, puramente inteligível.

caverna

CADA UM CONSTRÓI A SUA PRÓPRIA PRISÃO
A CAVERNA DE PLATÃO
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A prisão é conforme às limitações impostas principalmente de dentro. Assim, para quebrarmos nossos verdadeiros grilhões, devemos antes de tudo, nos tornar conscientes da vastidão que é nosso mundo interior. Mas, para isto, é preciso muita coragem e humildade, pois as provações são aterradoras. Todavia, para aqueles que conseguirem vencer a si próprios e atravessarem a vastidão interior até chegar ao cume da montanha mais alta, tudo se tornará mais claro e a visão esplendorosa os libertará, e, os grilhões externos, de tão pouca importância que se tornaram, deixarão de existir.

______Rogério Fonteles Castro______
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“Existe, assim, um ponto fundamental da filosofia platônica de cuja formulação dependem por inteiro a nova disposição de todos os problemas da filosofia e o novo clima espiritual em cujo interior se colocam tais problemas e suas respectivas soluções, como já observamos. Esse ponto fundamental consiste na descoberta da existência de uma realidade supra-sensível, ou seja, uma dimensão supra-física do ser (de um gênero de ser não-físico), existência essa que a filosofia da physis nem mesmo vislumbrara. Todos os naturalistas haviam tentado explicar os fenômenos recorrendo a causas de caráter físico e mecânico ( água, ar,  terra, fogo, calor, frio,  condensação, rarefação etc.).

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DEUS
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Eu só poderia crer em um Deus que soubesse dançar.

______Nietzsche_______

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Platão observa que o próprio Anaxágoras, não obstante tenha atinado com a necessidade de introduzir uma Inteligência universal para conseguir explicar as coisas, não soube explorar essa sua intuição, continuando a atribuir peso preponderante às causas físicas tradicionais. Entretanto— e esse é o problema fundamental —, será que as causas de caráter físico e mecânico representam as “verdadeiras causas” ou, ao contrário, constituem simples “concausas”, ou seja, causas a serviço de causas ulteriores e mais elevadas? A causa daquilo que é físico e mecânico não será, talvez, algo não-físico e não-mecânico?

einstein

EINSTEIN 

MATEMÁTICA & FÍSICA QUÂNTICA

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Numa declaração positivista Heisenberg afirma: “Temos que lembrar que o que observamos não é a Natureza em si, mas a Natureza exposta ao nosso método de questionamento”. Para Einstein, “não se podia aceitar uma interpretação na qual o objeto principal da representação – a função de onda – não é real”. [51]

______Jim Baggott______

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Para encontrar resposta a esses problemas, Platão empreendeu aquilo que ele simbolicamente denomina a “segunda navegação”: na antiga linguagem dos homens do mar, “segunda navegação” se dizia daquela que se realizava quando, cessado o vento e não funcionando mais as velas, se recorria aos remos. Na imagem platônica, a primeira navegação simbolizava o percurso da filosofia realizado sob o impulso do vento da filosofia naturalista. A “segunda navegação” representa, ao contrário, a contribuição pessoal de Platão, a navegação realizada sob o impulso de suas próprias forças, ou seja, em linguagem não metafórica, sua elaboração pessoal. A primeira navegação se revelara fundamentalmente fora de rota, considerado que os filósofos pré-socráticos não conseguiram explicar o sensível através do próprio sensível.” [11]

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O caminho para CIMA e o caminho para BAIXO são um único caminho.


___________HERÁCLITO___________
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Enfim, com a distinção entre esses dois planos, o SENSÍVEL e o INTELIGÍVEL, parecia superada, “definitivamente”, a antítese entre Parmênides e Heráclito; ou seja,   a  verdadeira  causa que explica tudo não é algo sensível, mas inteligível. Platão denominou estas causas de natureza não física, essas realidades inteligíveis, usando o termo IDEIA que significa forma. Tinha fim, assim, a grande preocupação de Platão, o objetivo final de sua filosofia, pois havia obtido uma coisa que guardava identidade permanente e à qual o pensamento pudesse se prender: se a realidade sensível é fluente e, portanto, o contrário do permanentemente idêntico, voltemos-lhe as costas e refugiemo-nos do lado das Ideias.

Daí, firmando serem as coisas sensíveis nada mais que imagens ou cópias das formas, das ideias, a verdade não se poderia adquirir pelo exame do universo exterior sensível, por meio dos sentidos, mas apenas pelo pensamento puro, pela atividade da alma, isolada do corpo; aliás, este, não faz mais do que perturba-la, impedindo-a de pensar.

 

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CAMINHOS ASCENDENTE E DESCENDENTE

Entre eles há uma guerra declarada há quase dois mil anos, uma guerra às vezes cruel e amarga.

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O caminho ascendente é um caminho puramente transcendental e sobrenatural. É um caminho puritano, ascético e iogue; um caminho que tende a desprezar (e até mesmo negar) o corpo, os sentidos, a sexualidade, a Terra e a carne. Esse caminho busca a salvação em um reino que não é deste mundo, considera que o mundo manifesto é algo ruim ou ilusório, e sua única aspiração é escapar completamente dele. De fato, aqueles que sustentam essa abordagem – os ascendentes – frequentemente consideram aqueles que defendem a visão oposta – os descendentes – como se fossem enganados ou como se fossem maus. O caminho ascendente glorifica a unidade, não a multiplicidade; o vazio, não a forma; os céus, não a terra.

O caminho descendente, por outro lado, afirma exatamente o oposto. Este é um caminho essencialmente intra-mundano, um caminho que não glorifica a unidade, mas a multiplicidade. O caminho descendente enaltece a Terra, o corpo, os sentidos e a sexualidade; um caminho que chega até a identificar o Espírito com Gaia, a Terra e com o mundo do manifesto. É um caminho puramente imanente que rejeita toda transcendência. Para o descendente, de fato, toda forma de ascensão constitui a encarnação do mal. [12]

 ________Ken Wilber_______

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PLATÃO

O PRIMEIRO NIILISTA PARA NIETZSCHE

Aqui, Platão, como um personagem conceitual, dentre todos os nossos rivais, ele é possivelmente o mais perigoso! A razão é muito simples, Platão deu o pontapé inicial: instaurou e tornou hegemônico o modelo transcendente do pensamento! Com ele o niilismo toma rumos desastrosos e agourentos. Nós seguiremos seus passos como grande exemplo de niilismo negativo, que inevitavelmente desemboca no cristianismo e segue até nossos tempos. Toda a filosofia de Nietzsche começa pela crítica do platonismo e todo o seu esforço é por revertê-lo! [13]

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A ciência e a filosofia gregas, portanto, lendo na cartilha de Platão, impuseram-se, então, a partir do dobrar do século V para IV a.C., duas limitações:

Rejeição do DEVIR como base duma explicação racional do mundo; e, por consequência, a rejeição do manual e do MECÂNICO para fora do domínio da cultura.

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SEXUALIDADE


Hoje a sexualidade precisa ser vista de forma flexível e não engessada em estereótipos e padrões culturais. O julgamento, então, da opção sexual ou do modo como a sexualidade é vivida por alguém, somente é estabelecido através da compreensão das verdadeiras significações envolvidas: sendo, inexoravelmente, os arquétipos da Anima e do Animus, as pontes para a elevação psíquica.

_______Carl G. Jung_______

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Estas duas limitações, portanto, vão pesar duramente sobre as possibilidades de uma construção científica do Cosmos pelos povos gregos: ou seja, além da Matemática que – banindo o infinito de seus estudos -, impossibilitou o tratamento matemático de sistemas dinâmicos, do movimento, a Física, também – eliminando a experiência sensível de sua metodologia, como algo falho e sem valor de verdade -, tornou impossível o tratamento “objetivo e preciso” do devir, do real (é bom frisar que ao devir, está relacionado o infinito, e, ao mecânico, a experiência). Ainda, a Matemática passou a ser geometrizada; ou seja, a aritmética foi desprestigiada e passou a imperar a Teoria das Proporções de Eudoxo: exemplo maior disto são Os Elementos de Euclides.

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franz

VON FRANZ

Nas palavras de Marie Louise von Franz: “com o advento do CRISTIANISMO – o qual se deu incorporado às correntes de forças ascendentes do inconsciente -, ao desenvolvimento do HOMEM OCIDENTAL exigiu-se uma repressão da vida instintiva a fim de que a CONSCIÊNCIA melhor se diferenciasse… Uma vez obtida essa diferenciação dos opostos: Deus -Diabo, Bem – Mal, Instinto – Espírito -, que foi psicologicamente necessária ao afinamento da sensibilidade do homem ocidental, parece que muito lentamente se está preparando, nas PROFUNDEZAS DA PSIQUE, uma nova reaproximação entre opostos, reaproximação que se realiza, porém, num nível mais alto que aquele de sua primitiva coexistência. Nas produções do INCONSCIENTE vão se acentuando os sinais anunciadores de que se delineia uma futura coordenação de forças onde os INSTINTOS (o animal em nós) venham a ser integrados aos valores ESPIRITUAIS de nossa cultura”. [14] 

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Não obstante todo o desenvolvimento científico e filosófico causado pela discussão sobre o infinito, temos que o pensamento grego dominante aparece invadido pelo HORROR à TRANSFORMAÇÃO, e daí resultando o horror ao movimento, ao material, ao sensível, ao manual e também ao SENSUAL. O homem de elite rejeita o manual, o mecânico… o sexual,  e exalta o espiritual e a virtude, de cuja procura faz o fim máximo do homem.

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[…] Permanecei FIÉIS À TERRA com toda a força de vossa virtude! Sirvam ao sentido da terra o vosso amor dadivoso e o vosso conhecimento. A tanto vos rogo e a tanto vos conjuro. Não deixeis fugir a vossa virtude para longe das coisas terrestres e adejar as paredes da eternidade! Aí, houve sempre tanta virtude extraviada! Restituí, como eu, à terra, a virtude extraviada. Sim, restitui ao corpo e à vida, para que dê à terra seu sentido, um sentido humano. 

______Nietzsche, Zaratustra” de 1891.

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Como se pode constatar, além de descobrir o TRANSCENDENTAL (MUNDO DAS IDEIAS, ESPIRITUAL), PLATÃO postulou a cisão entre o ESPIRITUAL e o MATERIAL.

 

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LINGUAGEM

Áudio-táctil e Visual

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Os hemisférios CEREBRAIS são parecidos na forma externa, porém, possuem funções diferenciadas, o hemisfério esquerdo manifesta-se através do raciocínio e se expressa através da linguagem oral, e o hemisfério direito, o faz através da emoção e se expressa apenas através da linguagem visual (imagem, desenho).

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gutemberg

A GALÁXIA DE GUTENBERG

Nesta obra podemos perceber reverberações da dicotomia platônica a qual modernamente foi reafirmada por Descartes: na linguagem do coração – áudio-táctil, própria do homem primitivo -, a Natureza e o ser humano não estavam separados, viviam em profunda convivência; entretanto, com a criação da imprensa, a linguagem cerebral – visual, própria do homem esquizoide -, a Natureza é tornada profana e separada do ser humano.


Mas, hodiernamente, a linguagem áudio-táctil voltou a prevalecer sobre a linguagem visual:


“A civilização que traslada o BÁRBARO ou homem tribal do universo do ouvido para o da vista está agora em dificuldades com o mundo eletrônico (mundo estabelecido na primazia da linguagem áudio-táctil). Com a cultura tipográfica da palavra impressa, se confere ao homem uma linguagem de pensamento que o deixa completamente desarmado para enfrentar a linguagem de sua própria tecnologia eletromagnética.” [15]

______MARSHALL McLUHAN_____

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Segundo Pascal: “sem a fé cristã, seríeis, em face de vós mesmos, assim como a natureza e a história, um monstro e um caos” – nestas palavras, já bem distante do tempo da Grécia Antiga, verificamos ainda o horror ao movimento, ao DEVIR. E, situando-se no tempo, Nietzsche esclarece: “essa profecia cumprimo-la: depois que o século dezoito, débil e otimista, adornou e racionalizou o homem”.

Felizmente, a reaproximação e unificação dos opostos (a dicotomia postulada por Platão), se tornou possível como consequência da realização de uma nova MEDIDA agora realizada sobre um novo fenômeno material ao nível quântico. Tal reaproximação, portanto, se revelando na própria atividade científica, não deixa dúvidas quanto à veracidade dos fatos. Daí, a distinção dos dois planos do SER – o SENSÍVEL e o INTELIGÍVEL –, apresentar-se como uma diferenciação de um nível mais fundamental no qual se realiza a plenitude do HOMEM INTEGRAL. 

 

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Capítulo 2

A FÍSICA DESMATERIALIZOU A MATÉRIA

Um novo problema de Medida na Mecânica Quântica

========TERCEIRA NAVEGAÇÃO========

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FISICADIA

_______DIAGRAMA 2________

SEMÂNTICA, ONTOLOGIA, EPISTEMOLOGIA E METODOLOGIA DA FÍSICA


[…] quando nos perguntamos qual é o objetivo da ciência, isso não quer dizer “A ciência nos faz conhecer a verdadeira natureza das coisas?”. Quer antes dizer “Ela nos faz conhecer as verdadeiras relações entre as coisas?” [16] [48]

______________Poincaré_______________

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Os esforços dos antigos gregos, no sentido de solucionar a problemática entre heraclitianos e parmenidianos, não atingiu seu maior objetivo: qual seja, dar conta do Ser e do Devir de forma unificada e sistemática. Mas, isto desemboca inexoravelmente no atual PROBLEMA DA MEDIDA estabelecido pela Mecânica Quântica.

Foi visto que, quando da medida da hipotenusa do Triângulo Retângulo Isósceles, o Mundo Grego Antigo desabou; e isto se deu por causa da descoberta dos INCOMENSURÁVEIS e a consequente constatação do infinito nas medidas. Daí, a matemática grega incapacitada de lidar com tais medições, favoreceu a ruína da Visão de Mundo dos pitagóricos a qual era vigente naquela época.

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computador

HIPÓTESE DA SIMULAÇÃO

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Cada simbolo digital criado pelo mesmo programa é idêntico para todos os outros da mesma classe. Em termos de computação, objetos são simplesmente ”exemplos” de uma classe geral. O fato de que todos os objetos quânticos são idênticos em cada classe (fóton, elétron, etc) correlaciona-se com um equivalente digital, uma vez que em um mundo virtual cada objeto digital criado por um mesmo código permanece idêntico aos outros criados pelo mesmo código. Enquanto os objetos que nós vemos em nosso mundo tem propriedades individuais, os bits quânticos são todos construídos a partir de idênticas formas pressionadas. A hipótese de simulação sugere que este é o caso por que cada bit é criado pelo mesmo programa. Tomados em conjunto, tudo isto poderia constituir o que os tribunais referem como ”peso suficiente de evidência” favorecendo o idealismo e a hipótese de simulação sobre o materialismo. Quando coincidências continuam a se amontoar e a se combinar com poder explicativo, podem representar um argumento plausível muito forte, ou mesmo uma prova.

NICK BOSTROM, autor desta teoria, é um filósofo sueco da Universidade de Oxford conhecido por seu trabalho sobre risco existencial, o princípio antrópico, ética do aperfeiçoamento humano, superinteligência riscos, o teste de reversão e consequencialismo. Ele é PhD pela London School of Economics (2000). Em 2011, ele fundou o Programa Martin Martin sobre os Impactos da Tecnologia do Futuro, e atualmente é diretor fundador do Instituto do Futuro da Humanidade na Universidade de Oxford. [17] 

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Platão, porém, tentando por ordem na “casa”, fez nascer o mundo das Ideias; estabelecendo assim a dicotomia entre Idealistas e Materialistas, entre o SAGRADO e  o PROFANO.

Enfim, mostramos  que a medida geométrica da hipotenusa de um triângulo retângulo isósceles, gerou toda uma controvérsia tanto na matemática como nos valores culturais ocidentais. 

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ENTRELAÇAMENTO

ENTRELAÇAMENTO NO ESPAÇO – TEMPO

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“O mundo inteiro é um palco…”, escreveu Shakespeare, e os físicos tendem a pensar assim também. O espaço parece ser um pano de fundo para a ação de forças e campos que o habitam, mas o espaço em si não é feito de qualquer coisa, ou é? Ultimamente os cientistas têm começado a questionar esse pensamento tradicional e especular que o espaço  –  e sua extensão de acordo com a relatividade geral, o espaço-tempo  –  é na verdade composto de pequenos pedaços de informação. Estes pedaços podem interagir para criar o espaço-tempo e dá origem às suas propriedades, como o conceito da curvatura no espaço-tempo que origina a gravidade. [18]

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Todavia, hoje, novamente, por conta de uma problemática gerada pelas medidas da POSIÇÃO e do MOMENTO do elétron em dado experimento físico, temos uma nova reviravolta com relação à nossa visão de mundo fundada no Universo de Newton. Ou seja, a realidade ao nível atômico é segundo um novo paradigma dado pela MECÂNICA QUÂNTICA: na “interpretação de Copenhague”, mesmo a oposição tradicional entre idealismo e realismo não pode mais ser empregada e as teorias tradicionais do conhecimento fracassam. Ao nível dos quanta, portanto, no processo de medida, temos a problemática do observador (que mede) e do observado (o objeto medido): ou melhor, a dicotomia espírito/matéria, alma/corpo, observador/observado, iniciada com Platão e sacramentada por Descartes, está fadada ao fracasso. Então, de acordo com as conclusões de HEISENBERG – defensor genial da ortodoxia quântica – qualquer modelo explanatório que possamos construir da realidade só pode ter a finalidade duma melhor compreensão, representando apenas uma especulação. Os processos que se verificam no tempo e no espaço de nosso ambiente diário são propriamente o real e deles é feita a realidade de nossa vida concreta. Entretanto, “quando se tenta, diz Heisenberg, penetrar nos pormenores dos processos atômicos que se ocultam atrás desta realidade, os contornos do mundo objeto – real se dissolvem não nas névoas de uma nova imagem obscura da realidade, mas na clareza diáfana de uma matemática que conecta o possível (e não o “factual”) por meio de suas leis”. [8] 

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O BOSON DE HIGGS É INCRÍVEL, MAS NÃO É O RESPONSÁVEL PELA MAIOR PARTE DE MASSA DA MATÉRIA VISÍVEL DO UNIVERSO

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FLUTUAÇÃO DO VÁCUO QUÂNTICO MATÉRIA/ANTIMATÉRIA

 

O vacuo clássico é dito um espaço vazio, inerte e insensível a qualquer estímulo externo. O VÁCUO QUÂNTICO, porém, que se diz também um espaço sem matéria e radiação, é pleno de flutuações quânticas sensíveis a ESTÍMULOS EXTERNOS.

Se o vácuo absoluto realmente existisse, ele contrariaria o Princípio da Incerteza, de Werner Heisenberg. Isso porque os campos eletromagnéticos e gravitacionais seriam zero, o que equivale a dizer que a posição e a velocidade de uma partícula seriam iguais a zero. Ou seja, ambas estariam determinadas, contrariando o postulado do Princípio da Incerteza. Ao contrário do que se entende comumente, o vácuo é cheio de partículas potenciais, pares de matéria e antimatéria virtuais, que estão sendo constantemente criadas e destruídas. Elas não existem como entidades observáveis, mas exercem pressão sobre outras partículas (Efeito Casimir).

A criação de pares virtuais de partículas não viola a lei da conservação da massa/energia porque elas existem em intervalos de tempo muito pequenos, muito menores do que o tempo de Planck, de forma que não causam impacto nas leis macroscópicas. O vácuo quântico é o estado mais baixo de energia conhecido no universo (ao invés do que seria o Zero absoluto).

Se o átomo fosse do tamanho do Estádio de Futebol do Maracanã, seu núcleo seria do tamanho de uma “bolinha de gude” e os seus elétrons seriam “partículas de poeira”. Só que todo esse espaço restante não é totalmente vazio e sim ocupado por campos gravitacionais e eletromagnéticos, ou seja, por pequenas flutuações quânticas de energia do vácuo. Conforme The Weight of the World Is Quantum Chromodynamics, as partículas que formam o núcleo do átomo, os prótons e os nêutrons, são formados cada um por três quarks. Ocorre que esses três quarks juntos respondem apenas por 1% da massa de todo os prótons ou nêutrons. Entretanto, os glúons que mantêm os quarks unidos, existem devido às flutuações do vácuo quântico, ou seja, a matéria dita virtual é originada pelas flutuações de energia do vácuo quântico: mesmo que a massa dos quarks fosse eliminada, o massa do núcleo não varia muito, daí se configurando um fenômeno chamado de MASSA SEM MASSA.

O mecanismo de Higgs, então, é destinado a explicar a massa de tudo, certo? A resposta é não, pois, tal mecanismo responde muito mais pelas partículas fundamentais, sendo o caso, por exemplo, dos elétrons que derivam sua massa inteiramente da interação de Higgs. Entretanto, prótons e nêutrons, feitos de quarks, possuem, como vimos acima, outro mecanismo que explica suas massas: de fato, as massas dos quarks são tão pequenas que só representam cerca de 1% da massa do próton (e uma fração similar do nêutron). O resto da massa vem da energia no campo de glúons. Glúons são sem massa, mas há tanta energia no campo que, por E = mc² , se verifica uma quantidade significativa de massa em tal campo. Assim, desta energia, então, se gera a maior parte da massa dos nucleons e, portanto, a massa de praticamente tudo ao nosso redor. [19]

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ESPAÇO E TEMPO NA ESCALA DE PLANCK

 

Zenão de Eléia achava o movimento relativo paradoxal e ininteligível, Galileu, Newton & Cia, o consideraram óbvio e trivial, finalmente, Einstein corrigiu um equívoco fundamental na análise do óbvio. Para azarar ainda mais, já é claro para todos que as noções atuais sobre o movimento – relativo ou não – não podem ser estendidas para deslocamentos arbitrariamente pequenos. Ou seja, a Mecânica Quântica, considerada conjuntamente com a Relatividade Geral, limita muito a visão clássica de ESPAÇO e de TEMPO para escalas muito pequenas: assim, se não podemos mais entender o espaço e o tempo, não tem como entender o MOVIMENTO. Logo o movimento é ININTELIGÍVEL na ESCALA DE PLANCK. Nesta escala, as dificuldades apresentadas por ZENÃO para a descrição do movimento da ponta de uma flecha se transformam em um problema real: Zenão, o confuso, atirou no cachorro e acertou na codorna. [20]

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Solvay Physics Conference 1927

Nesta que foi talvez a mais famosa conferência, em 1927, sobre elétrons e fótons, a recém formulada teoria quântica foi discutida entre grandes gigantes da época: Albert Einstein e Niels Bohr (debate Einstein-Bohr). Dos 29 participantes, 17 possuíam ou receberiam o Prêmio Nobel. [44]

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Assim, a Física Moderna transformou-se em matemática! Na concepção de Heisenberg, aperfeiçoado o seu cálculo matricial sobre bases estritamente probabilísticas, cada átomo seria representado por uma matriz e o movimento dos elétrons no interior do átomo poderia ser representado por outra matriz. Logo, da especial circunstância de que a matéria parece reduzir-se ao mero cálculo matemático, estabeleceu que, pela primeira vez na História da Ciência, a IMAGEM fosse varrida por completo da Física. Com o cálculo de matrizes a matéria já não é partícula nem onda nem nenhuma outra coisa susceptível de descrição, mas aquilo que cumpre um puro esquema matemático regido pelos princípios de SIMETRIA. Em outras palavras, a Física Moderna DESMATERIALIZOU a matéria. [16]

É ao nível desta realidade desmaterializada, portanto, que almejamos demonstrar a UNIDADE subjacente a tudo no Universo. Desta constatação, surge um novo paradigma no qual a REALIDADE – aqui e agora -, é resultante da degeneração de ondas probabilísticas, representativas de todas as possíveis realidades, sendo tais realidades o PODER-SER aristotélico correspondente ao conceito de POTÊNCIA: mas o colapso é resultado da ação da CONSCIÊNCIA – correspondendo aqui ao ATO de Aristóteles – que como um portal no NADA, estabelece a divisão do SER em interior e exterior e, gerando a dicotomia psico-material, faz nascer a EXISTÊNCIA plasmada no Mundo Fenomênico, o DEVIR de Heráclito: 

“A manifestação de um fenômeno qualquer é equivalente a uma certa atualização, a uma tendência para a identidade, mas esta mesma manifestação implica uma contensão, uma potencialização de tudo o que esse fenômeno não é, em outras palavras, da não identidade. A potencialização não é uma aniquilação, um desaparecimento, mas simplesmente uma espécie de memorização do ainda não manifestado. O conceito de potencialização é uma tradução direta da situação quântica. Na teoria quântica, cada observável físico tem vários valores possíveis, cada valor tendo uma certa probabilidade. Então, uma medida poderia dar lugar a vários resultados. Mas, evidentemente, só um desses resultados será obtido efetivamente, o que não significa que os outros valores do observável em questão sejam despidos de todo caráter de realidade.” (LUPASCO). [2]

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POTÊNCIA E ATO

Aqui realizamos um breve estudo sobre os conceitos aristotélicos de potência e ato os quais são fundamentais para toda nossa pesquisa.

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A luz dos primeiros princípios e sobre a distinção do ser e do não-ser – concebe a inteligência outra distinção, relativa à composição do ser em potência e ato.

Entre os filósofos gregos, manifestam-se duas grandes correntes que respondem de forma antagônica a um dilema pretensamente extraído dos dados imediatos da experiência. Raciocinam assim: mostra-nos a experiência que o mundo está cheio duma pluralidade de seres e de seres que sofrem contínuas modificações. Ora, como a noção de ser é absoluta e o princípio de identidade nos afirma o que é, é, uma das duas: ou a pluralidade dos seres não passa duma ilusão e também a pluralidade das mudanças que apresentam – ou o ser propriamente dito não existe. Os eleatas (entre os quais sobressaem Xenofanes, Zenão, Parménides) optam pelo primeiro termo do dilema e negam a pluralidade e as mutações. Para eles, o ser é único, imutável. Quem não se recorda dos célebres paradoxos de Zenão contra a possibilidade da sucessão no tempo e no espaço? Por outro lado, a escola de Éfeso, com Heráclito, escolhe a posição diametralmente contrária: os sentidos atestam-nos que a pluralidade e as mutações existem; logo, posto com rigidez o dilema citado, há que excluir o ser fundamental e permanente; o universo é um conjunto de fenômenos passageiros e fugitivos, eterno fluir de aparências sob as quais será inútil procurar alguma coisa. Pantha rei – tudo passa, nada fica.

Aristóteles, porém – seguido por São Tomás, que adota e completa sua doutrina – resolve a questão pela descoberta do caráter sofístico do famoso dilema. O sofisma reside em opor o ser ao não-ser como os gregos o fazem. Nem tudo é ser ou não-ser. Há uma terceira hipótese a considerar, que se chamará o poder-ser. Vemos, diante de nós, coisas que não são ainda ou que já não são. Para dar uma imagem acessível: o arbusto de há anos tornou-se árvore agora. Deveremos dizer que a árvore de hoje era, há anos, um não-ser, ou um poder-ser? Não foi por acaso que a árvore surgiu do arbusto primitivo; foi porque nele estava latente a capacidade de se tornar árvore. Esta capacidade de vir a ser alguma coisa, de sofrer qualquer transformação – diminuição ou crescimento, por exemplo – é o que, na doutrina aristotélico, se chama potência. Mas para que o poder-ser se realize, é indispensável que outro fator intervenha; aquilo que é designado, na mesma doutrina, por ATO. Definir o ato – como?! Trata-se duma coisa indefinível, visto situar-se no começo de tudo. Teremos de contentar-nos em dizer que ato equivale a perfeição. Um ser em potência de qualquer propriedade ou qualidade, está ainda imperfeito. Pode ser, fazer, adquirir alguma coisa; ainda não é, não fez, não adquiriu. O ato vem completar o incompleto, determinar o indeterminado e, visto que é uma perfeição, só pela potência pode sofrer qualquer limite. Logo, na composição de todo o ser criado e mutável entram a potência e o ato; mas o ato, quando não condicionado pela potência, será ilimitado, imutável, perfeição pura. [21]

_______João Ameal________

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MECÂNICA QUÂNTICA E O REENCANTAMENTO DO MUNDO 

lupas

_________DIAGRAMA 3________

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Realismo  Clássico   e  Realismo  Quântico 


A verdadeira questão é a incompatibilidade entre realismo clássico e realismo quântico… O objeto clássico é localizado no espaço-tempo, enquanto o objeto quântico não está localizado no espaço-tempo. Este evolui num espaço matemático abstrato, governado pela álgebra dos operadores e não pela álgebra dos números… Na física quântica, a abstração não é apenas um meio de descrever a realidade, mas uma parte constituinte da própria realidade. [22]


_____Basarab Nicolescu___

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Assim, a Realidade, em sua integralidade não é senão uma perpétua oscilação entre a ATUALIZAÇÃO e POTENCIALIZAÇÃO. Não há atualização absoluta. Mas a atualização e a potencialização não bastam para uma definição lógica coerente da Realidade. O movimento, a transição, a passagem do potencial ao atual não é concebível sem um dinamismo independente que implica um equilíbrio perfeito, rigoroso, entre a atualização e a potencialização, equilíbrio este que permite precisamente essa transição. A Realidade possui, portanto, segundo Lupasco, uma estrutura ternária: toda manifestação da Realidade se dá através da coexistência de três aspectos inseparáveis em um todo dinâmico acessível ao conhecimento lógico, racional: Nível C (A e NÃO-A) e Nível Q (T – Terceiro Incluído).

Importante, agora, que desenvolvamos uma estrutura –  OBJETIVAMENTE EXISTENTE – que condiz com o “princípio do terceiro incluído” e que seja capaz de dar sustentação a um modelo da realidade no qual o SER e o DEVIR estejam integrados harmoniosamente: tal modelo consequentemente se estabelecerá como uma solução satisfatória à questão sobre a realidade do Universo que não foi resolvida nem pelos parmenidianos e nem pelos heraclitonianos. [2]   

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CIÊNCIA LÓGICA

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1 – As grandes teorias físicas; consistência, estruturas e modelos;

2 – A lógica subjacente a uma teoria. Lógicas clássicas e heterodoxas;

3 – A lógica da física atual. Quase-verdad

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LEI DA EXPLOSÃO

Quando se está a modelar uma realidade e se faz necessário associar teorias que  quando juntas explodem – ou seja, são incompatíveis -, não podemos usar a lógica clássica, devemos utilizar-se de lógicas que permitam a existência de proposições contraditórias (A e Não-A) sem explodir. Lógicas do tipo em que não vale a “lei da explosão” são as lógicas chamadas de paraconsistentes. Hoje, podemos afirmar que a lógica paraconsistente se diz a lógica da Física Moderna.[23]

 

_____Newton da Costa____

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FAZENDO

___________DIAGRAMA 4__________

 

EPISTEMOLOGIA DE BACHELARD: A FILOSOFIA DE DOIS POLOS DA FÍSICA MODERNA E CONTEMPORÂNEA

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REALISMO MATEMÁTICO

A possibilidade de qualquer Metafísica é negada pelos filósofos empiristas, positivistas e idealistas, que afirmam não conhecerem outra coisa a não ser os fenômenos. É afirmada, entretanto, pelos filósofos realistas que admitem que a inteligência é capaz de captar o ser no fenômeno e através dele, e que a razão, apoiando-se sobre os primeiros princípios, está capacitada para determinar as causas e os princípios do ser. Aqui, dando pois, por aceita, a solução realista do problema do conhecimento, nos defrontamos com o REALISMO MATEMÁTICO de Gaston Bachelard. [46]

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De nossas discussões até aqui, podemos dizer que a Física desmaterializou a matéria e, consequentemente, a Física se transformou em Matemática. Tal raciocínio, logicamente correto, se coaduna muito bem com a FILOSOFIA DE DOIS POLOS de Bachelard, pois, nesta filosofia, encontramos o REALISMO MATEMÁTICO, postulado pelo filósofo francês, no qual o conhecimento se origina e daí se aplica na explicação e determinação dos fenômenos naturais, ocorrendo assim uma inversão do VETOR EPISTEMOLÓGICO. Os conceitos físicos, então, na epistemologia bachelardiana, passam a se construírem através da dialética entre o racionalismo e o empirismo.   

No texto abaixo, de forma breve e simples, reunimos e desenvolvemos alguns conceitos teóricos relativos ao entendimento de nosso diagrama acima no qual abordamos esquematicamente a epistemologia bachelardiana.

O papel da física-matemática na epistemologia bachelardiana tem sido discutido por distintos pesquisadores; aqui, em nosso diagrama, é fundamental este aspecto físico-matemático.

Ontologicamente, a Física não busca conhecer em si os objetos de seu estudo, mas suas relações, as estruturas matemáticas na qual estão inseridos. Ignorando, assim, a realidade, a Física toma contato apenas com os fenômenos (o observável) a partir dos quais constrói seus conceitos. Tal posicionamento da ciência física, foi bastante influenciado pelo aforismo de Francis Bacon: Naturam renuntiando vincimus (pela renúncia vencemos a natureza): ou seja, somente quando renunciamos ao conhecimento do que seja a Natureza em sua essência, surge a possibilidade de elucidar seus mistérios e colocar suas forças a nosso serviço. A partir deste aforismo, então, se verifica o fortalecimento da tendência construtiva na ciência moderna. (…) Este método paradoxal, então, de penetrar nos segredos da Natureza mais e mais profundamente, renunciando a responder às questões que sempre tinham sido propostas, sempre se mostrou frutuoso. Justificando aí o ponto em que a maneira especificamente matemática de pensar desempenhou seu papel. A renúncia tem por consequência uma limitação de respostas possíveis sobre a Natureza, e, somente com esta limitação (a impossibilidade de dar diversas respostas), ela se deixa precisar matematicamente (BECKER, 1965).

A possibilidade de qualquer Metafísica, então, é negada pelos filósofos empiristas, positivistas e idealistas, que afirmam não conhecerem outra coisa a não ser os fenômenos. É afirmada, entretanto, pelos filósofos realistas que admitem que a inteligência é capaz de captar o ser no fenômeno e através dele, e que a razão, apoiando-se sobre os primeiros princípios, está capacitada para determinar as causas e os princípios do ser. Aqui, dando pois, por aceita, a solução realista do problema do conhecimento, nos defrontamos com o REALISMO MATEMÁTICO de Gaston Bachelard.

Não obstante, o realismo bachelardiano compactuando com o aforismo de Bacon, porém desenvolve o conhecimento científico através de uma dialética entre o racionalismo e o empirismo. Daí sua intuição, sempre comunicável em seus resultados, se situar em dois níveis distintos: há intuições sensíveis e intuições racionais. A intuição sensível corresponde à produção espontânea de imagens sugeridas pela ausência natural de explicação para o mundo que nos rodeia. Trata-se do conhecimento imediato daquilo que provém dos sentidos. As intuições sensíveis representam o estado de repouso da racionalidade e, por isso mesmo, precisam ser combatidas pelo pensamento racional rigoroso, precisam ser retificadas, cedendo lugar às intuições racionais. As intuições racionais se formulam na superação do imobilismo, revelam novos problemas e novas ideias, correspondem ao conhecimento imediato dos objetos da razão (LOPES, 1996). No diagrama fazemos a representação da intuição racional e sensível: a primeira, dada na direção do abstrato e, a segunda, dada na direção do concreto.

Epistemologicamente, a construção dos conceitos físicos se dá através da dialética entre o racionalismo e o empirismo, entre teoria e prática. Assim, a partir do momento em que se medita na ação científica, apercebemo-nos de que o empirismo e o racionalismo trocam entre si infindavelmente os seus conselhos. Nem um e nem outro, isoladamente, basta para construir a prova científica. Contudo, o sentido do VETOR EPISTEMOLÓGICO parece-nos bem nítido. Vai seguramente do racional ao real e não, ao contrário, da realidade ao geral, como o professavam todos os filósofos de Aristóteles a Bacon. Em outras palavras, a aplicação do pensamento científico parece-nos essencialmente realizante (BACHELARD, 1978).

(…) É, portanto, na encruzilhada dos caminhos que o epistemólogo deve colocar-se: entre o empirismo e o racionalismo. É aí que ele pode apreender o novo dinamismo dessas filosofias contrárias, o duplo movimento pelo qual a ciência simplifica o real e complica a razão. Fica então mais curto o caminho que vai da realidade explicada ao pensamento aplicado. É nesse curto trajeto que se deve desenvolver toda a pedagogia da prova, pedagogia que é a única psicologia possível do espírito científico. (…) A ciência, soma de provas e experiências, de regras e de leis, de evidências e de fatos, necessita, pois, de uma filosofia de dois polos. (BACHELARD, 1978). Exemplos práticos disto são o “salto da ideia” de Einstein e o conceito de “massa negativa” obtida por Dirac a partir de suas equações quântico-relativísticas do elétron.

A filosofia dialética, então, do “por que não?”, de dois polos, é a característica do novo espírito científico. Por que razão a massa não havia de ser negativa? Que modificação teórica essencial poderia legitimar uma massa negativa? Em que perspectiva de experiências se poderia descobrir uma massa negativa? Qual o caráter que, na sua propagação, se revelaria como uma massa negativa? Em suma, a teoria insiste, não hesita, a preço de algumas modificações de base, em procurar as realizações de um conceito inteiramente novo, sem raiz na realidade comum. (…) Deste modo a realização leva a melhor sobre a realidade. Esta primazia da realização desclassifica a realidade. Um físico só conhece verdadeiramente uma realidade quando a realizou, quando deste modo é senhor do eterno recomeço das coisas e quando constitui nele um retorno eterno da razão. Aliás, o ideal da realização é exigente: a teoria que realiza parcialmente deve realizar totalmente. Ela não pode ter razão apenas de uma forma fragmentária. A teoria é a verdade matemática que ainda não encontrou a sua realização completa. O cientista deve procurar esta REALIZAÇÃO COMPLETA. É preciso forçar a Natureza a ir tão longe quanto o nosso espírito (BACHELARD, 1978). [24]

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caruso

DESVELANDO A FÍSICA MODERNA

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“A Física Moderna é a única disciplina do curso de Física que realmente apresenta o aluno ao fazer científico, em toda sua complexidade e, às vezes, contradições. Hipóteses, modelos, erros, novos experimentos, novas ideias, reações às novas ideias, teorias revolucionárias com a da Relatividade e a da Mecânica Quântica. O modelo de Bohr, por exemplo, é incoerente, mas, como disse uma vez Einstein, “funciona”, o que pode sugerir uma realidade ainda desconhecida que de algum modo está contemplada nas bases contraditórias do próprio modelo. De fato, partindo de um conjunto de hipóteses, algumas contradizendo a Física Clássica, o físico dinamarquês consegue reproduzir a fórmula de Balmer para o espectro do átomo de hidrogênio, que antecipa a quantização da matéria e não só dá luz, como havia mostrado Planck e Einstein. Há que se mencionar ainda os exemplos de grandes cientistas que podemos colher do ensino da história da Física Moderna. Exemplos nos quais nossos jovens deveriam se espelhar. O trabalho sistemático de Robert Millikan (1868-1953) que o levou à medida da carga do elétron e seu aprimoramento nos 20 anos seguintes são dignos de destaque. Costumo dizer a meus alunos que se ele fosse bolsista de pesquisa do CNPq teria perdido a bolsa, negando-lhe, absurdamente, o status de grande físico experimental.” (FRANCISCO CARUSO). [35]

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DR. QUANTUM E O EXPERIMENTO DA DUPLA FENDA

A Física Moderna transformou-se em matemática! Na concepção de Heisenberg, aperfeiçoado o seu cálculo matricial sobre bases estritamente probabilísticas, cada átomo seria representado por uma matriz e o movimento dos elétrons no interior do átomo poderia ser representado por outra matriz. Logo, da especial circunstância de que a matéria parece reduzir-se ao mero cálculo matemático, estabeleceu que, pela primeira vez na História da Ciência, a IMAGEM fosse varrida por completo da Física. Com o cálculo de matrizes a matéria já não é partícula nem onda nem nenhuma outra coisa susceptível de descrição, mas aquilo que cumpre um puro esquema matemático regido pelos princípios de SIMETRIA. Em outras palavras, a Física Moderna DESMATERIALIZOU a matéria. [38]

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O PROBLEMA DA MEDIÇÃO

Experimento da Dupla Fenda

INTERPRETAÇÃO DA ORTODOXIA QUÂNTICA

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Agora, uma pequena introdução à Interpretação de Copenhagen da Mecânica Quântica, a qual serve de base a nossa proposta paradigmática relativa a realidade em que vivemos.

Analisando o experimento da dupla fenda, no vídeo acima, o Dr. Quantum adota um ponto de vista clássico, realista, na descrição do deslocamento do elétron ao longo de sua “trajetória” até encontrar a parede detrás, passando antes pelas fendas. Entretanto, a interpretação da mecânica quântica dada pela Escola de Copenhagen – a qual está fundada no anti-realismo (não realismo) dualista, baseado na exclusão mútua constituída pelo Princípio da Complementaridade de Niels Bohr -, reprova todo este exercício de imaginação, ou seja, a “trajetória” ou a “localização” do elétron no tempo e no espaço não é um observável.

Todo o vídeo, portanto, de acordo com a ortodoxia da mecânica quântica, nos serve apenas como uma forma pictórica de pensar sobre a realidade por trás dos fenômenos quânticos. 

Assim, “diz-nos HEISENBERG, quando se tenta penetrar nos pormenores dos processos atômicos que se ocultam atrás da realidade de nosso ambiente diário, os contornos do mundo objeto-real se dissolvem não nas névoas de uma nova imagem obscura da realidade, mas na clareza diáfana de uma matemática que conecta o possível (e não o ‘factual’) por meio de suas leis.” (OSCAR BECKER, 1965). 

A grosso modo, as várias interpretações existentes da Física Quântica se podem agrupar em apenas duas grandes correntes. Bohr, Heisenberg, Born e Wigner, são alguns dos nomes historicamente ligados ao que se convencionou chamar de interpretação de Copenhagen, porque Bohr trabalhava com seus alunos nessa cidade. Essa é considerada a interpretação oficial – ou ortodoxa – da mecânica quântica, por ser a usualmente encontrada nos livros textos, muito embora quase sempre de modo superficial, visto que a utilização prática da teoria não depende, em realidade, da sua interpretação. A escola de Copenhagen defende uma ruptura radical e revolucionária com os conceitos clássicos, com o que não concordam os integrantes da outra corrente, denominada interpretação clássica, e à qual estão historicamente ligados, Einstein, Schrödinger, De Broglie e Bohm.

As controvérsias sobre os fundamentos da mecânica quântica se intensificaram muito na década de 1970, especialmente em função do trabalho do físico escocês John Stewart Bell (foto abaixo, à esquerda de Martinus Veltman, discutindo física no CERN).

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bel

John Stewart Bell no CERN

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O trabalho de Bell, falecido prematuramente em outubro de 1990, aos 62 anos, representa a mais relevante contribuição aos debates sobre a natureza da realidade quântica feita nas últimas décadas. A situação atual é de relativa desordem, havendo uma enorme profusão de pontos de vista que, no entanto, podem ser razoavelmente enquadrados dentro das duas grandes interpretações. Mas, o nosso paradigma psicofísico, como já afirmamos, está fundamentado na interpretação da Escola de Copenhagen.

De acordo com os efeitos de interferência observados, não apenas a luz (fótons), mas os elétrons, nêutrons e mesmo átomos, que acreditávamos com certeza serem partículas, estão relacionados ao ‘problema da dualidade onda-partícula’, ou seja, os objetos do micro-mundo manifestam propriedades que são satisfatoriamente compreendidas fisicamente como ondas, em certos experimentos, e como partículas, em outros.

Contornando tal paradoxo, a escola de Copenhagen concluiu que os objetos não possuem propriedades intrínsecas, mas somente propriedades potenciais, que se manifestam apenas em um dado contexto experimental. Os objetos têm atributos tipo-onda e tipo-partícula, dependendo do experimento. De acordo com a interpretação de Copenhagen, então, não há significado em se fazer uma imagem física de um objeto entre a sua criação e sua detecção. Daí, a questão “por qual das fendas a partícula passou?” é uma questão inválida. Esse experimento foi provavelmente a razão principal que levou a escola de Copenhagen a assumir a posição não-realista. [25] [44] 

Basarab Nicolescu soluciona esta problemática de uma forma bem simples e clara: “A verdadeira questão é a incompatibilidade entre realismo clássico e realismo quântico. Ou seja, o objeto clássico é localizado no espaço-tempo, enquanto o objeto quântico não está localizado no espaço-tempo. Este evolui num espaço matemático abstrato, governado pela álgebra dos operadores e não pela álgebra dos números. Na física quântica, a abstração não é apenas um meio de descrever a realidade, mas uma parte constituinte da própria realidade.

Por fim, podemos dizer que a Mecânica Quântica, traduzida segundo a Escola de Copenhagen, fundamentalmente resgatou os conceitos de POTÊNCIA e ATO de Aristóteles. 

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MITO,  XAMANISMO  E  FÍSICA QUÂNTICA

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Aqui, no vídeo, “Mito, Xamanismo e Física Quântica”, o físico Fred Alan Wolf comenta sobre os paralelos entre a visão de mundo dos xamãs e as recentes descobertas da física quântica, e sobre como a ciência introduz os mitos na civilização ocidental.

De tais aspectos abordados por Wolf e de nossa análise sobre a DESMATERIALIZAÇÃO da matéria efetuada pela Física Quântica, se comprova que é ao nível desta desmaterialização que vislumbramos a unificação de toda a REALIDADE  e de todo o CONHECIMENTO. 

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Em “COLÓQUIOS CBPF FÍSICA, METAFÍSICA, MITOFÍSICA”, o físico Eduardo Viveiros de Castro faz um estudo sobre a Mitofísica, esta atualmente presente  na forma de lidar com o conhecimento da física moderna e seu ensino:

“O antropólogo Claude Lévi-Strauss observou, certa vez, que a ciência se afastou do mito há uns poucos milênios, mas que, desde o século passado, ciência e mito caminham para uma convergência ou reencontro por vias inesperadas. Disse ainda que o lugar da antiga sobrenatureza é hoje ocupado pela física contemporânea, cuja ontologia da natureza é tão incompreensível para os leigos que os físicos são obrigados a recorrer a parábolas (o gato de Schrödinger etc.) com um valor propriamente mítico, para dar uma ideia figurada de suas teorias e conjeturas. 

Tudo se passa de tal forma que temas como a expansão (ou não) do universo, os processos e objetos da mecânica quântica, os buracos negros, a energia escura, fossem o equivalente moderno da velha sobrenatureza dos povos antigos ou tradicionais.”

Através do colóquio de CASTRO, temos a oportunidade de, além de ampliar nossa visão, favorecer um melhor entendimento de nossa proposta paradigmática,  bem como também reforça os seus fundamentos.

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Este vídeo, nos chama a atenção para um ponto fundamental: os acontecimentos, ocorridos no século XVIII e XIX, resultado dos ideais positivistas que perpassavam aquele contexto histórico, foram consequência do modelo de conhecimento que mais se desenvolvia e recebia o prestígio da sociedade em geral. Tal conhecimento prático, desenvolvido pelas ciências naturais, se estabeleceu como função do crescimento tecnológico e científico por ele proporcionado. Infelizmente, por outro lado, as ciências humanas acabavam perdendo seu espaço. A promessa de progresso da humanidade que o positivismo científico trazia consigo, além de enfatizar o caráter “salvífico” das ciências naturais, não permitia o desenvolvimento ou incentivo das outras áreas do saber. A teoria de Charles Darwin (1809-1882), denominada evolução das espécies, surgiu como uma possível comprovação dos ideais postulados pelo positivismo comtiano, onde a esperança da humanidade de obter respostas sobre a origem de sua espécie não deveria estar mais depositada na religião, mas sim no conhecimento advindo das ciências naturais.

Aqui, semelhantemente a Husserl, ou seja, também inconformados com tal dicotomia, porém, diferentemente dele, buscamos na própria ciência física a unificação, a superação desta separação do conhecimento em ciências naturais e humanas.

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Fechando este capítulo, convidamos todos a refletir sobre os esclarecimentos de Eduardo Viveiros de Castro no vídeo do CBPF, onde este fala de seu ponto de vista materialista: se pode verificar que tal posicionamento, então, se apresenta insatisfatório ante toda a problemática dualista originada com o platonismo. Tendo em mente o pensamento de Heisenberg e a filosofia de Bachelard aludida acima, decidimos por uma modelagem da realidade psico-material na qual estabelecemos uma dialética entre o idealismo e o materialismo, entre o racionalismo e o realismo – algo semelhante mesmo à FILOSOFIA DE DOIS POLOS de Bachelard. Muito embora consideremos existente uma realidade ainda mais fundamental: o Unus Mundus, o qual corresponde ao terceiro incluído de Lupascu.

 

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Capítulo 3

REALIDADE UNITÁRIA

UNUS MUNDUS – CONSCIÊNCIA

PARADIGMA PSICOFÍSICO

MATÉRIA – ANTIMATÉRIA: UMA CONCEPÇÃO DO UNIVERSO

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KOSMOS: FISIOSFERA, BIOSFERA E NOOSFERA
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“KOSMOS é um antigo termo pitagórico, que significa o universo inteiro em todas as suas muitas dimensões – físico, emocional, mental e espiritual. Hoje, ‘Cosmos’, geralmente significa apenas o universo físico ou a dimensão física. Portanto, podemos dizer que o Kosmos inclui: a fisiosfera ou cosmos; a biosfera ou a vida; a noosfera, ou mente, as quais são todas manifestações radiantes do puro Vazio, e não são diferentes dele.” (KEN WILBER). [12]

Segundo Basarab Nicolescu, a verdadeira dificuldade na obtensão de um modelo que represente a REALIDADE INTEGRAL se encontra na incompatibilidade entre o REALISMO CLÁSSICO e o REALISMO QUÂNTICO, ou seja: o objeto clássico é localizado no espaço-tempo, enquanto o objeto quântico não está localizado no espaço-tempo. Este evolui num espaço matemático abstrato, governado pela álgebra dos operadores e não pela álgebra dos números. Na física quântica, a abstração não é apenas um meio de descrever a realidade, mas uma parte constituinte da própria realidade. Aqui representamos este espaço matemático abstrato através do MUNDO MATEMÁTICO DE PLATÃO. [22]

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A palavra “realidade” é uma das palavras mais ambíguas de todas as línguas do mundo. Todos nós acreditamos saber o que é a realidade, mas, se nos interrogarmos, descobriremos que há tantas acepções dessa palavra quanto habitantes sobre a terra. Não é, pois, surpreendente que inumeráveis conflitos agitem incessantemente os indivíduos e os povos: realidade contra realidade.

“O QUE É A REALIDADE?” – se pergunta Charles Sanders Peirce. Ele nos diz que, talvez, não haja nada que possa corresponder à nossa noção de “realidade”. Talvez seja a nossa tentativa desesperada de conhecer que engendre essa hipótese não justificada. Mas, nos diz ao mesmo tempo Peirce, se há verdadeiramente uma realidade, então ela deve consistir em que o mundo vive, se move e tem nele mesmo uma lógica dos acontecimentos que corresponde à nossa RAZÃO.

Faço minha a afirmação feita, em 1948, por Wolfgang Pauli, prêmio Nobel de Física e um dos fundadores da mecânica quântica: “(…) a formulação de uma nova ideia de realidade é a tarefa mais importante e mais árdua de nosso tempo”. Mais de 60 anos depois, essa tarefa ainda não foi cumprida. (BASARAB NICOLESCU).

Partindo das reflexões, dadas acima, por Barasab Nicolescu, apresentamos agora nossa formulação paradigmática que, como uma representação da realidade psico-material do Universo, foi fabricada juntando vários recortes de “tecidos” como numa “colcha de retalhos”, sendo cada retalho correspondente a um ponto de vista cientifico-filosófico específico: tudo numa harmonia reveladora, numa fusão de horizontes epistemológicos.

Assim, no vídeo acima, temos uma abordagem dinâmica do nosso diagrama psicofísico (insight), o qual corresponde a um modelo paradigmático da realidade na qual vivemos: tal construto, como um mapeamento das principais vias filosófico-científicas da história e seguindo uma lógica diagramática, se coaduna com a Hipótese de Carl Jung e Wolfgang Pauli da Psicologia Profunda, com a Quebra de Simetria do Tempo da Física Clássica, com a Filosofia de Dois Polos de Bachelard, com a Lógica do Terceiro Incluído de Lupasco, com a Teoria dos Hólons de Koestler, com a Teoria dos Sistemas Dinâmicos, com a Ontologia da Mente Bergsoniana, com a Fenomenologia de Husserl, etc., tendo, enfim, como fundamento estrutural a Interpretação Ortodoxa da Mecânica Quântica.

Mas, tentar mapear ou simplesmente apreender o inapreensível, é uma sedução consciente para a qual aponta a ciência: daí, aqui também se revelar esta mesma sedução. Confeccionando, então, nosso mapa, no “território” onde se dá as interconexões entre a psique e a matéria, estabelecemos uma estrutura e uma dinâmica para esta região objetivando a integração da psique e da matéria segundo os NÍVEIS DE REALIDADE estabelecidos em consonância com o princípio do terceiro incluído de Lupascu. [2]

Segundo afirma Kant, a METAFÍSICA DOGMÁTICA falando de espíritos, estabeleceu a relação deste com o corpo e sua influência imaterial sobre o material, todavia nunca utilizou uma prova consistente que confirme a existência de tais seres extra-sensíveis. Verificou, então, que este sistema filosófico está repleto de contradições envolvendo as realidades que são postulas e não busca de modo detalhado expor os dados que lhe são disponíveis para esclarecer suas teorias. Kant, então, resolveu empreender uma crítica à razão dogmática que, buscando provar tudo o que possa existir simplesmente por meio de inferências, despojou-se do recurso da experiência na efetivação de conceitos pensados e dados a priori como reais e existentes. Em sua crítica à metafísica dogmática, compreende que a explicação possível acerca da existência de seres espirituais, bem como o próprio mundo extra-sensível, escapa a uma especulação teórica, sendo, portanto, a razão prática a responsável pelos limites da razão e pela elucidação de um mundo espiritual. Em “Sonhos de um Visionário”, Kant trata da conexão entre as teses metafísicas e as fantasias de um senhor chamado Schwedenberg, um visionário, que afirmava ter acesso ao mundo espiritual do mesmo modo que a razão acreditava poder alcançar o mundo invisível. Nesta obra, se observa o tom irônico utilizado por Kant para salientar os vôos da metafísica dogmática em provar aquilo que não se pode constatar, sendo possível apenas postular.

Em 1781, portanto, buscando salvaguardar o conhecimento filosófico ante as disputas  entre racionalista e empiristas, o filósofo Immanuel Kant (1724-1804), “amante da metafísica”, publicou sua Crítica da Razão Pura, a partir da qual dividia o conhecimento humano em sensível e intelectivo – isto, como podemos constatar, já Parmênides havia estabelecido. Ainda, Kant vai negar à metafísica o conhecimento da coisa em si, sendo possível ao homem conhecer somente os fenômenos. Então, enquanto o conhecimento intelectivo está relacionado à lógica e ao julgamento, o conhecimento sensível, por sua vez está relacionado à estética e caracteriza-se como uma intuição, ou seja, um conhecimento imediato do mundo. Entretanto, aquilo que se apresenta à intuição não são os objetos em si, mas, as aparências deles. Kant usou o termo fenômeno para referir- se às aparências e númeno para referir-se às coisas em si. 

Aqui, portanto, tendo em vista a problemática envolvendo a metafísica dogmática e a respectiva crítica kantiana, na construção de nossa proposta paradigmática, ao mesmo tempo que buscamos estabelecer uma ontologia KOSMOLÓGICA – ou seja, postular metafisicamente a existência de uma dada realidade por trás dos fenômenos psicofísicos -, visamos também evitar o dogmatismo, pois, fundamentados nas condições postas pela estrutura natural da razão humana – a qual condiciona o poder de saber -, os conceitos e construtos representados aqui pelo diagrama psicofísico – nosso insight diagramático -, sendo instituídos como ideais da razão, se dizem legitimados epistemicamente. Por outro lado, concordamos com a ideia de Kant de que o númeno não é acessível ao conhecimento, de modo que toda ciência, para ser válida, precisa voltar-se para o campo dos fenômenos. Assim, também aqui, todo nosso trabalho, priorizando uma abordagem científico-filosófica dos objetos de nosso estudo, se ocupa dos fenômenos psíquicos e materiais e não de metafísica: a investigação se dará, então, segundo um enfoque científico abrangendo a mecânica quântica e a psicologia profunda, e um enfoque fenomenológico de acordo com Husserl e Heidegger. Daí, pelo lado científico, desceremos até a escala de Planck, onde psique e matéria se unificam, e pelo lado da fenomenologia, nos utilizaremos da EPOCHÉ husserliana, onde trataremos igualmente com os fenômenos psíquicos e materiais.

Mais precisamente, enfim, como uma tentativa de modelagem do KOSMOS, pode-se dizer que o nosso diagrama psicofísico – igualmente um mapa geográfico -, é, segundo o antirealismo da mecânica quântica, uma forma pictórica de pensar a realidade por trás dos fenômenos materiais e psíquicos ao nível quântico: “Heisenberg, defensor genial da ortodoxia quântica, afirmava mesmo que qualquer modelo explanatório que possamos construir da realidade só pode ter a finalidade duma melhor compreensão, representando apenas uma especulação. Portanto, à luz da ‘interpretação de Copenhagen’ (ou, da ortodoxia da mecânica quântica), da teoria dos quanta, mesmo a oposição tradicional entre ‘realismo’ e ‘idealismo’ não pode mais ser empregada e as teorias tradicionais do conhecimento fracassam. Assim, ‘diz-nos HEISENBERG, quando se tenta penetrar nos pormenores dos processos atômicos que se ocultam atrás da realidade de nosso ambiente diário, os contornos do mundo objeto-real se dissolvem não nas névoas de uma nova imagem obscura da realidade, mas na clareza diáfana de uma matemática que conecta o possível (e não o ‘factual’) por meio de suas leis’.” (OSCAR BECKER, 1965).

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UNUS MUNDUS

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RASCUNHO

_________DIAGRAMA 5_________

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Dando continuidade aos nossos estudos, introduziremos agora o conceito de Unus Mundus, considerado aqui como equivalente ao Vácuo Quântico da Física

O Unus Mundus, então, corresponde à realidade desmaterializada estabelecida pela Mecânica Quântica, como mostramos mais acima, e é sobre ele que almejamos demonstrar a UNIDADE subjacente a tudo no Universo.

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O fundo comum para a MICROFÍSICA e a PSICOLOGIA PROFUNDA é tanto física como psíquica, mas de natureza neutra, se constitui numa terceira coisa, que pode, no máximo, ser apreendida por especulações, já que em essência, é transcendental. Tal pano de fundo do nosso mundo empírico e psíquico, portanto, parece ser de fato o UNUS MUNDUS. (…) O fundo psicofísico transcendental corresponde a um “mundo possível” na medida em que certas condições que determinam a forma dos fenômenos empíricos são inerentes a tal fundo. (JUNG, C. G.). [47]

 

 

SONHOS, PORTAS DE ENTRADA

PARA O INCONSCIENTE

 

O pensamento de Jung coloriu o mundo da psicologia moderna muito mais intensamente do que percebem aqueles que possuem apenas conhecimentos superficiais da matéria. Termos como, por exemplo, “extrovertido”, “introvertido” e “arquétipo” são todos conceitos seus que outros tomam de empréstimo e muitas vezes empregam mal. Mas a sua mais notável contribuição ao conhecimento psicológico é o conceito de inconsciente – não (à maneira de Freud) como uma espécie de “quarto de despejos” dos desejos reprimidos, mas como um mundo que é parte vital e real da vida de um indivíduo quanto o é o mundo consciente e “meditador” do ego. E infinitamente mais amplo e mais rico. A linguagem e as “pessoas” do inconsciente são os símbolos, e os meios de comunicação com este mundo são os sonhos. [36]

__________JOHN FREEMAN___________

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O mundo psíquico objetivo, ou inconsciente coletivo, é, portanto, semelhante ao mundo físico objetivo, assim, tendo, ambos os mundos, estruturas objetivas, pode-se verificar suas atividades autônomas e independente da nossa vontade pessoal. Por exemplo, assim como o mundo físico objetivo serve como um impulso criativo para o desenvolvimento de nossas visões de mundo científica, a psique desenvolve e evolui porque a psique objetiva não é simplesmente só conteúdos conscientes reprimidos, mas tem uma atividade autônoma que é relativamente independente da nossa consciência pessoal. Porque essa atividade do inconsciente é relativamente autônoma, que muitas vezes se manifesta como uma compensação ou correção de nossos pontos de vista conscientes ou crenças.

Um dos tipos mais interessantes e dramáticas de compensação inconsciente é o fenômeno que Jung chama de SINCRONICIDADE. Sincronicidade é necessariamente significativo no sentido de que é uma forma de compensação inconsciente que serve para fazer avançar o processo de individuação. Distingue-se de outras formas de compensação inconsciente pelo fato de que a sincronicidade envolve uma conexão entre a experiência psicológica interior e experiências externas do mundo, onde a conexão é acausal no sentido de que a experiência interior não pode ter sido uma causa eficiente da experiência externa , ou vice-versa. Em suma, a sincronicidade é, uma ligação acausal significativo entre eventos internos e externos. Como o fenômeno de sincronicidade envolve uma coordenação acausal dos mundos internos e externos de uma maneira significativa, não é exclusivamente um fenômeno psicológico ou físico, mas é “psicóide” o que significa que de alguma forma essencialmente envolve tanto a psique como a matéria. Assim, Jung interpretou a sincronicidade como prova da existência de um nível extremamente profundo da realidade antes de qualquer distinção entre psique e matéria. Em outras palavras, os fenômenos de sincronicidade representam uma manifestação na consciência de estruturas psicóides presentes nas profundezas de uma realidade unitária transcendental que Jung chamou de unus mundus.

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 A Física Quântica constitui-se em uma “psicanálise” do Universo, onde o vácuo quântico é o seu inconsciente.

Luiz Felippe Perret Serpa

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A sincronicidade, então, revelou a Jung a existência objetiva do UNUS MUNDUS, o qual  não só mostra como a matéria está implicada nas profundezas da psique, mas também fornece uma estrutura para integrar a nossa compreensão da psique e da matéria. Neste contexto, tanto o mundo psíquico objetivo e o mundo físico objetivo estão enraizados em uma unidade comum nas profundezas da realidade. 

Tendo em vista a existência dessa unidade fundamental na base dos fenômenos psíquicos e físicos, é sugerido uma analogia entre a Física  Quântica e a Psicologia Profunda, de tal forma que a complementaridade onda-partícula na física quântica é paralela à complementaridade inconsciente-consciente em psicologia. Com efeito, tal como na realidade quântica onde a onda é aspecto não observado e a partícula o aspecto observado, na psique o inconsciente é o aspecto não observado e o consciente é o aspecto observado. Além disso, a onda é continuamente espalhada por todo o espaço, enquanto que a partícula tem uma localização limitada. Da mesma forma, Jung afirma que, a área do inconsciente é enorme e sempre contínua, enquanto que a área de consciência é um campo de visão limitado momentâneo.

A analogia vai ainda mais longe. A função de onda quântica representa probabilidades, em contraste com a partícula atualizada. Da mesma forma, as estruturas arquetípicas do inconsciente representam potencialidades fundamentais da manifestação psíquica, enquanto conteúdos conscientes são atualizações dessas potencialidades. Como von Franz explica, o que Jung chama de arquétipos, poderia muito bem ser chamado, para usar o termo de Pauli, “possibilidades primárias” de reações psíquicas.[26]

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INFORMAÇÃO E SINCRONICIDADE

a teoria do centésimo macaco

UNUS MUNDUS

 ÚNICO MUNDO PSÍQUICO E MATERIAL

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Era uma vez duas ilhas tropicais, habitadas pela mesma espécie de macaco, mas sem qualquer contato perceptível entre si. Depois de várias tentativas e erros, um esperto símio da ilha “A” descobre uma maneira engenhosa de quebrar cocos, que lhe permite aproveitar melhor a água e a polpa. Ninguém jamais havia quebrado cocos dessa forma. Por imitação, o procedimento rapidamente se difunde entre os seus companheiros e logo uma população crítica de 99 macacos domina a nova metodologia. Quando o centésimo símio da ilha “A” aprende a técnica recém-descoberta, os macacos da ilha “B” começam espontaneamente a quebrar cocos da mesma maneira. [27]

Não houve nenhuma comunicação convencional entre as duas populações: o conhecimento simplesmente se incorporou aos hábitos da espécie. Este é uma história fictícia, não um relato verdadeiro. Numa versão alternativa, em vez de quebrarem cocos, os macacos aprendem a lavar raízes antes de comê-las. De um modo ou de outro, porém, ela ilustra o conceito de sincronicidade de Carl Jung.

Um experimento envolvendo um fenômeno quântico ilustra uma possível explicação para tais fatos: a “Teoria do Centésimo Macaco” pode ser comprovada pelas pesquisas da brasileira Gabriela B. Lemos ( pós-doutoranda do Instituto de Óptica Quântica e Informação Quântica de Viena, na Áustria), o que implica uma comprovação também da sincronicidade.

Numa técnica de fotografia quântica, a cientista e sua equipe dispararam um feixe de laser verde para um cristal, que aniquila um fóton verde do laser e, no lugar dele, cria dois fótons gêmeos, um vermelho e outro infravermelho. “É como se fosse um gêmeo gordo e um magro”, explica ela. O fóton infravermelho é enviado em uma trajetória e atravessa uma placa de silício com a imagem de um gato. Já o fóton vermelho segue um caminho diferente: é refletido em um espelho e enviado para uma câmera fotográfica .

Para surpresa geral – até do famoso físico Albert Einstein, se estivesse vivo –, a câmera registrou a imagem do gato. “É como se eu iluminasse um objeto em um quarto e a imagem aparecesse em uma câmera que está em outro quarto diferente”, compara Gabriela. Este estudo da pesquisadora brasileira está fundamentado no fenômeno do emaranhamento ou entrelaçamento quântico.

Tendo em vista tudo acima, é justificável deduzirmos a existência do UNUS MUNDUS que foi postulado por Jung e Pauli, o qual representa a unificação da PSIQUE  com a MATÉRIA. Ontologicamente, tal existência gera vários questionamentos, entretanto, pode-se reivindicar no mínimo a sua existência objetiva – coisa igualmente o feita por Penrose com relação ao Mundo Matemático de Platão.  [28] [50]

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Isto sugere que o Unus Mundus por trás de ambos, psique e a matéria, é também um mundo contínuo de potencialidade, podendo mesmo sua natureza ser comparada com a do VÁCUO QUÂNTICO da física moderna. Confirmando isto, temos a superposição quântica, que é dada neste  mesmo vácuo, cujo princípio afirma que um sistema físico (como um elétron) existe simultaneamente em todos os estados teoricamente possíveis antes de ser medido. Ao ser medido ou observado, então, o sistema se mostrará em um único estado. Outro fenômeno quântico que corrobora tal semelhança do Unus Mundus com o Vácuo Quântico é o entrelaçamento quântico, o qual seria o correspondente quântico do fenômeno da sincronicidade descoberto por Jung.

Enfim, os fenômenos de sincronicidade, então, denotando que podem ocorrer “arranjos” incluindo fatos psíquicos e fatos da realidade externa testemunham em favor da hipótese da unidade psicofísica de todos os fenômenos. Daí, o conceito de UNUS MUNDUS, isto é, à ideia da identidade básica de matéria e psique. “Tudo que acontece, seja como for, acontece no mesmo único mundo e é parte deste” (Jung). Os inesperados contatos entre psicologia e física, ciências que parecem tão distantes, provocaram a aproximação e colaboração entre Jung e WOLFGANG PAULI, prêmio Nobel de física em 1945 por trabalhos concernentes à fissão nuclear. Juntos publicaram um livro que tem por título: INTERPRETAÇÃO DA NATUREZA E PSIQUE. [40]

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HÓLON

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Um hólon (holon forma neutra de ὅλος, holos “todo”) é algo que é simultaneamente um todo e uma parte. A palavra foi usada por Arthur Koestler em seu livro O Fantasma na Máquina (1967, p. 48) e a frase “para hólon é uma tradução grega da palavra latina universum, no sentido de totalidade, um todo:

“A primeira característica universal da hierarquia é a relatividade e decerto a ambiguidade entre os termos ‘parte’ e ‘todo’, quando aplicados a qualquer dos subconjuntos. Mais uma vez é a natureza óbvia desse aspecto que nos leva a não perceber as suas implicações. Uma “parte”, como geralmente usamos a palavra, significa algo fragmentário e incompleto, que não teria nenhuma existência por si mesmo. Por outro lado, um ‘todo’ é considerado como algo completo em si mesmo que dispensa qualquer explicação adicional. Mas ‘todos’ e ‘partes’ nesse sentido absoluto simplesmente não existem em lugar nenhum, no domínio dos organismos vivos ou das organizações sociais. (…) O que encontramos são estruturas intermediárias em diversos níveis e numa ordem ascendente de complexidade: subtodos que revelam, de acordo com a maneira pela qual os observamos, algumas das características comumente atribuídas aos ‘todos’ e algumas das características comumente atribuídas às ‘partes’.

Mas não há no nosso vocabulário uma palavra para expressar essas entidades com faces de Jano: falar de subtodos (ou subconjuntos, subestruturas, sub-habilidades, subsistemas) é estranho e monótono. Parece preferível cunhar um termo novo para designar esses nós da árvore hierárquica que funcionam parcialmente como todos ou em conjunto como partes, de acordo com o ângulo do qual os contemplamos. O termo que proponho seria HÓLON, do grego holos = todo, com o sufixo on  que, como em próton ou nêutron, sugere uma partícula ou parte. Simboliza também o elo que falta — ou melhor, a série de elos — entre a concepção atomística do behaviorista e a concepção holística do psicólogo gestaltista.” (KOESTLER)[29]

Um hólon, portanto, é um sistema (ou fenômeno) que é uma estrutura dissipativa auto-organizada em desenvolvimento composta de outros hólons cujas estruturas existem em um equilíbrio entre o caos e a ordem. Algumas vezes é discutido no contexto de sistemas abertos holárquicos auto-organizados (ou sistemas SOHO).

Um hólon é mantido pelo fluxo de matéria-energia e informação-entropia, sendo conectado a outros hólons, é, simultaneamente, um todo em si mesmo, estando aninhado dentro de outro hólon como parte de algo muito maior. O hólons variam em tamanho desde as menores partículas e cordas até multiversos, que inclui muitos outros universos. Indivíduos, suas sociedades e suas culturas são hólons de nível médio criados por meio da interação de forças que agem de cima para baixo e de baixo para cima. Em um nível não-físico, palavras, idéias, sons, emoções, qualquer coisa que possa ser identificada, são ao mesmo tempo parte de algo, e você pode ver que eles têm suas próprias partes, como o signo semiótico. [81] 

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FRACTAL

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A palavra “fractal” muitas vezes tem conotações diferentes para leigos, em oposição aos matemáticos, onde o leigo tem maior probabilidade de estar familiarizado com a arte fractal do que com o conceito matemático. O conceito matemático é difícil de definir formalmente, mesmo para os matemáticos, mas as principais características podem ser entendidas com pouca base matemática.

Na matemática, um fractal é um subconjunto de um espaço euclidiano para o qual a dimensão de Hausdorff excede estritamente a dimensão topológica . Os fractais são encontrados de forma onipresente na natureza devido à sua tendência de parecerem quase iguais em diferentes níveis, como é ilustrado nas fotos acima que representam ampliações sucessivas do conjunto de Mandelbrot.

Os fractais exibem padrões semelhantes em escalas cada vez menores, também conhecida como simetria em expansão ou simetria desdobrada. Se esta replicação é exatamente a mesma em todas as escalas é chamada afim auto-similar. 

(…) Uma maneira de os fractais diferirem das figuras geométricas finitas é a maneira como eles são dimensionados. Dobrar os comprimentos das arestas de um polígono multiplica sua área por quatro, o que é dois (a proporção do comprimento do novo para o lado antigo) elevado à potência de dois (a dimensão do espaço em que o polígono reside). Da mesma forma, se o raio de uma esfera é dobrado, seu volume é escalonado por oito, que é dois (a razão entre o novo e o antigo raio) e a potência de três (a dimensão em que a esfera reside). No entanto, se os comprimentos unidimensionais de um fractal forem todos duplicados, o conteúdo espacial do fractal será dimensionado por um poder que não é necessariamente um inteiro. Esse poder é chamado de dimensão fractal do fractal, e geralmente excede a dimensão topológica do fractal. [82]

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REALIDADE

HOLÔNICA E FRACTAL

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Como demonstrado acima, um hólon (grego: holos , “todo”) é algo que é simultaneamente um todo e uma parte. Assim, podemos afirmar que hólons são unidades de FRACTAIS, os quais se definem como padrões geométricos do Universo que se repetem exatamente da mesma forma desde o micro até o macro e vice-versa.

Da afirmação de Nise da Silveira: “se o psicólogo, nas suas investigações através das camadas mais profundas da psique, encontra a matéria, por sua vez o físico, nas suas pesquisas mais finas sobre a matéria, encontra a psique”, deduzimos, portanto, que é ao nível mais fundamental da matéria e da psique que alcançamos a identidade entre a psique e a matéria, ou seja, é aí que alcançamos a unificação das realidades psíquica e material. 

Tal realidade unificada, enfim, constituidora do MUNDO FENOMÊNICO, está regida na sua construção – desde o micro até o macro, desde o interior até o exterior -, por padrões geométricos de fractais organizados estruturalmente de forma holônica. 

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CONSCIÊNCIA: AS DUAS FACES DE JANUS (DEUS DOS PORTAIS)

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Janos

_________DIAGRAMA 6________

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O  deus romano Janus, tinha duas faces, uma olhando para a frente e outra para trás – simbolizando o futuro e o passado. Janus é um deus de origem pré-latina e muito cultuado pelos romanos, ele é um deus que representa a dualidade, é o porteiro celestial, deus dos portais.

No diagrama, fundado nas características sui generis do deus Janus, as faces se dizem uma “olhando para dentro” e a outra “olhando para fora“: paradoxalmente, a partir dessa simetria, eis que surge a CONSCIÊNCIA em nós como um Portal no Nada.

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TRÊS ESFERAS ONTOLÓGICAS DO SER

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O HOMEM, tomando por base o PRINCÍPIO DO TERCEIRO INCLUÍDO, se constitui fundamentalmente de três NÍVEIS DE REALIDADE 

DIVINA, NATURAL E HISTÓRICA

Criação de Deus, Produto da Evolução Natural e do Processo Histórico [72]

 

_____Rogério Fonteles Castro____

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Conceito problemático, a consciência é de fundamental importância quando da medida realizada em certas experiências envolvendo os fenômenos quânticos. Abaixo, Amit Goswami nos esclarece alguns pontos importantes: 

“Um Deus onipresente que produz o colapso da função de onda não resolve o paradoxo da medição, contudo, porque podemos perguntar: em que ponto a medição está completa, se Deus está sempre olhando? A resposta é de importância crucial: A medição não está completa sem inclusão da percepção imanente. O exemplo mais conhecido dessa percepção é, claro, o do cérebro-mente do ser humano.

Quando é que a medição está completa? Quando a consciência transcendente ocasiona o colapso da função de onda através de um cérebro-mente que observa com percepção. Esta formulação concorda com a observação do senso comum, de que jamais há experiência de um objeto material sem um concomitante objeto mental, tal como o pensamento de que vejo este objeto, ou, sem isso, pelo menos tenho percepção da sua existência.

Notem que temos que estabelecer uma distinção entre consciência com e sem percepção. O colapso da função de onda ocorre no primeiro caso, mas não no último. Consciência sem percepção é, na literatura psicológica, referida ao inconsciente.

Obviamente, há um tanto de círculo vicioso na opinião de que a percepção imanente é necessária para completar a medição, uma vez que, sem a conclusão da medição, não poderá haver percepção imanente. Percepção ou medição, qual vem em primeiro lugar? Qual a causa primeira? Estamos por acaso entalados com o dilema de quem nasceu primeiro, se a galinha ou o ovo?

EVOLUÇÃO E CONSCIÊNCIA

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O “novo paradigma da evolução”, vislumbrada no monólogo do vídeo acima – estando para além da evolução darwinista – , se insere muito bem nos raciocínios de MD Magno quando nos descreve a psique humana. Mas, esta nova evolução descrita no filme Waking Life, estando centrada no indivíduo, nos remete ainda à subjetividade: ou melhor, à “filosofia fenomenológica da mente”. Segundo Everaldo Cescon, em tal filosofia, a subjetividade é o ponto de partida, tanto no plano lógico ou epistemológico, como no metodológico, para que se possa compreender o que seja a MENTE, ou CONSCIÊNCIA. Ainda, conforme a filosofia fenomenológica, os experimentos e as hipóteses científicas remetem sempre e em última instância à ‘experiências subjetivas’ ou ‘intersubjetivas’. Assim, até mesmo a própria existência de uma realidade externa é um postulado da subjetividade. Daí se questionar: como podem, pois, as descrições externas, científicas, em terceira pessoa, dar conta da subjetividade se têm a sua origem e o seu fundamento nela?[30] [49]

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Há uma história sufista com um sabor semelhante. Certa noite, o Mulla Nasruddin estava andando por uma estrada deserta quando notou uma tropa de cavaleiros aproximando-se. O Mulla ficou nervoso e começou a correr. Os cavaleiros, vendo-o em fuga, partiram em sua perseguição. Nesse momento, o Mulla ficou realmente amedrontado. Chegando ao muro de um cemitério e, impelido pelo medo, saltou por cima, descobriu um caixão vazio e deitou-se nele. Os cavaleiros, tendo visto que ele saltara o muro, seguiram-no, entrando no cemitério. Após uma pequena busca, encontraram-no, olhando-os medrosamente.

— Algum problema? — perguntaram os cavaleiros. — Podemos ajudá-lo em alguma coisa? Por que o senhor está aí?

— Bem, esta é uma longa história — respondeu o Mulla. — Para resumir, estou aqui por causa de vocês e estou vendo que vocês estão aqui por minha causa.

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A POSSIBILIDADE DE UMA

“NEUROCIÊNCIA
QUÂNTICA”

SEGUNDO ROGER PENROSE
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O artigo expõe os elementos fundamentais da “interpretação Penrose-Hameroff” sobre o colapso da função de onda, um fato do modelo padrão da mecânica quântica, que os autores introduzem na neurofisiologia através da chamada “teoria da redução objetiva orquestrada”. A consciência segundo este postulado é uma abordagem inovadora que abre novas vias de investigação na disciplina incipiente da “nano-fisiologia”, com importantes contribuições à questão mente-cérebro e às neurociências em geral. [31]


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Se estamos engasgados com uma única ordem de realidade, a ordem física das coisas, então temos aqui um autêntico paradoxo, para o qual não há solução dentro do realismo materialista. John Wheeler chamou o círculo vicioso da medição quântica de “um circuito de significado”, descrição esta muito sutil, mas a pergunta que importa é a seguinte: quem interpreta o significado? Só para o idealismo é que não há paradoxo, porquanto a consciência atua de fora do sistema e completa o circuito do significado.” [32]

Como podemos observar, a consciência segundo Amit Goswami, é conforme a definição dada pela fenomenologia de Husserl: afirmava este que não existe consciência sem objeto, da mesma forma que o oposto é verdadeiro. As expressões conhecidas: “Toda consciência é consciência de algo” e “O objeto é sempre objeto para a consciência”, expressam o princípio da intencionalidade de Husserl, postulado básico de sua fenomenologia. A consciência, então, está sempre se posicionando para algo que não é ela própria, pois, ela em si mesma não é nada (Sartre). [33]

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INCONSCIENTE

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O inconsciente é pura natureza e, por isso, o que está por trás do funesto primeiro plano é um facto natural, além do bem e do mal. Depende sempre da compreensão humana se o conteúdo arquetípico do inconsciente toma um rumo favorável ou nefasto. [63]

_______C.G. Jung______

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Abaixo, nas palavras de Merleau Ponty, fica explicitado o movimento da consciência para fora de si:

“Eu sou a FONTE ABSOLUTA, minha experiência não provém de meus antecedentes, de meu ambiente físico e social, ela caminha em direção a eles e os sustenta, pois sou eu quem faz ser para mim (e portanto ser no único sentido que a palavra possa ter para mim) essa tradição que escolho retomar, ou este horizonte cuja distância em relação a mim desmoronaria, visto que ela não lhe pertence como uma propriedade, se eu não estivesse lá para percorrê-la com o olhar. (…) Este movimento é absolutamente distinto do retorno idealista à consciência, e a exigência de uma descrição pura exclui tanto o procedimento da análise reflexiva quanto o da explicação científica.” [34]

Ante tais propriedades categoriais husserlianas, a CONSCIÊNCIA pode ser dita equivalente ao ATO de Aristóteles: “Definir o Ato – como?! Trata-se duma coisa indefinível, visto situar-se no começo de tudo. Teremos de contentar-nos em dizer que Ato equivale a perfeição. Um ser em potência de qualquer propriedade ou qualidade, está ainda imperfeito. Pode ser, fazer, adquirir alguma coisa; ainda não é, não fez, não adquiriu. O Ato vem completar o incompleto, determinar o indeterminado e, visto que é uma perfeição, só pela potência pode sofrer qualquer limite. Logo, na composição de todo o ser criado e mutável entram a Potência e o Ato; mas o Ato, quando não condicionado pela Potência, será ilimitado, imutável, perfeição pura”.

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KUNDALINI

Na visão de Ken Wilber

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De acordo com a disciplina da kundalini ioga (e totalmente independente de confirmação da psicologia ocidental), a humanidade contém de fato todos os níveis mais elevados de consciência como um potencial genuíno, um potencial conhecido em termos genéricos como “energia kundalini”, que parece jazer dormente, adormecido, no inconsciente (o inconsciente essencial) de todos os homens e mulheres. E o estado mais baixo da kundalini – o estado no qual ela inicialmente dorme, aguardando chegar a níveis mais altos – é sempre representado por uma serpente (chamado aliás de “a energia da serpente”), enrolada na base da coluna vertebral humana, o “chakra” inferior. Isso significa simplesmente que o potencial humano para a consciência mais elevada começa no ponto mais baixo do seu ser, no primeiro chakra, o centro dos impulsos materiais, pleromáticos, alimentares, de sobrevivência básica (o primeiro chakra representa alimento e matéria física). A partir desse estado inferior (chakra), a energia da serpente (a consciência propriamente dita) evolui ou desperta para centros de conscientização sucessivamente mais elevados, movendo-se precisamente pelos níveis do Grande Ninho do Ser, do estado material ou natural mais baixo(2) em direção ao centro do cérebro-mente(3), até os estados verdadeiramente superconscientes(4). Desse ponto de vista, a evolução da consciência é a evolução para cima da energia da serpente e, de acordo com os textos da tradição kundalini, essa energia, em seu ponto de partida primitivo, é exatamente representada pelo uroboro, a serpente do Éden. Além disso, a serpente-uroboro não é vista como um simples símbolo arbitrário, mas como uma representação literal da forma verdadeira do estado inferior do inconsciente essencial, uma forma vivamente desvelada nas disciplinas meditativas da kundalini ioga e universalmente reconhecida por todas as disciplinas semelhantes – uma afirmação que considero, em geral, perfeitamente sustentável. [37]

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Assim, a CONSCIÊNCIA em HUSSERL, como o ATO DE ARISTÓTELES: age e se complexa ao infinito e em todos os níveis de realidade; sendo a consciência não um lugar, tal como uma caixa que abriga conteúdos mentais, conforme a concepção wundtiana, mas uma espécie de MOVIMENTO PARA FUGIR DE SI MESMA, um escape para fora de si, o qual faz nascer a EXISTÊNCIA. A consciência, portanto, é dita um partir em direção às coisas que a ela aparecem como fenômenos, sendo que qualquer que seja o objetivo da consciência, ele está sempre fora da consciência porque é transcendental. Sujeito e objeto passam a ser Um, e o SER revela-se através do ato de CONHECER. Mas, a CONSCIÊNCIA, como um simples ato, jamais se confunde, seja com o objeto, seja com o sujeito, pois é TRANSCENDENTAL.

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PARADIGMA PSICOFÍSICO

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________DIAGRAMA 7________

Fig 14 - Nise da Silveira e C. G. Jung.tif

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Segundo Tourinho (2014) as críticas de Husserl ao psicologismo apontam que o erro deste está na sua pretensão de tentar fundamentar as leis da lógica na psicologia, tomando as puras leis do pensamento em termos de leis causais da Natureza. O erro psicologista é a confusão entre os domínios do real e do ideal no que tange ao pensamento, pois ao restringir a legalidade a ele aplicada, aos termos de leis psicofísicas ignora-se a dimensão ideal que sustenta a possibilidade de fundamentação do conhecimento. A intenção psicologista de fundamentar o conhecimento a partir do viés empírico, interpretando a consciência como domínio factual natural, que faz com que o movimento caia na confusão acima mencionada teria por consequência, segundo Husserl, o encobrimento da dimensão intencional da consciência enquanto doadora de sentido e, ainda, o fado da condenação do pensamento a um relativismo cético. 

Em nosso Diagrama 7, não fazemos a confusão psicologista descrita acima por Husserl. Partindo do conceito de Unus Mundus de Jung/Pauli, tanto a psique como a matéria são regidas pelas mesmas leis naturais ao nível deste mundo. As leis lógicas (ideais), por outro lado, estão resguardadas no Mundo Matemático de Platão, podendo então modelar matematicamente tanto a psique como a matéria, formulando-se assim leis psíquicas ou leis físicas, ambas ditas leis naturais.  

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Na TRADIÇÃO FILOSÓFICA OCIDENTAL, o Ser é concebido como simplesmente dado: visto que o ser se manifesta no ente, vem sendo compreendido como um ente entre outros entes. Ao entificar o Ser, o modo de interrogar da tradição, pressupõe nele um caráter de imutabilidade e de essência fixa passível de ser encontrada ultrapassando-se a aparência. Tais pressuposições atribuem-lhe uma substancialidade que restringe seu caráter.

No pensamento tradicional, portanto, o Ser tomado como COISA EM SI, expressa um caráter estático. Em nossa proposta paradigmática, entretanto, buscando dá conta do SER de Parmênides e do DEVIR de Heráclito, construímos um modelo da realidade fundado na Hipótese Psicofísica de Carl Jung e Wolfgang Pauli, cujo caráter dinâmico – permutação incessante do ser, do não-ser e do poder-ser -, se estabelece partindo-se do conceito de TEMPO em Bergson – a “duração pura” ou DURÉE -, e se utilizando do conceito de POTÊNCIA e ATO de Aristóteles. Tal modelo, como já foi citado aqui, soluciona satisfatoriamente as questões originadas com as operações de “medidas geométricas” envolvendo o INFINITO e as “medidas de posição e momento” de um elétron envolvendo o PRINCÍPIO DA INCERTEZA de Heisenberg. [45]

Aqui, por dedução de tudo que estudamos acima, tal como o UNUS MUNDUS unifica a Psicologia com a Física, o MUNDO MATEMÁTICO DE PLATÃO unifica a Matemática com a Física: daí postularmos, então, uma equivalência entre o Unus Mundus e o Mundo Matemático de Platão. No entanto, qual seria a função da intuição diante desse novo paradigma filosófico proposto pela fenomenologia? Seria a partir da intuição que poderíamos “ver” o mundo e as coisas de uma outra forma? Como o próprio Husserl escreve, na intuição não nos é apresentado “meramente o ver sensível, empírico, mas o ver em geral, como consciência doadora originária”. Será inicialmente analisando o ato intuitivo que entenderemos a atitude fenomenológica e a relação inseparável existente com a atitude natural. A atitude fenomenológica revela-nos que nem tudo é pura contingência, no entanto, o contingente sempre possui algo permanente, algo invariável, isto é, uma essência, sendo denominado por Husserl como Eidos.


O Eidos é a essência dos fenômenos […], pois é construído pelo invariável que sempre permanece idêntico nas variações. […] Estas essências são objetos ideias (verdades de razão) que nos permitem classificar e distinguir os fatos, isto é, evidências que caracterizam o aparecer dos fenômenos. E isto está implícito em nossos dois diagramas acima.

Em nosso paradigma é o ATO de Aristóteles que, completa o incompleto, determina o indeterminado, e, também, espacializa o TEMPO BERGSONIANO, estabelecendo a EXISTÊNCIA. Todavia, a existência codificada no MUNDO FENOMÊNICO, se “concretiza” simultaneamente como mundo interior e mundo exterior: ambos realisticamente como função da orientação do VETOR COGNITIVO (conceito definido aqui como função do estado de vigília ou de sono). Tal vetor se institui partindo-se da definição de espacialidade do corpo próprio em Merleau-Ponty: “Se a espacialidade do corpo próprio se altera com a aquisição ou perda de hábitos, assim também o espaço de comportamento por ele desdobrado também se altera correlativamente. Isso se deve ao fato de que o espaço do corpo próprio “não é um espaço expressivo entre outros”, e sim “a origem de todos os outros, o próprio movimento de expressão, aquilo que projeta as significações no exterior dando-lhes um lugar, aquilo que faz com que elas comecem a existir como coisas, sob nossas mãos, sob nossos olhos”. [85]

Abaixo, na figura, através do intelecto temos acesso aos fenômenos abstratos, mentais, e através dos sentidos temos acesso aos fenômenos concretos, materiais: ou seja, quando “olhamos para fora” temos em foco a matéria, e quando “olhamos para dentro” temos em foco a psique.

 

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__________DIAGRAMA 8_________

 

VISÃO: INTERNA E EXTERNA

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A consequência extrema da posição de psicólogos, de físicos e de biologistas, será admitir que a psique e a matéria sejam um mesmo fenômeno observado respectivamente do interior e do exterior. [14]

________M. L. von Franz_________

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Interior e exterior, entretanto, nos remete à dicotomia alma e corpo, ou sujeito e objeto, fundada por Platão, e modernamente ratificada por Descartes. Esta dicotomia se confirma quando da concepção budista da consciência como um PORTAL NO NADA: dele se pode ter uma visão para o interior e outra para o exterior. Tal portal correspondendo ao ATO de ARISTÓTELES, é também como a CONSCIÊNCIA em HUSSERL, daí a consciência promover a espacialização do tempo bergsoniano: em nosso modelo, portanto, com a espacialização do  tempo bergsoniano, nasce o MUNDO FENOMÊNICO.

Mas Bergson afirma que a vida interior é de natureza temporal e não espacial. [41] Mas interior e exterior, como postulamos aqui é função da orientação do vetor cognitivo: tal vetor, então, se orientará segundo nosso estado de vigília ou estado de sono. Por outro lado, o conceito de INTERIOR citado por Bergson, se refere sim especificamente à realidade ao nível do Unus Mundus, o qual é utilizado por nós na construção de nosso diagrama psicofísico: assim como o TEMPO BERGSONIANO é sinônimo de “duração pura”, o UNUS MUNDUS é sinônimo de “simultaneidade” (fig. abaixo).

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__________DIAGRAMAS  9 E 10_________

VIDA: DIFERENCIAÇÃO DO “UNUS MUNDUS” EM PSIQUE E MATÉRIA

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À medida que a ENTROPIA aumenta, o universo e todos os sistemas fechados do universo tendem naturalmente a se deteriorar e a perderem a nitidez, passando de um estado de organização e diferenciação – no sentido de que existem formas e distinções -, para um estado de caos e igualdade. No universo de Gibbs, a ordem é o menos provável e mais provável é o caos, entretanto, enquanto o universo como um todo, se existe um universo ordenado, tende a se deteriorar, existem enclaves localizados cuja direção parece ser o oposto do universo em geral e nos quais há uma tendência limitada e temporária para um aumento da organização. A vida assim encontra seu habitat em alguns desses enclaves. Foi com essa visão em seu âmago que a nova ciência da cibernética começou a se desenvolver (NORBERT WIENER). [42]

Mas a VIDA se origina do CAOS pela inversão da seta do tempo, ou seja, contra a entropia e a favor da ordem, temos a diferenciação do Unus Mundus em psique e matéria daí surgindo, concomitantemente, o MUNDO FENOMÊNICO:

Segundo ILYA PRIGOGINE – em seu livro “As Leis do Caos” -, misturando determinismo e probabilidade, os pontos de bifurcação de sistemas em situação de não-equilíbrio, demonstram que a SETA DO TEMPO tem o papel de criar estruturas através de correlações de longa duração: sem tais correlações, deduz-se, não haveria vida nem, por forte razão que fosse, cérebro.

Ou seja, A IRREVERSIBILIDADE DO TEMPO é o mecanismo que, introduzindo ORDEM no CAOS, origina a VIDA, que por conseguinte se concretiza através da diferenciação estabelecida entre psique e matéria. Ou seja, A IRREVERSIBILIDADE DO TEMPO é o mecanismo que, introduzindo ORDEM no CAOS, origina a VIDA.

O entendimento sugerido pelas comparações entre as estruturas da física e da psicologia, é que matéria e psique são aspectos de uma mesma REALIDADE, sendo a MATEMÁTICA, como um núcleo arquetípico, a chave para ambos.

De acordo com von Franz, o físico David Bohm chegou a um entendimento similar do terreno unificado da psique e da matéria:

David Bohm também pressupõe a existência de um OCEANO DE ENERGIA, como o plano de fundo do universo, um fundo que não é nem material nem psíquica, mas completamente transcendente. Em última análise, corresponde exatamente ao que Jung chama o UNUS MUNDUS, que está situado além da psique objetiva e da matéria e “situado” fora do espaço-tempo. [53] [54]

vida

_________DIAGRAMA 11_________

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Como foi citado acima, no pensamento tradicional, o Ser é tomado como COISA EM SI, de caráter estático, etc., entretanto, com a consciência como um portal no nada – resultado da espacialização do tempo bergsoniano -, tal Ser é dicotomizado e transfigurado na forma concreta e abstrata, segundo a metafísica aristotélica e platônica, respectivamente. Porém, segundo Kant, ao homem só possível conhecer os fenômenos, permanecendo a coisa em si inalcançável ao conhecimento humano, disto resulta a concepção do Mundo Fenomênico, que se insere também em nosso diagrama psicofísico, resultado, como vimos, da espacialização do tempo de Bergson. [41]

Verifica-se, também, que, além da dinâmica patrocinada pela consciência – que, através da espacialização do tempo, origina a dicotomia sujeito e objeto -, outra dinâmica ocorre originada agora segundo o símbolo do Tao: esta, então, dá origem ao SER em sua integralidade como ser-aí, o DASEIN de Heidegger, mas sem recorrer originar a cisão cartesiana de “corpo e alma” ou de “sujeito e objeto”. [43]

Tudo aqui, claro, aprioristicamente parte de um embasamento na teoria da Mecânica Quântica conforme interpretação dada pela ortodoxia da Escola de Copenhague, na qual é resgatado os conceitos de POTÊNCIA e ATO de Aristóteles. 

Em filosofia, portanto, especialmente a partir de Heidegger e Kant, o ôntico diz respeito ao ENTE, ao imanente, ao fenomênico (fenômeno: do grego fanós, aquilo que aparece), àquilo que os sentidos nos mostram. O ôntico é o superficial que fundamenta o senso comum e, em especial, a ciência empírica. É o que praticamente todo mundo vê. 

Já o ontológico, em contraposição, diz respeito ao SER, ao que está por trás e além do fenomênico. O ontológico pressupõe sair do comum e buscar enxergar o que nem todo mundo vê. Ir além do ôntico significa, por isso, exercitar-se na constante busca das raízes dos acontecimentos, das causas de tudo o que acontece na “realidade”. 

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À BEIRA MAR DO OCEANO PLATÔNICO

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No vídeo, temos a praia de ondas gigantes de probabilidade – à beira mar do oceano platônico -, local do calápso, da quebração das ondas, da passagem da realidade potencial à realidade atual.

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ÔNTICO e ONTOLÓGICO, então, como conceitos Heideggeriano: o ontológico se dá sempre em um horizonte amplo de possibilidades, na verdade, em um horizonte infinito de possibilidades, e ele não é estático, ele é movimento. Ontológico refere-se ao “ser”, entendido SER como POSSIBILIDADE. Quando afirmamos: O homem é um ser biopsicossocial, estou engessando essa ideia de ser enquanto possibilidades em uma única maneira de conceber esse homem. É justamente isso que faz a ciência, é assim que opera o pensamento metafísico. Essa afirmação, agora, está localizada no contexto ÔNTICO, pois entre todas as possibilidades, essa é uma das escolhas enunciada, mas não é a única. 

 

“Escolher” é movimento, verbo: ontológico (refere-se ao ser).

“A escolha’” é o dado, o substantivo, o estático: ôntico (refere-se ao ente).

 

Conforme podemos deduzir de tudo acima, o MUNDO MATEMÁTICO DE PLATÃO (Realidade Potencial, o Ser de Parmênedes) é ONTOLÓGICO e o MUNDO FENOMÊNICO (Realidade Atual, o Devir de Heráclito) é ÔNTICO. 

Na base de tudo, então, devemos frisar que o nosso diagrama se estabelece partindo da “dicotomia” de Descartes e da fenomenologia de Kant, cujos pontos de vista estão polarizado segundo o Realismo de Platão e o Realismo de Aristóteles. Mas, tal “dicotomia” se estabelece dialeticamente sem que haja uma real separação entre sujeito e objeto.

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___________DIAGRAMA 12_________

A seguir, na continuação, nossa discussão sobre a arquitetura e dinâmica de nosso diagrama psicofísico [62], procederemos uma descrição do diagrama, buscando fundamentá-lo segundo a fenomenologia de Husserl e de Heidegger. Claro, óbvio, tendo em vista as equivalências:

 

DURÉE BERGSONIANA = UNUS MUNDUS = MUNDO MATEMÁTICO DE PLATÃO = REALIDADE POTENCIAL = TERCEIRO INCLUÍDO = ONDAS PROBABILÍSTICAS = SER PARMENIDEANO = TRANSCENDENTE = HORIZONTE DE POSSIBILIDADES INFINITAS = VÁCUO QUÂNTICO.

 

Assim, no diagrama temos que o MUNDO MATEMÁTICO DE PLATÃO ou UNUS MUNDUS (Realidade Potencial / poder-ser) e o MUNDO FENOMÊNICO (Realidade Atual) que sob a ação dialética da CONSCIÊNCIA (Observador) – como o ATO de Aristóteles que limita a POTÊNCIA -, faz o “poder-ser” se realizar e gerar a “realidade de nossa vida concreta” (a Consciência igualmente ao deus Janos, é dita como sendo um PORTAL NO NADA, indefinível, visto situar-se no começo de tudo). 

Ainda, podemos verificar no diagrama que a “linha tracejada”, orientada tanto no sentido do MUNDO IDEAL (Realismo de Platão) quanto no sentido do MUNDO MATERIAL (Realismo de Aristóteles), diz respeito à ação da INTUIÇÃO da “coisa em si” (Realismo Ontológico). Agora, a “linha contínua”, quando orientada no sentido do FENÔMENO ABSTRATO, diz respeito à ação do INTELECTO (Racionalismo), e, quando orientada no sentido do FENÔMENO CONCRETO, diz respeito à ação dos SENTIDOS (Empirismo): ambas correspondendo à RAZÃO. 

Importante, os dois lados da figura (esquerdo e direito) são dois diagramas estruturalmente equivalentes, e, portanto, nos referiremos a eles como um só: entretanto, dar-se que o lado esquerdo centra-se mais em conceitos psicológicos e, o lado direito, centra-se mais em conceitos filosóficos. Os conceitos de “Psique” e “Ideia” são correspondentemente equivalentes.  

A seguir, de forma simples, continuamos nossa descrição diagramática, agora identificando os mecanismos envolvidos no funcionamento de tais construtos.

 

1. Vácuo Quântico / Mundo Matemático de Platão/ Mundo Fenomênico / Consciência

 

Antes, pensava-se que existisse uma entidade física chamada vácuo absoluto sobre o qual vários cientistas da Idade Média, inclusive Blaise Pascal, realizaram vários experimentos para tentar reafirmar essa ideia. O vácuo absoluto seria aquele no qual nada existiria, nem elementos químicos, campos e partículas de força, etc. 

Porém, verificou-se que se tal Vácuo Absoluto realmente existisse, isso iria contradizer o famoso Princípio da Incerteza de Werner Heisenberg, o postulado e base maior da Mecânica Quântica. Logo, o Vácuo quântico teria que conter alguma quantidade mínima de energia, campos eletromagnéticos e gravitacionais principalmente e partículas virtuais (partículas de força) interagindo entre si.  

Não obstante, no diagrama, consideramos que no início era o NADA, ou seja, a CONSCIÊNCIA-SEM-OBJETO de Husserl; por outro lado, quase equivalentemente, o VÁCUO QUÂNTICO também é estabelecido como o lugar onde tudo teve início e como resultado da instabilidade de tal vácuo. Ambos, Nada e o Vácuo Quântico, possuem em potência todas as realidades possíveis que podem vir a se concretizar.  

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HOMEM: NEM CORPO NEM ALMA

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Assim como o ELÉTRON não é PARTÍCULA nem ONDA, o HOMEM também não é CORPO nem ALMA. A verdadeira natureza humana é tríade: SUJEITO, OBJETO, TERCEIRO OCULTO.

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Partindo, então, da constatação de que a Física desmaterializou a matéria e da ação da Consciência – como um portal no Nada – que estabelece a percepção de um sentido para fora (Mundo Material) e um sentido para dentro (Mundo Psíquico), vislumbramos o UNUS MUNDUS e o MUNDO MATEMÁTICO DE PLATÃO – ditos aqui equivalentes como realidades potenciais, ontológicas de acordo com Heidegger –, que representam a unificação da “psique com a matéria” ou da “ideia com a matéria”, respectivamente. 

Até agora, entretanto, verificamos o papel decisivo desempenhado pela Consciência, a qual aqui é segundo a definição dada por Husserl.  Porém, Martin Heidegger, ao criticar Husserl de ser intelectualista e cartesiano, abandonou os termos consciência e intencionalidade, centrais na fenomenologia transcendental de Husserl. O desenvolvimento próprio da fenomenologia de Heidegger era motivado por uma profunda insatisfação com o tom metafísico husserliano em sua busca das essências da consciência. Para Heidegger, a fenomenologia husserliana era mais um projeto que havia perdido a historicidade essencial da natureza humana. Em sua obra O ser e o tempo, para descontentamento de Husserl, Heidegger supera o conceito de CONSCIÊNCIA e propõe o conceito de DASEIN. 

Em sua terminologia (de Heidegger) Dasein deve substituir ‘SUJEITO’ ou ‘EU’, devido ao sentido de ser simplesmente dado que estes termos adquiriram na filosofia da consciência e da subjetividade do período moderno, incluindo aí a própria concepção husserliana de sujeito. 

Em sua monumental obra Ser e Tempo, de 1927, Heidegger desenvolve uma interpretação ontológica do sentido do ser através de sua analítica do Dasein, focalizando sua análise no ser dos entes enquanto tal. Foge, assim, à via da metafísica clássica que recorre à descrição e classificação das características definidoras do existir dos entes.

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UNUSMUNDUS

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O termo Dasein, nesta perspectiva, refere-se ao existir humano que se dá como um acontecer (sein) que se realiza aí (Da), no mundo, sendo o próprio EXISTIR que constitui o aí em que se dá a existência.  

Nesse sentido, tendo-se em vista a “finitude” humana, a temporalidade e a historicidade serão fundamentais na análise heideggeriana do Dasein, já que que toda possibilidade de compreensão do existir humano dependerá justamente da temporalidade enquanto historicidade e finitude. 

Em Ser e Tempo, Heidegger distingue dois planos: o ÔNTICO e o ONTOLÓGICO. O ôntico é o plano relacionado à elucidação da existência do Dasein; o ontológico é o plano da apresentação das estruturas existenciais do ser. 

As estruturas existenciais – denominadas de existenciais  fundamentais constituintes do Dasein são: a temporalidade, a espacialidade, o ser-com-o-outro, a disposição, a compreensão, o cuidado (Sorge), a queda e o ser-para-a-morte. A existência do DASEIN, caracterizada pela abertura do mundo e do sentido do ser e pela liberdade se dá, dentro destes existenciais, de tal maneira que as condições de possibilidade de uma existência dependerão dos horizontes da própria condição humana. 

Assim, Heidegger, que se propusera a abordar o problema do ser utilizando-se do método fenomenológico de Husserl, na verdade o supera quando substitui o conceito de CONSCIÊNCIA pelo de DASEIN.  

A leitura da filosofia de Heidegger estrutura-se sobre conceitos fundamentais para a fenomenologia existencial tais como Dasein, ser-no-mundo, angústia, decisão. Todo o seu trabalho gira em torno do sentido de ser, seus modos e maneiras de enunciação e expressão. Desta forma ele explicita o engano da tradição de uma compreensão ôntica (do ente), em detrimento de uma compreensão ontológica (do ser). Estes temas, inicialmente colocados em Ser e Tempo, são desenvolvidos ao longo de toda a sua obra através de sua analítica do Dasein, uma teoria que se funda na “destruição” das teorias sobre a subjetividade do sujeito, particularmente das teorias de Husserl e de Kant. No contexto deste pensamento descontrutivo não existe a cisão entre o SUJEITO e o OBJETO.

 

Atenção, apesar destes dois pontos de vistas distintos em Husserl, na análise fenomenológica husserliana, sujeito e objeto são inseparáveis.  

 

Heidegger e o taoísmo primitivo, então, desenvolveram maneiras provocativas de pensar que o HUMANO pertence fundamentalmente ao mundo – compreendido através do SER (Sein) ou do CAMINHO (Tao). Heidegger desdobrou isto como a interseção do céu e da erra, mortais e imortais na reunião do Quádruplo (Geviert), enquanto o Taoísmo localiza o humano entre “terra e céu” e em relação às forças elementares e os ritmos da vida como yin e yang e qi. [43]

“Sein” e “Tao”, assim, resistem à apropriação da conceituação metafísica ocidental da “Natureza”, entendida como criação ou como matéria-prima da cultura e da tecnologia. Para Heidegger, esses momentos estão inevitavelmente conectados na história da metafísica como “on-theo-logy”. Esses dois modos de pensamento também não implicam “panteísmo”, porque não separam nem identificam Deus e a Natureza. Para Heidegger, o panteísmo é incluído nessa mesma história da metafísica. 

No pensamento chinês clássico, no entanto, não existe sequer um conceito de divindade monoteísta transcendente que seja absoluta e independente ou idêntica à totalidade do mundo. Uma vez que o conceito ontológico de “Natureza” ocidental é qualquer coisa menos natural, essa palavra não consegue nomear nem o Tao e nem o Sein, seja conceitual ou experimentalmente. 

Como podemos notar, o SEIN ou o TAO, reflexionando o PRINCÍPIO DO TERCEIRO INCLUÍDO de Lupascu, torna possível um paralelo entre tais concepções, ou seja, o EXISTIR HUMANO Heidegger, é como a REALIDADE segundo Lupascu: a integralidade do real não é senão uma perpétua oscilação entre a ATUALIZAÇÃO e POTENCIALIZAÇÃO. Aqui, óbvio, tendo em vista a Potência e o Ato de Aristóteles. 

Uma dinâmica, então, ainda mais fundamental, a qual está atrelada harmoniosamente com o nosso paradigma, encontramos na concepção da realidade segundo Nicolescu e Lupascu, a qual se origina no princípio do terceiro incluído. Assim, todo o nosso diagrama, juntamente com sua dinâmica, se coaduna muito bem com a teoria dos Níveis de Realidade de Lupascu:

 

A REALIDADE é uma PERPÉTUA OSCILAÇÃO entre ATUALIZAÇÃO e POTENCIALIZAÇÃO.

 

Porém, não há atualização absoluta. Mas a atualização e a potencialização não bastam para uma definição lógica coerente da Realidade. O MOVIMENTO, a transição, a passagem do potencial ao atual não é concebível sem um dinamismo independente que implica um equilíbrio perfeito, rigoroso, entre a atualização e a potencialização, equilíbrio este que permite precisamente essa transição. A Realidade possui, portanto, segundo Lupasco, uma estrutura ternária: toda manifestação da Realidade se dá através da coexistência de três aspectos inseparáveis em um todo dinâmico acessível ao conhecimento lógico, racional: SUJEITO, OBJETO E TERCEIRO OCULTO. 

Constata-se que o problema Sujeito/Objeto foi central tanto na reflexão filosófica dos pais fundadores da Mecânica Quântica (Pauli, Heisenberg e Bohr), como na dos pais fundadores da Fenomenologia (Husserl, Heidegger, Gadamer e Cassirer), de tal forma que estes foi refutaram o axioma fundamental da metafísica moderna: a separação total entre o Sujeito e o Objeto. A divisão binária (Sujeito, Objeto) que define a metafísica moderna é substituída, na abordagem transdisciplinar, pela repartição ternária (Sujeito, Objeto, Terceiro Oculto). O terceiro termo, o Terceiro Oculto, não é redutível nem ao Objeto nem ao Sujeito. 

Portanto, parte a parte, sejam os pontos contra e a favor de Husserl ou de Heidegger, no nosso diagrama psicofísico, a EXISTÊNCIA surge ora de um substrato material como resultado de uma grande oscilação (como yin/yang  do Tao) do VÁCUO QUÂNTICO, ora de uma substrato mental sob a ação de uma consciência que, polarizando o UNUS MUNDUS. Ou ainda, pela limitação dada pelo Ato de Aristóteles sobre o MUNDO MATEMÁTICO DE PLATÃO. Ambos os caminhos geram o MUNDO FENOMÊNICO ou ATUAL (material / psíquico ou ideal). 

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CARL JUNG – WOLFGANG PAULI – NISE DA SILVEIRA – MÁRIO SCHENBERG

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No começo do século XX parecia ao homem do ocidente que todos os mistérios tinham sido desvendados. A visão do mundo segundo a física newtoniana era de uma clareza confortadora. Darwin explicava a origem das espécies. Marx descobria as leis que regem o desenvolvimento das sociedades. Freud trazia o mundo obscuro do inconsciente para o domínio da pesquisa científica, demonstrando que os fenômenos psíquicos inconscientes, mesmo os extravagantes e absurdos, estavam sujeitos àsleis da causalidade. Fiel ao clima de opinião de sua época, Freud era um rigoroso determinista. Na INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE, escreve: “quebrar o determinismo, mesmo num só ponto, transtornaria toda concepção científica do mundo“.

De fato, a física moderna bouleversou a concepção do mundo construída pela física clássica, concepção que parecia absolutamente inabalável até os fins do século XIX. O indivisível átomo revelara-se divisível. Abriam-se brechas no determinismo: nem sempre os átomos comportavam-se de acordo com as leis causais. Certos fenômenos, no campo da microfísica, passaram a ser estudados à luz de leis estatísticas, ou seja, de leis de probabilidade. Einstein provou que a matéria e energia são equivalentes. Verificou-se que a luz apresenta simultaneamente os caracteres de onda e de corpúsculo. O tempo deixou de ser uma grandeza absoluta, pois, para velocidades próximas da velocidade da luz, o tempo passa mais devagar. O tempo, então, é relativo. Perplexos,  nos retraímos diante desses conceitos que perturbam nossa segurança. Não queremos ver além das fronteiras do mundo estável de Galileu e de Newton. Compreende-se a atitude de recuo: o abalo das próprias bases que serviam de ponto de apoio às operações de pensamento provocou deslocamento imprevistos a longa distância. Opostos, até então irredutíveis, deixavam de ser opostos. Argumentos lançados durante séculos contra determinados alvos não mais os atingiam porque os próprios alvos se tinham dissolvido ou mudado completamente de posição.Tanto quanto Freud, Jung investigou a causalidade nos campos da psicologia e da psicopatologia. Seus estudos sobre as associações verbais e os livros PSICOLOGIA DA DEMÊNCIA PRECOCE E O CONTEÚDO DAS PSICOSES, mostram que, mesmo nos distúrbios psíquicos mais graves, é possível decifrar o sentido de sintomas de aparência desconexa, encontrando-lhes elos causais.

Mas observou também a ocorrência de fenômenos outros, de curiosos paralelismos, que não podiam ser encadeados causalmente. Seu método de trabalho, desde as pesquisas sobre associações feitas na juventude, sempre foi nunca desprezar qualquer fato que acontecesse, ainda aqueles que contradiziam regras estabelecidas ou que se afiguravam aos demais desprovidos de importância. Pareceu-lhe que seria preciso tomar em consideração certos fenômenos, inegáveis, que, entretanto, escapavam ao determinismo: a) coincidência de estados psíquicos e de acontecimentos físicos sem relações causais entre si, tais como sonhos, visões, premonições, que correspondem a fatos ocorridos na realidade externa; b) a ocorrência de pensamentos, sonhos e estados psíquicos semelhantes, ao mesmo tempo, em lugares diferentes.

(…) Jung criou o termo sincronicidade (o princípio de causalidade, tornado sem valor, é substituído pelo princípio de sincronicidade) para designar “a coincidência no tempo de dois ou mais acontecimentos não relacionados causalmente, mas tendo significação idêntica ou similar, em contraste com o sincronismo que simplesmente indica a ocorrência simultânea de dois acontecimentos”. A sincronicidade, portanto, caracteriza-se pela ocorrência de coincidências significativas. Vejamos um exemplo citado por Jung. Trata-se de uma mulher, jovem e culta, cuja análise não progredia devido a seu excessivo racionalismo. “Um dia eu estava sentado diante dela, de costas para a janela, ouvindo sua habitual torrente de retórica. Ela tivera na noite anterior, um sonho impressionante, no qual alguém lhe dava um escaravelho de ouro, joia de alto preço. Enquanto narrava-me este sonho, ouvi leves batidas no vidro da janela. Voltei-me e vi um grande inseto batendo de encontro à janela, no evidente esforço para penetrar na sala escura. Isso me pareceu estranho. Abri a janela e apanhei o inseto no ar. Era um besouro das rosas (cetonia aurata) cuja cor verde dourada aproxima-se de perto da cor do escaravelho dourado. Entreguei o inseto a minha paciente, dizendo: “Aqui está seu escaravelho“. Esta experiência abriu a desejada brecha no seu racionalismo e quebrou o gelo de sua resistência intelectual. O tratamento pode então continuar com resultados satisfatórios”. [14]

 

JUNG – Vida e Obra

Nise da Silveira

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__________DIAGRAMA 14_________

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2. Epoché Husserliana 

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Os acontecimentos, ocorridos no século XVIII e XIX, resultado dos ideais positivistas que perpassavam aquele contexto histórico, foram consequência do modelo de conhecimento que mais se desenvolvia e recebia o prestígio da sociedade em geral. Tal conhecimento prático, desenvolvido pelas ciências naturais, se estabeleceu como função do crescimento tecnológico e científico por ele proporcionado. Infelizmente, por outro lado, as ciências humanas acabaram perdendo seu espaço. A promessa de progresso da humanidade que o positivismo científico trazia consigo, além de enfatizar o caráter “salvífico” das ciências naturais, não permitia o desenvolvimento ou incentivo das outras áreas do saber. A teoria de Charles Darwin (1809-1882), denominada evolução das espécies, surgiu como uma possível comprovação dos ideais postulados pelo positivismo comtiano, onde a esperança da humanidade de obter respostas sobre a origem de sua espécie não deveria estar mais depositada na religião, mas sim no conhecimento advindo das ciências naturais. 

A Fenomenologia de Husserl, então, nasceu da vontade deste,   inconformado com tal dicotomia, em estabelecer a unificação ou a superação desta separação entre as ciências naturais e as humanas. Husserl apresenta a fenomenologia como um novo paradigma epistemológico tanto para o saber filosófico como para o saber científico. Essa proposta tem em sua raiz o objetivo da fundamentação de todas as ciências na filosofia, onde as ciências não mais estariam atentas somente para a realidade empírica, mas também para o problema do sentido do mundo, das coisas e do ser.

Mais especificamente, o método de Husserl veio em oposição ao psicologismo, surgido do naturalismo, que suponha como fenômeno apenas as coisas naturais, estudadas pela ciências da natureza, como a Geologia, a Física, a Química, entre outras. A tendência do naturalismo era resolver o problema da teoria do conhecimento, explicar como é possível alcançar a objetividade, e como o sujeito seria capaz de alcançar uma realidade que lhe é exterior, anulando a dualidade, ou seja, anulando a diferença entre sujeito e objeto, já que na ótica do movimento e do ser, o sujeito é o objeto, daí então a realidade seria a Natureza. Para o naturalismo, tudo se resumiria em ser objeto físico ou natural; o conhecimento seria apenas o resultado da ação de objetos exteriores sobre o cérebro e o sistema nervoso; os conceitos e leis científicas seriam generalizações abstratas, permitindo ao homem pensar de forma mais econômica a multiplicidade dos objetos exteriores. Os conceitos de sujeito, objeto, causa, princípio, coisa, efeito, entre outros, só teriam sentido se reduzidos a entidades empíricas observáveis. Para o naturalismo, a teoria do conhecimento seria uma psicologia, ou seja, a descrição do comportamento do sujeito na atividade do conhecer (CHAUÍ, 1996).

A psicologia é capaz de estudar e explicar fatos que podem ser observados, como o fazem as outras ciências, mas não pode oferecer os fundamentos e explicações destes estudos, pois isto só a filosofia pode fazê-lo. Para a fenomenologia, ao contrário do que ocorre com as ciências naturais, fenômenos são também coisas que existem apenas no pensamento, coisas puramente ideais, assim como também coisas criadas pela ação e pela prática humanas, como, por exemplo, valores morais, crenças, artes, técnicas, instituições. Daí porque Husserl chama de fenômeno “tudo aquilo que é vivência em geral, abrangendo também a doutrina de todos os dados, não só os genuínos, mas também os intencionais, que podem ser evidenciados nas vivências” (HUSSERL, 1975). Explicando a ideias de Husserl, Chauí completa dizendo que a fenomenologia é “a descrição de todos os fenômenos, ou eidos, ou essências, ou significação de todas essas realidades: materiais, naturais, ideais, culturais”. Para Husserl, então, o psíquico se constitui em fenômeno, não em coisa, pois o fenômeno é consciência e a coisa é algo físico. O domínio da fenomenologia pode ser considerado portanto como ilimitado, já que tudo o que aparece é fenômeno.

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FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO

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A Fenomenologia é a ciência propedêutica ao estudo do saber absoluto. O espírito, antes de atingir a consideração filosófica do saber absoluto, deve percorrer várias fases ou “fenômenos”. E o estudo destes fenômenos está contido na “Fenomenologia do Espírito”. Explicando, diz JULIAN MARÍAS: “Pensar é diferente de conhecer. Conhecer é conhecer o que as coisas são; tem um momento essencial que se refere às coisas; já vimos que era o que KANT chamava ‘conhecimento transcendental’. HEGEL distingue, então, a mera informação (história) do conhecimento conceitual, no qual temos os conceitos das coisas (isto seriam as ciências em que há um efetivo saber). Porém é necessário um SABER ABSOLUTO”.

Assim, a Fenomenologia constitui o começo da filosofia e não próprio filosofar. Ocupa-se em expor as várias fases pelas quais passa a consciência, desde a intuição sensível até atingir ao saber absoluto. A Fenomenologia não é o sistema hegeliano, mas anuncia-o e já o contém em germe.”

__________DINO F. FONTANA__________

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As críticas de Husserl, portanto, se referem ao grande erro da pretensão psicologista em sua tentativa de fundamentação das leis da lógica na psicologia, tomando as puras leis do pensamento em termos de leis causais da natureza. O erro psicologista é a confusão entre os domínios do real e do ideal no que tange ao pensamento, pois ao restringir a legalidade a ele aplicada, aos termos de leis psicofísicas ignora-se a dimensão ideal que sustenta a possibilidade de fundamentação do conhecimento. A intenção psicologista de fundamentar o conhecimento a partir do viés empírico, interpretando a consciência como domínio factual natural, que faz com que o movimento caia na confusão acima mencionada teria por consequência, segundo Husserl, o encobrimento da dimensão intencional da consciência enquanto doadora de sentido e, ainda, o fado da condenação do
pensamento a um relativismo cético – sobre a última ver Tourinho (2011).

Logo, o pensamento filosófico de Husserl, propõe um novo método de análise o qual nos faz defrontar com ideias que remetem a duas formas de nos posicionarmos diante do mundo, sendo elas: a atitude natural e a atitude fenomenológica. Sendo a intuição a conexão destas diferentes atitudes, a partir dela se poderá compreender a relação existente entre a atitude natural e a atitude fenomenológica.

Segundo Husserl, nossa atitude primeira, nossa postura original diante do mundo e das coisas está alicerçada numa crença originária, onde assumimos o caráter de irreflexão, de ausência de questionamentos diante daquilo que nos circunda e do próprio eu. A consequência dessa postura é uma crença inquestionável no mundo e nas coisas, uma atitude natural. Por outro lado, é possível assumirmos uma postura de dúvida, de reflexão por excelência diante do mundo e das coisas se assumirmos uma atitude fenomenológica. Essa atitude tem a pretensão de nos revelar aquilo que sustenta, que doa sentido ao mundo e a todas as ciências. É através da intuição que compreendemos a relação existente entre a atitude natural e a atitude fenomenológica. 

Mais especificamente, Husserl mostra como podemos compreender como as primícias da atitude natural: “O conhecimento natural começa pela experiência e permanece na experiência”. Ou seja, o conhecimento natural surge a partir da experiência física. Esta forma de conhecer o mundo, pela experiência e permanecendo na experiência, nos aponta, mesmo que brevemente, aquilo que Husserl compreende por atitude natural. Pois quando estamos voltados para as coisas e para o mundo sem questioná-los, simplesmente crendo naquilo que percebemos como verdades indubitáveis, nenhuma outra atitude nos é oferecida a não ser a atitude de crença.

Na atitude natural, o ego está imergido num mundo onde as coisas se dão de formas unilaterais, múltiplas e de caráter in infinitum. Esse mundo que aqui referimos é o mundo físico, que se revela a nós a partir dos cinco sentidos: faz parte de sua natureza poder revelar-se constantemente de diferentes formas. Torna-se, então, uma característica própria do ego imerso na atitude natural a constante abertura à novas experiências, à novas verdades, tendo em vista que o mundo nunca se apresenta em sua totalidade.

É a partir da atitude natural que Husserl irá nos propor uma nova forma de orientação diante do mundo e das coisas. A compreensão da consciência, enquanto ato doador de sentido na atitude natural, possibilitar-nos-á ir ao encontro da mesma consciência a partir de uma nova atitude: a atitude fenomenológica.

Nesse momento podemos nos fazer uma questão importantíssima no contexto da fenomenologia: Como podemos compreender o mundo? O mundo poderia ser pensado como algo somente meu, da minha consciência? Mas, o mundo além de ser um horizonte de possibilidades, onde todas as coisas podem ser dadas intencionalmente é o que aparece para o ego, o agente da atitude natural. O ego é compreendido como “aquele para quem o mundo e suas coisas são dadas, que, simultaneamente, é parte do mundo e ainda está na posse intencional do mundo”. O mundo e as coisas são para o ego, mas, paradoxalmente, o ego não se reduz a sua condição de estar no mundo, o mesmo possui em si o mundo enquanto objeto intencional. Portanto, o ego que está no mundo e faz parte do mundo empírico também pode ser compreendido enquanto ego transcendental, propriamente revelado na atitude fenomenológica. Assim, podemos compreender o mundo a partir da atitude fenomenológica como uma realidade cujos “objetos” são precisamente fenômenos conscientes, que admitem um nível de certeza diferente do tipo que é alcançável dentro das ciências naturais.

No entanto, qual seria a função da intuição diante desse novo paradigma filosófico proposto pela fenomenologia? Seria a partir da intuição que poderíamos “ver” o mundo e as coisas de uma outra forma? Como o próprio Husserl escreve, na intuição não nos é apresentado “meramente o ver sensível, empírico, mas o ver em geral, como consciência doadora originária”. Será inicialmente analisando o ato intuitivo que entenderemos a atitude fenomenológica e a relação inseparável existente com a atitude natural. A atitude fenomenológica revela-nos que nem tudo é pura contingência, no entanto, o contingente sempre possui algo permanente, algo invariável, isto é, uma essência, sendo denominado por Husserl como Eidos.


O Eidos é a essência dos fenômenos […], pois é construído pelo invariável que sempre permanece idêntico nas variações. […] Estas essências são objetos ideias (verdades de razão) que nos permitem classificar e distinguir os fatos, isto é, evidências que caracterizam o aparecer dos fenômenos.

Consequentemente, existe uma correlação entre as diferentes ciências de fatos e as ciências de essência, porquanto aquilo que faz algo significar factualmente não é propriamente o fato empírico, mas algo que transcende, que ultrapassa a empiria. A consciência sempre está significando, fornecendo sentidos ao mundo e as coisas. É somente a partir da atividade da consciência que conseguimos classificar e distinguir os fatos. Aquilo que propriamente caracteriza o aparecer das coisas, dos fatos, não são os próprios fatos, mas algo que os antecede.

Consequentemente, existe uma correlação entre as diferentes ciências de fatos e as ciências de essência, porquanto aquilo que faz algo significar factualmente não é propriamente o fato empírico, mas algo que transcende, que ultrapassa a empiria. A consciência sempre está significando, fornecendo sentidos ao mundo e as coisas. É somente a partir da atividade da consciência que conseguimos classificar e distinguir os fatos. Aquilo que propriamente caracteriza o aparecer das coisas, dos fatos, não são os próprios fatos, mas algo que os antecede.

Para chegarmos às essências, necessariamente temos que passar por um método de análise. Husserl denomina tal método como redução ou epoché (colocar entre parêntese o juízo intencional da consciência, o isto existe). O objetivo de Husserl através desse método é “de conservar o viver em toda a sua riqueza”, buscando apagar, em certa medida, o isto existe implícito da vida, para que, assim, consigamos chegar às verdades eidéticas. Tommy Goto afirma que só é possível chegarmos às verdades eidéticas “através da intuição, que é como adquirimos imediatamente o conhecimento das essências e captamos o fenômeno”. Portanto nos perguntamos: O que é a intuição? O que faz dela um ato da consciência que nos revela o conhecimento de essências? Para responder a essas e outras questões, iniciemos a abordagem específica do tema que se refere a intuição.

Diante desse exemplo apresentado, percebemos que a relação do ego com o objeto mesa acaba por ser mediada por intuições que o animam, que fornecem sentido a intencionalidade da consciência. Quando olhamos para um determinado objeto o percebemos a partir de uma cadeia intencional de significados. Esses significados (intuições animadoras) almejam um preenchimento, uma efetivação com relação ao objeto. Esta efetivação ocorre quando estamos voltados intencionalmente para o objeto de desejo e aquilo que era meramente intuído acaba por se efetivar factualmente.

No entanto, a intuição somente faz referência a objetos empíricos? Seria possível intuirmos sentimentos ou valores? Conforme Husserl, podemos pensar em atos valorativos dentro dessa perspectiva. Podemos estar apaixonados por alguém e esse sentimento não ser correspondido, ou seja, podemos estar intencionalmente voltados com paixão para uma pessoa e esse sentimento não ser reciproco. Com isso, aquilo que animava meu ato intencional acaba por não ser preenchido intencionalmente.

Conforme a perspectiva fenomenológica apresentada por Husserl, é possível perceber que os dados originários da consciência, aqueles que fornecem sentido ao mundo, aos objetos e a nós mesmos não estão propriamente no mundo ou nos objetos, mas os precedem. Logo, as diferentes ciências empíricas acabam por fazerem referência aos dados originários da consciência. Sendo assim, basta de teorias disparatadas, conforme Husserl.

Nenhuma teoria imaginável pode nos induzir em erro quanto ao princípio de todos os princípios: toda intuição doadora originária é uma fonte de legitimação do conhecimento, tudo que nos é oferecido originariamente na “intuição” (por assim dizer, em sua efetividade de carne e osso) deve ser simplesmente tomado tal como se dá […] Vemos, no entanto, com clareza que toda teoria só poderia tirar a sua verdade dos dados originários.

Husserl encontrou no ato intuitivo os dados originários da consciência. Tudo que percebemos, valoramos, desejamos está anteriormente apresentado na intuição. É na intuição que nos é apresentado o “objeto” em “carne e osso”, o “objeto” em sua rede de significados possíveis. No entanto, Husserl estaria sendo dualista como Platão ou Descartes quando se refere que o “objeto” mesmo seria encontrado na intuição? Existiria um objeto físico e outro “objeto” intuído? Como ocorre essa relação entre esses “diferentes” objetos?

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epoché

_________DIAGRAMA 15________

 

Alguns pensam que fenomenologia diz respeito a fenômenos físicos e conscientes. O próprio conceito de “fenômeno”, que na linguagem clássica significa “o que surge na experiência objetiva”, presta-se a confusões, determinando as diversas acepções de uma “fenomenologia”.

Hegel adotou esse termo “fenomenologia” para explicar, mais amplamente, a experiência completa da consciência (o fenômeno do espírito). Sendo o fenômeno, segundo ele, o aspecto do objeto patente imediatamente na consciência. Os aspectos não presentes na consciência integram o objeto.

Fenomenismo é uma forma radical do idealismo que nega todas as espécies de substâncias, e admite somente os fenômenos ligados entre si por certas leis. Segundo esta doutrina filosófica, ao homem só é dado conhecer os fenômenos, ou seja, manifestações fenomênicas da realidade, sem atingir uma possível coisa em si (essência) porventura situada além da realidade sensível. Para o fenomenismo, a percepção sensorial é a única forma segura de apreensão da realidade, ou seja, só é possível apreender o que se apresenta à percepção humana sob a forma de aparência sensível. O fenomenismo radical nega a existência da coisa em si, ou do número, objeto inteligível que para essa doutrina é impossível. 

Fenomenalismo afirma que não conhecemos as coisas como elas são, mas apenas como aparecem. Se dizem reais, entretanto, só conhecemos as aparências, ou seja, o fenômeno.

Fenomenologia, Fenomenismo e Fenomenalismo são portanto, filosofias não somente distintas, senão opostas.

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De forma alguma seria uma das metas da fenomenologia permanecer no dualismo proposto por Descartes, mesmo reconhecendo que esse fora um dos filósofos mais importantes para o surgimento dessa disciplina. Husserl almeja escapar de todo dualismo possível, de todo empirismo e de toda metafísica. O objeto intencional que se revela no ato intuitivo nada mais é do que os possíveis significados que poderão ser postos sobre as sensações que são advindas do objeto empírico ou de um objeto representado. Existe uma relação de complementaridade entre esses “diferentes objetos”. O ato intuitivo revela o objeto empírico em sua doação originária, em sua ipseidade, em sua essência. É através do ato intuitivo que percebemos que o objeto empírico não é somente compreendido nos limites da empiria, como objeto no mundo, mas também como objeto do meu mundo, envolto de predicados essenciais ou sentidos ontológicos intencionais. Nunca visamos unicamente o objeto empírico, entretanto, esse, a partir das sensações, invoca os significados intencionais que a ele se relaciona.

O ato intuitivo revela a consciência como sendo uma relação constante entre a atitude natural e a atitude fenomenológica. Por mais que na atitude natural nós estejamos diante do objeto empírico e não o percebamos a partir da rede de significações que animam sua constituição enquanto objeto intencional, o fato de não percebermos tal ato da consciência não anula a atividade intencional da consciência. Voltamo-nos intencionalmente aos “objetos” e os significamos intencionalmente na própria atitude natural. Cabe unicamente a nós, a partir da epoché, suspender o juízo imediato da consciência para compreender as verdades de essência, a base que constitui o “objeto” visado.

Quando realizamos a suspensão do juízo da consciência, deparamo-nos com a possibilidade de intuirmos as essências. Conforme Husserl, a intuição de essência é consciência de algo, de um “objeto”, de um algo para o qual o olhar se dirige, e que nela é “dado” como sendo “ele mesmo”; mas também é consciência daquilo que então pode ser “representado” em outros atos, pode ser pensado de maneira vaga ou distinta, pode tornar-se sujeito de predicações verdadeiras ou falsas […].

Na intuição de essência, o “ver” – não o ver da percepção sensível, mas o “ver” da intuição – se dirige a um “objeto” essencial, ou seja, para aquilo que o caracteriza enquanto ele mesmo, enquanto “objeto” que possui predicados essenciais, que o definem. Entretanto, a intuição de essência também nos revela aquilo que está para além dos predicados essenciais: as intenções de significação, que podem ser preenchidas ou ficarem simplesmente vazias. Para melhor esclarecer esses dois pontos, os predicados essenciais e as intenções de significação, apresentamos o seguinte exemplo: em nossa vida cotidiana, deparamo-nos com diferentes objetos físicos, dentre eles podemos citar: a mesa, o carro, o celular, a cadeira, a televisão, a cama e etc. Todos esses objetos possuem predicados essenciais, ou  seja, aquilo que os define enquanto determinados objetos e não outros. Uma cadeira não é uma mesa, um celular não é um carro, cada objeto tem seus predicados essenciais. No entanto, ao nos relacionarmos com os objetos – é propriamente isso que o ato intuitivo nos revela – não somente nos relacionamos com os predicados essenciais, mas temos intenções de significação sobre aquele determinado objeto. Quando estamos muito cansados, chegamos em nossas casas, deparo-nos com a nossa cama. Nessa situação, a cama é para nós, não somente um objeto que possui predicados essenciais, mas é também alvo de desejo, pois a visamos intencionalmente como um lugar onde podemos nos deitar e renovar as nossas energias. Outro exemplo que podemos citar, é o computador ao qual estou utilizando para escrever esse texto: um dia foi visado como um objeto de consumo, desejava comprá-lo; hoje, o viso como meio de trabalho, de comunicação. O objeto computador continua o mesmo, com predicados essenciais que não foram alterados; no entanto, seu significado, para mim, modificou-se em função das intenções de significação que hoje possuo ao visá-lo. Além disso, as intenções de significação não são necessariamente intenções preenchidas como as dos predicados essenciais, pois posso desejar algo e não ter esse algo, posso criar expectativas sobre algo e as mesmas serem frustradas. Em outros termos, as intenções de significação servem diretamente para apontar o objeto para além daquilo que ele é enquanto essência, podendo essas intenções serem preenchidas ou não. Levinas, ao ler Husserl, afirma que as intenções significativas pensam algo sobre o objeto, enquanto a intuição de essência nos dá algo do objeto mesmo.

O ato intuitivo, por sua vez, possui uma estrutura a qual lhe determina enquanto ato da consciência. Temos por um lado a percepção (presentação, Gegenwärtigung) e pelo outro a imaginação e a memória (re-presentação, Vergegenwärtigung). Os objetos que se presentam ou representam nesses atos se dão a si mesmos, ou seja, mostram-se enquanto tais. Segundo Levinas, a intuição é um ato que verdadeiramente tem o seu “objeto”. É nesse sentido que a intuição se diferencia das intenções significativas ou atos significativos que pensam o “objeto”, mas nada possuem do mesmo, são sempre vazios, podendo ser ou não atos preenchidos pela intuição. Já o ato intuitivo se dá sempre de forma plena (Fülle), e os seus conteúdos possuem a função de representar a plenitude do objeto.

O ato intuitivo permite que compreendamos a relação de fundamentação existente das ciências de fatos nas ciências eidéticas. Husserl apresenta a concepção de que quão mais alto as ciências de fato tenham em seus alicerces “ciências eidéticas aprimoradas e delas tire proveito para suas fundamentações, tanto mais aumentará também em amplitude e força seu desempenho cognitivo-prático”. A intuição eidética remete-nos à saída dos universais empíricos para irmos em direção dos universais de essência. Isso quer dizer que a fenomenologia abre um novo campo de saber, campo esse que se coloca como seguro para as ciências de fato. Quanto mais aprimorada a ciência eidética for, mais seguro será o seu conhecimento.

Husserl propõe uma nova base de fundamentação do conhecimento na fenomenologia. Como a matemática expressa suas verdades lógicas (1 + 1 é sempre 2), caracterizando seu conhecimento como imutável, as ciências empíricas, se também desejam assegurar as suas “verdades”, devem buscar, segundo Husserl, as verdades de essência, revelando assim aquilo que as fundamenta enquanto tais. As verdades de essência revelam-se assim como aquilo sem o qual o objeto empírico não pode ser definido como o próprio objeto. Essas verdades caracterizam-se por serem “mais profundas e mais fortes do que as verdades empíricas. De fato, são tão profundas e fortes que as pessoas, geralmente, tomam-nas por certas e não veem razão para defendê-las”.

Podemos então afirmar que quando realizamos a redução fenomenológica em busca das verdades eidéticas sempre as encontramos? Como sabemos se essas verdades eidéticas são de fato legítimas? Conforme Sokolowski, não estamos impossibilitados de cometer enganos ao realizar a redução fenomenológica, pois podemos escorregar para a pura fantasia sem essências. Sokolowski cita o exemplo da cidade “perfeita” imaginada por Sócrates como uma intuição extraviada.

Para Sokolowski, A cidade de Sócrates, o soberano de Hobbes, as utopias marxistas, a consciência cartesiana e a natureza matematicamente ideal sofrem todos de um excesso de imaginação. São intuições extraviadas, projetos de fantasia e não expressões do mundo no qual verdadeiramente vivemos.

Para evitarmos tais erros metodológicos, onde aquilo que é intuído é totalmente diferente daquilo que percebemos empiricamente, Sokolowski nos orienta a tentarmos refutar ao máximo as premissas as quais utilizamos para defender o nosso argumento, podendo apresentá-las em debates e imaginando contra-exemplos. Sendo assim, para a nossa proposta ter validade metódica, não podemos nunca negar a relação entre aquilo que propomos eideticamente com os universais empíricos, ambos não podem se contradizer, pois os universais empíricos servem como fundamentação para os universais eidéticos. “Os universais eidéticos vão além do empírico, mas repousam neles e não deveriam destruí-los”. Nessa perspectiva, as tentativas de Sócrates e Hobbes, que anteriormente citamos, são válidas enquanto pensamentos ideais, utopias, mas acabam por contradizer os universais empíricos, pois a teoria não consegue se sustentar na prática, distanciando-se dela em seus pontos centrais.

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A PRIORI DA CORRELAÇÃO

Sujeito e Objeto, dois pontos de vistas distintos em Husserl, na análise fenomenológica husserliana, são inseparáveis.

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O modelo, proposto pela fenomenologia, de método, contemporaneamente, continua sendo utilizado e tem se mostrado como um método capaz de trazer luz a problemas aparentemente difíceis de resolução. São diferentes as ciências que estão se beneficiando do método, dentre elas: a neurociência, a psicologia, a enfermagem, a educação, entre outras. No entanto, ainda é preciso que investiguemos a proposta de Husserl, pois muitas são as contradições que encontramos naqueles que se utilizam somente do método fenomenológico sem levar em consideração todo o pensamento que envolve a sua teoria.

Diante disso, ponderamos alguns aspectos centrais da teoria que aqui investigamos, almejando auxiliar aqueles que se desafiarem a trilhar o caminho proposto pela fenomenologia:


1º aspecto: a atitude natural, posição originária da consciência, pode ser compreendida como um ato da consciência que já revela em si a possibilidade de uma mudança de orientação diante do mundo e das coisas. Na atitude natural, a intencionalidade da consciência está em ação, cabendo unicamente a nós mudarmos nossa atenção dos fatos empíricos para irmos em busca das essências que fundamentam e que fornecem sentido para o fato. A atitude natural não pode ser entendida enquanto uma atitude puramente não-filosófica em função de existiram antecipações da atitude fenomenológica na atitude natural;


2º aspecto: caso permaneçamos em nossa postura originária não conseguiremos ir ao encontro das coisas mesmas, daquilo que doa sentido ao mundo e aos objetos. Somente descobriremos aquilo que doa sentido aos atos intencionais se voltarmos nossa atenção para a atitude fenomenológica, sendo esse o principal convite da fenomenologia husserliana;


3º aspecto: a fenomenologia tem como base ser um método, uma atitude, e não uma doutrina filosófica. Isso fica evidente quando Husserl apresenta a mudança de postura do ego diante do mundo e das coisas, não mais se restringindo à perspectiva da experiência empírica, mas sim buscando um alicerce indubitável para estabelecer o saber;


4º aspecto: a fenomenologia almeja apresentar, a partir da epoché, um mesmo local de significação das coisas e do mundo. Independente da ciência, na fenomenologia encontramos um ponto de unidade do conhecimento.

Se relembrarmos, as questões que motivaram o surgimento da fenomenologia foram: a fragmentação do saber apresentado pelos diferentes métodos utilizados pelas ciências naturais; uma resposta ao descrédito das ciências humanas atribuído pelo positivismo; e ao desejo da psicologia enquanto alicerçada em bases empíricas e causais almejar se tornar a ciência das ciências. Entretanto, podemos nos questionar se atualmente esses problemas ainda não permanecem. Não estamos ainda pensando o conhecimento de forma cartesiana, dividido em blocos, disciplinas? Não estamos, ainda hoje, almejando um conhecimento que vise a interdisciplinaridade? O conhecimento mais valorizado em nosso período não é o tecnológico e científico? Se de fato essas questões permanecem, podemos então dizer que a fenomenologia continua se apresentando como um modelo de pensamento que pode auxiliar na resolução dessas diferentes questões.

A fenomenologia revela-se como um campo filosófico, que precisa ainda ser desbravado com maior rigor, tendo em vista as suas possíveis contribuições, pois essas ainda não parecem ter sido de fato aproveitadas pelas diferentes ciências. O projeto filosófico da fenomenologia não se apresenta como findado em Husserl, entretanto se mostra como um método que pode ser utilizado por diferentes pesquisadores em diferentes áreas. Compreendemos isso ao depararmos com os pensadores que continuaram essa tradição, dentre eles: Martin Heidegger, Edith Stein, Maurice Merleau-Ponty, Jean-Paul Sartre, Emmanuel Levinas, Michel Henry, etc. A fenomenologia ainda pode ser um campo muito proveitoso de análise e pesquisa, somente necessita de pessoas dispostas a saírem de uma postura natural de investigação, voltando-se para o olhar fenomenológico, o olhar que pretende mostrar a relação permanente que existe entre as diferentes ciências. [58] [59]

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_________DIAGRAMA 16_________

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2. Epoché Quântica

EM CONSTRUÇÃO….

O tema da fenomenologia e da física quântica é abordado aqui examinando alguns aspectos interpretativos básicos na física quântica. Uma questão-chave na teoria quântica, desde o início, tem sido se é possível fornecer uma ontologia quântica das partículas em movimento do mesmo modo que na física clássica, ou se estamos restritos a permanecer dentro de uma visão mais limitada dos sistemas quânticos, em termos de fenômenos complementares, porém, mutuamente exclusivos. Em termos fenomenológicos, podemos descrever a situação dizendo que, de acordo com a interpretação usual da teoria quântica (especialmente a de Niels Bohr), os fenômenos quânticos requerem uma espécie de epoché (isto é, uma suspensão de pressupostos sobre a realidade ao nível quântico). No entanto, existem outras interpretações (especialmente as de David Bohm) que parecem restaurar a possibilidade de uma ontologia independente da mente no nível quântico. Mostraremos que mesmo essas interpretações ontológicas contêm características novas e não clássicas, o que exige que elas desempenhem um papel especial nos “fenômenos” ou “aparências”, um papel que não se encontra na física clássica. Concluímos que, embora as interpretações ontológicas da teoria quântica sejam possíveis, a teoria quântica implica a necessidade de um certo tipo de epoché, mesmo para esse tipo de interpretação. Embora seja diferente da epoché ligado à descrição fenomenológica, a “epoché quântica”, no entanto, aponta um paralelismo potencialmente interessante entre fenomenologia e filosofia quântica. [60]

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MATÉRIA – ANTIMATÉRIA: UMA CONCEPÇÃO DO UNIVERSO

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cosmos

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Hoje se especula que o nosso universo pode ser o “espelho” de um universo de antimatéria, que se estende no tempo antes do Big Bang. É a conclusão de uma equipe de físicos no Canadá.

Nosso artigo, publicado originalmente no jornal QUANTUM, do Centro Acadêmico do Departamento de Física, UFC, em novembro de 1998, nós já sugeríamos algo semelhante. 

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Sabemos, então, que a MATÉRIA, do ponto de vista científico, é a substância dos corpos físicos, caracterizada principalmente por sua massa e carga elétrica. Às menores entidades isoláveis, constituintes de toda a matéria do universo conhecido, dá-se o nome de partículas elementares. Há diversos tipos de partículas elementares, classificadas de acordo com a massa e outras propriedades físicas, como o momento angular(grandeza associada ao movimento de rotação). A cada tipo de partícula corresponde outra – genericamente denominado antipartícula – que tem a mesma massa e cuja carga elétrica e momento angular têm os mesmos valores numéricos da partícula correspondente, porém com sinal oposto. Assim, as designações matéria e antematéria são um modo de descrever as partículas subatômicas presentes no universo, e expressam a propriedade física conhecida como SIMETRIA.

Observa-se, também, que uma partícula não pode se associar à antipartícula correspondente, pois suas propriedades simétricas se anulam e ambas, mutuamente aniquiladas, têm a massa convertida em energia. Como a antimatéria é tão estável quanto a matéria – quando ambas não estão em contato, o acúmulo e combinação de antipartículas, em teoria, pode formar antiátomos que produziriam, em conjunto, corpos de antimatéria. Após a comprovação experimental da existência de antipartículas, confirmou-se a possibilidade de gerá-las, em laboratório, junto com suas partículas associadas, por processos inversos ao da aniquilação radioativa e que envolvem altíssimas energias. A produção de antiátomos em laboratórios impõe aos cientistas uma dificuldade básica: as antipartículas obtidas encontram muito rapidamente, no espaço a sua volta, as partículas que lhe corresponde, e por isso se desintegram quase imediatamente.

Hoje, embasado em teorias mais completas, obtidas de observações mais detalhadas do cosmo, os cientistas presumem que no momento da grande explosão – já no final do “último instante“, após o fenômeno de aniquilação da matéria – haja restado, no cômputo geral dos colapsos, um resíduo de partículas materiais as quais constituiriam o universo atual. (…) Mas como podemos aceitar tal resultado, se as quantidades de partículas e antipartículas originariamente eram equivalentes?!

A teoria mais aceita para a origem do Universo é a do Big Bang que diz que tudo se iniciou numa grande expansão. Nos primeiros instantes o universo não era constituído por matéria, mas sim por energia sob forma de radiação. O universo então passou a expandir-se e, consequentemente, a arrefecer. Pares de partícula-antipartícula eram criados e aniquilados em grande quantidade. Com a queda de temperatura a matéria pôde começar a formar hádrons, assim como a antimatéria a formar antihádrons, pois matéria e antimatéria foram geradas em quantidades iguais. Atualmente, no entanto, parece que vivemos em um universo onde só há matéria.

Refletindo sobre o famoso segundo-final e admitindo-se o fenômeno da grande explosão como que ocorrendo num local específico, ponto definido dentro de um vácuo quântico, é possível lançarmos uma luz sobre aqueles últimos acontecimentos do Big Bang, se, também por hipótese, existir um LIMITE entre o dito vácuo e o Universo (o ponto especificado dentro do vácuo). Para procedermos a construção de nosso modelo, necessitamos definir a natureza física da substância constituinte daquela linha divisória e sua relação com as partículas aceleradas dentro do ponto de singularidade.

Interessante que minha imaginação aqui vem do o tempo em que eu e minha família morávamos na “beira do mar” em Fortaleza, entre os anos de 1967 e 1976, na avenida Presidente Kennedy, mais conhecida como Beira Mar, quase em frente a praia do Mucuripe: durante a noite, como meu quarto ficava de frente para o oceano, se ouvia as quebrações marinhas bem forte; nas marés de janeiro, quando o mar ficava mais bravo, as ondas chegavam a banhar o asfauto… tempos de sonhos e fantasias de minha criancice mas que, repentinamente, foram interrompidos pela morte de minha mãe; daí em diante, então, passei a questionar tudo e todos… porém, paradoxalmente, a partir de então, apesar dos descaminhos, comecei a deslumbrar-me com a Vida, com a Natureza… e com o Mar…este, sim, meu companheiro eterno, me ensinou muito… muitas saudades!!!

Observando as ondas entre os barrancos de areia a beira mar, verificamos a formação de contra-ondas (ondas refletidas) que se originam pelo impacto das ondas do mar nas barreiras prainas: no momento em que se chocam, onda e contra-onda, verificamos que pode dá-se um estilhaçar de massa d’água para todos os lados, como que formando o espinhaço de um camaleão; mas, isso, só se ambas as ondas já se encontrarem quebrando antes da colisão: sabemos que as ondas não transportam matéria, mas energia e momento; entretanto, a chuveirada d’água, acontece devido ao choque de massas líquidas deslocando-se em sentidos opostos, decorrentes, sim, de ondas degeneradas… Mas qual a relação de tudo isso com aquele limite primordial?!

Sabemos que, em um ponto de singularidade, a previsibilidade dos fenômenos através da aplicação das leis físicas, é impraticável; entretanto, imaginando a existência da nossa substância primordial, limite entre o vácuo quântico e o universo, como um sistema deformável, cuja estrutura se definisse mediante sua interação com as partículas aceleradas, poderíamos supor que as colisões – diferenciadas segundo a energia específica de cada partícula – se processariam de duas maneiras gerais: uma partícula, cuja velocidade fosse superior à velocidade da luz (o físico João Magueijo –  doutor em Física Teórica pela Universidade de Cambridge e professor do Imperial College, em Londres -, propôs uma teoria na qual a luz se propagaria mais depressa do que faz hoje: isto se daria no universo primordial, ou seja, logo após o Big Bang), seria refletida e lançada numa velocidade contrária, quando da sua colisão com a tal substância; porém, partículas com velocidade proporcionalmente menor, conseguiriam atravessá-la livremente. Os dois tipos de eventos se explicariam pela variação de densidade do sistema deformável, função da velocidade de cada partícula: sobre as partículas com maior rapidez, a densidade forte resultante, causaria enorme pressão fazendo-as retroceder; mas, nas partículas menos velozes, não teria efeito a densidade, pois, nestes casos , seria quase nulo o seu valor.

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Em nossa LENTE, universo e anti-universo, ambos se propagam em direções opostas, paralelas e não coincidentes.

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Poderíamos bem comparar tal limite com uma lente semi-transparente, pois as direções tomadas no espaço pelas partículas seriam conforme a estrutura variável da lente: para as partículas velozes a lente funcionaria como um espelho que as reflete totalmente; mas para aquelas partículas lentas, seria como um meio transparente, no qual as partículas seguem livremente. Para facilitar nosso diálogo, de agora em diante nos referiremos àquela substância, limitante do universo e do vácuo quântico, denominando-a simplesmente de LENTE (ver diagrama 1).

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__________DIAGRAMA 17_________

 

Tudo leva a crer que, o processo cósmico acima, se comportaria semelhantemente àquelas quebrações marinhas à beira mar. Quando refletida, a matéria se comportaria como antipartícula, e, assim, encontrando, dentro da singularidade, sua antipartícula correspondente (matéria antes de sua reflexão), dá-se-ia um colápso mútuo dos pares, envolvendo a matéria e a antimatéria, liberando energia à vizinhança. Por outro lado, também, a matéria que supomos anteriormente ser capaz de deslocar-se livremente através da lente, continuando seu trajeto, formaria o que conhecemos como o universo em que vivemos. Ainda, simultaneamente, estas mesmas partículas do nosso mundo poderiam estar se dirigindo para uma nova concentração infinita em um outro ponto qualquer do vácuo quântico, (pois, também, essa lente funciona igualmente uma lupa que concentra os raios luminosos incidentes), no qual se originará um novo universo, dito paralelo, numa outra grande explosão – noutro Big Bang. Mas, por simetria, também existe um anti-universo, dado que parte das antipartículas, originadas da reflexão, não se chocando com seus pares antípodas e ultrapassando a lente em sentido contrário, formariam, do “outro lado” desta lente, um mundo de antimatéria. Tudo ocorrendo, então, simetricamente.Assim, é fato, no processo de sua expansão, o nosso universo, hoje, estar desenvolvendo velocidades precisas para continuar sua “travessia” nesta dita lente, pois, do contrário, certamente nos depararíamos com o anti-universo e explodiríamos numa grande bola de fogo.

Nossa LENTE se revela, assim, como a responsável pela quebra de simetria CP, a qual, como consequência, deu origem à matéria do nosso Universo: isto, claro, possibilitado pela incidência, nela, da gigantesca energia existente na singularidade do Big Bang.

Ressaltamos, ainda, que estando os nossos raciocínios amparados no princípio da incerteza de Heisenberg e na famosa equação de Einstein, E = mc², as quantidades de matéria e antimatéria, originariamente equivalentes no começo do Universo, podem, sim, se distribuírem segundo nossas especulações acima. Dessa forma, então, fica respondida a pergunta colocada logo no início de nosso texto. [4]

Em seu livro O Universo numa Casca de Noz, Stephen Hawking nos relata: “Além da matéria o Universo pode conter a denominada energia do vácuo, uma energia que está presente mesmo no espaço aparentemente vazio. Pela famosa equação de Einstein, E= mc², essa energia do vácuo possui massa. Isso significa que ela exerce um efeito gravitacional sobre a expansão do universo. Mas, notadamente , o efeito da energia do vácuo é oposto ao da matéria. A matéria faz a expansão se retardar e pode acabar parando e revertendo-a. Já a energia do vácuo faz a expansão se acelerar, como na inflação. Na verdade, a energia do vácuo atua exatamente como a constante cosmológica que Einstein acrescentou às suas equações originais, em 1917, ao perceber que elas não admitiam uma solução que representasse um universo estático. Após a descoberta de Hubble sobre a expansão do universo, essa motivação para acrescentar um termo às equações desapareceu, e Einstein rejeitou a constante cosmológica como um erro. 

No entanto, pode não ter sido um erro: percebemos agora que ateoria quântica implica que o espaço-tempo está repleto de flutuações quânticas. Em uma teoria supersimétrica, as energias positiva e negativa infinitas dessas flutuações do estado fundamental se anulam entre partículas de spins diferentes. Mas não esperaríamos que as energias positivas e negativas se cancelassem tão completamente que não sobrasse uma quantidade pequena e finita de energia do vácuo, porque o universo não está em um estado supersimétrico”… Daí, em resumo, o universo foi criado a partir do vácuo! Observa-se ainda uma grande semelhança entre as nossas especulações e as hipóteses de Hawking!  

Mas como é possível encontramo-nos com nós mesmos, “materialmente” falando, voltando de um local que ainda nem mesmo tomamos conhecimento da sua existência?!… Certo dia, quando esperava minha esposa do lado de fora de uma agência bancária, cuja fachada era de vidro semi-transparente, elaborei a seguinte reflexão: se considerássemos o lado de fora da agência como o lado externo ao nosso universo e, o interior da mesma, como sendo o próprio universo conhecido: para as pessoas dentro da agência o meu eu material é existente, pois, parte da energia radiante que se origina de meu corpo, imagem real ( o eu partícula), chega aos olhos das pessoas dentro da agência; mas, quando o referencial é o eu mesmo, deixo de existir, pois, se considerarmos minha imagem refletida no vidro do prédio como o anti-eu (minha antimatéria), e sabendo que este fatalmente encontrar-se-á com o eu (minha matéria), instantaneamente se dá uma desintegração, fazendo ambos, eu e anti-eu, deixarem de existir. Seria como se dentro da agência (do universo), imperasse o Ser, fora da agência (do universo), imperasse o Nada. Tudo isso relacionaria-se ao caso da hipótese do adolescente Einstein, o qual afirmava que após ultrapassarmos a velocidade da luz, nos depararíamos com o Nada?! Embora as ideias desenvolvidas acima tenham me ocorrido logo quando iniciei o curso de Física(UFC) – resultado, então, mais do produto da minha imaginação do que de um trabalho científico-, estas revelaram estar em certa sintonia com a teoria de Paul Dirac, o qual, realizando a grande unificação da relatividade einsteniana com a teoria quântica, sugere a existência de dois mundos, um positivo e outro negativo: segundo Dirac, as antipartículas encontradas nos laboratórios tratar-se-iam de furos no Nada!

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Aqui diante do computador, é plausível nos imaginar como que viajando em uma lente multidimensional muito especial, mas de tal forma que nossa velocidade deve ser finita, ou seja, o valor de tal velocidade tem de se manter dentro de limites que garantam nossa travessia, nossa existência neste mundo.

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Podemos ainda, porém, elaborarmos nosso modelo de tal forma que se adeque à teoria do “Universo Eterno” de Mário Novello: segundo sua teoria, a singularidade, Big Bang, nunca ocorreu, mas o universo, sim, teria passado, em algum instante de sua história, por um grande colápso, onde toda a matéria estava super condensada. Assim, conforme nossa teoria, então, no lugar da singularidade, teríamos uma região do vácuo quântico com grande concentração de matéria-energia e, em sua volta, o espaço-tempo totalmente distorcido, encurvado. Os efeitos do princípio da incerteza de Heisenberg continuariam atuando mas, agora, junto com a relatividade geral. É natural e óbvio, nessa altura dos acontecimentos, deduzirmos que nossa lente, na verdade, é o contínuo espaço-tempo que ora pode ser plano, ora pode ser encurvado (ver diagrama 2). 

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_________DIAGRAMA 18________

É notável, portanto, que, com a noção da natureza “material” e “antimaterial” do universo, tenhamos construído uma estrutura que enseja a existência de universos paralelos. Mas estabelecendo, agora, um paralelo entre nosso modelo e a teoria que Ronald Mallett desenvolveu para a construção da possível máquina do tempo, é incrível tamanha coincidência no que diz respeito ao processo que rege as interações entre nossa lente e as partículas que a atravessam: para distorcer uma diminuta região do contínuo espaço-tempo, este físico notável propôe a utilização de lazeres de alta intensidade; então, se arremessarmos partículas nesta região, se supõe que tais partículas, superando a velocidade da luz (aqui não se contradiz o postulado de Einstein, pois, o encurvamento do espaço-tempo, é o que torna possível ultrapassar a velocidade da luz), saltem para tempos no passado ou no futuro de nosso tempo presente. Por exemplo, introduzindo uma única partícula na máquina, constata-se que ela desaparece; passado algum tempo, porém, esta partícula reaparece; deduz-se, então, por hipótese, que tal partícula esteve em outro ponto de nosso contínuo espaço-tempo e, no momento da reaparição, retorna ao ponto no qual foi introduzida por nós… eis aí a viagem no tempo. O filme, A MÁQUINA DO TEMPO, é surpreendentemente atual, mesmo em se tratando de uma produção baseada no livro de H. G. Weels de 1895: o protagonista desta estória constrói uma máquina baseada na utilização de uma radiação eletromagnética muito intensa que distorce o espaço-tempo… Recomendamos, a todos, que assistam a este filme; vê-lo é muito prazeiroso, ainda melhor, agora, com o entendimento que, acreditamos, conseguimos alcançar. Por fim, portanto, aqui diante do computador, é plausível nos imaginar como que viajando em uma lente multidimensional muito especial, mas de tal forma que nossa velocidade deve ser finita, ou seja, o valor de tal velocidade tem de se manter dentro de limites que garantam nossa travessia, nossa existência neste mundo.

Por fim, podemos, ainda, fazendo um paralelo entre nossa LENTE e o HORIZONTE DE EVENTOS de um Buraco Negro, reivindicar todos os fenômenos ligados à RADIAÇÃO DE HAWKING como pertinentes também ao funcionamento de nossa LENTE. 

 

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Capítulo 4

CULTURA OCIDENTAL:

VERDADE – BONDADE – CULPA – PECADO

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VIRGEM MARIA: A TERRA, O FEMININO, A SOMBRA NO SÍMBOLO QUATERNÁRIO CRISTÃO

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De acordo com Carl G. Jung, o símbolo cristão da Trindade não é um símbolo adequado ao processo de Individuação. Segundo Jung, a presença de três elementos (Pai, Filho e o Espírito Santo) não comporta de forma satisfatória o todo da psique, pois, a Trindade exclui o 4º elemento – ou seja, os aspectos materiais e femininos, renegando-os a sombra. “Quando uma FÊMEA, por natureza, tão PERVERSA, torna-se SUBLIME pela SANTIDADE, então ELA pode ser o nobre veículo da GRAÇA” (UMBERTO ECO, O Nome da Rosa). Entretanto a exploração em profundeza do inconsciente ensina que os símbolos ternários são símbolos incompletos. A totalidade exprime-se em símbolos quaternários. As Três Pessoas Divinas são perfeitas. O Mal está excluído do conceito cristão de Deus que é, por definição, o summum bonum; também está excluído deste conceito o princípio feminino, pois a Trindade tem caráter exclusivamente masculino. Mas o inconsciente não permanece estático. Daí, a aspiração crescente no seio da igreja católica, em 1950, foi promulgar o dogma da Assunção de Maria. Segundo Jung este acontecimento significa satisfação a exigências do arquétipo da quaternidade, muito embora o dogma não implique que a Virgem haja atingido o status de deusa. Observe-se que enquanto as Três Pessoas Divinas são espíritos, são seres imponderáveis, a Virgem é frequentemente associada à terra, ao corporal. Santo Agostinho toma a terra como simbolo da Virgem (“A verdade surgiu da terra porque Deus nasceu da Virgem”). E nas ladainhas Ela é invocada com as qualificações de “hortus” conclusos e de jardim fechado. Note-se ao mesmo tempo que, no cristianismo, a ideia do mal acha-se estreitamente correlacionada à matéria (terra) e à mulher. Na matéria prima dos filósofos da natureza medievais está presente uma qualidade venenosa que representa o princípio do mal. No nível consciente o cristianismo venera na Virgem, a imaculada, a luz puríssima. Ela não tem sombra. Entretanto quem examinar a iconografia mariana ficará surpreendido de encontrar tantas Virgens negras e tão devotamente honradas. A tríade é também um arquétipo, e como força dominadora não apenas favorece uma evolução espiritual, como a obriga, em determinada circunstâncias. Mas logo a espiritualização ameaça assumir um caráter unilateral e prejudicial à saúde, e neste caso o significado compensatório da tríade passa inevitavelmente para o segundo plano. O Bem não se torna melhor, mas pior, quando se exagera o seu valor, e um Mal de pouca monta se torna grande, quando se lhe não presta devida atenção e é recalcado. A sombra é uma componente da natureza humana. [14]

 Nise da Silveira – JUNG Vida e Obra

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TRAGÉDIA: APOLO versus DIONÍSIO

 

O grande elogio ao MUNDO TRÁGICO, Nietzsche o realizou em seu primeiro livro, O Nascimento da Tragédia. Aí ele descreve a tragédia como união de dois impulsos básicos da natureza: o impulso dionisíaco e o impulso apolíneo.

Ao IMPULSO DIONISÍACO, assim nomeado em referência ao deus Dionísio, pertencem todas as forças que estão presentes na vida sob a forma de êxtase, união cósmica com a Natureza em alegria ou sofrimento, expansão, intensidade, fecundidade, eterna transmutação. Dioniso é o caos originário, o sem fundo proliferante a partir do qual se produzem todas as formas; o conjunto das forças do mundo em eterno movimento de expansão e de intensificação, prenhe de virtualidades, aspirando a alguma forma possível.

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Ao IMPULSO APOLÍNEO, que faz referência ao deus Apolo, pertencem as forças ligadas a processos de dar forma, limites, contornos, individualidade, clareza e direção a impulsos originalmente caóticos. A tragédia realiza, pois, essa união dos dois impulsos, ao dar forma estética às profusões transbordantes da vida.

Entretanto, a angústia diante dos perigos desse caos originário, dionisíaco, levou o homem grego a achar que não bastava disfarçá-lo sob o manto da bela forma apolínea: era preciso discipliná-lo, ordená-lo, dividindo-o em verdades e falsidades, em categorias de Bem e de Mal. Era preciso substituir esse saber intuitivo, artístico, por um conhecimento racional, capaz de permitir o CONTROLE DO MUNDO.

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Beijo entre erastes e eromenos.

Sexualidade na Grécia Antiga

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HOMEM…

Divino porque criação, Natural porque evolução e Histórico porque socialização. Em termos naturais, já fazem milhões de anos que a nossa herança genética está formada e, assim, o homossexualismo (lésbicas e gays), a bissexualidade, etc., são mais antigos que qualquer ideologia criada pelo homem. Sejamos, portanto, mais esclarecidos e honestos com relação a nossa sexualidade

__Rogério Fonteles Castro__ 

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É importante ter cuidado em não utilizarmos termos e conceitos sexuais de nosso tempo para caracterizar a pederastia e as relações na Grécia Antiga.De acordo com análises e estudos históricos, a pederastia aparece ou de uma maneira totalmente idealizada ou de forma caricaturada. Ao refletir sobre o termo homossexualidade, constata-se que ele tem sua origem por volta do século XX, logo, os antigos atenienses não se tratavam ou referiam-se a si como homossexuais, muito menos se sentiam à margem da sociedade, como se isso fosse algo anormal. Por isso é necessário cuidado ao utilizar tais termos para que não haja interpretações errôneas sobre essas relações. É equivocada a interpretação de que as sociedades e indivíduos atenienses no período clássico eram desprovidos de preconceitos e que, por isso, relações entre pessoas do mesmo sexo biológico eram aceitas e acolhidas. O contexto histórico e as formações culturais e individuais devem ser considerados ao se fazer qualquer análise, pois são divergentes do que se compreende nas sociedades ocidentais contemporâneas. [65]

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Isso foi realizado pela METAFÍSICA e pela MORAL, a primeira fundando um mundo verdadeiro por meio da RAZÃO; a segunda fundando um mundo bom por meio do imperativo MORAL. Mas, ao fazer isso, o homem grego passava a selecionar, filtrar os impulsos da natureza: doravante somente aqueles disciplináveis e ordenáveis em termos de valores de Verdade e de Bondade passariam na seleção. E a VIDA, que para os trágicos era integralmente justificada, passou a ter uma parte considerada falsa e outra má, portanto ambas repudiáveis.

HUMANISMO E RACIONALISMO versus TEOCENTRISMO E DOGMATISMO

Em O NOME DA ROSA, Umberto Eco trás-nos uma confrontação entre a Razão restabelecida no Renascimento através do resgate da cultura greco-romana e a Fé Cristã pregada pela Igreja Medieval.

Culturalmente, então, destaca-se o MOVIMENTO RENASCENTISTA que surgiu em Florença no século XIV e se propagou pela Itália e Europa, entre os séculos XV e XVI. O renascimento, enquanto movimento cultural, resgatou da antiguidade greco-romana os valores antropocêntricos e racionais, que adaptados ao período, entraram em choque com o teocentrismo e dogmatismo medievais sustentados pela Igreja.

Hoje em dia, entretanto, não há como encararmos tais controvérsias raciocinado apenas a com a pouca visão dos medievais ou dos renascentista. Ou seja, tendo em vista os grandes avanços da ciência e da filosofia hodiernamente, devemos nos amparar no novo paradigma vigente: a COMPLEXIDADE.

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Com a FILOSOFIA SOCRÁTICA nasciam os valores metafísicos e os valores morais, transferindo o lógos (=razão) e a dikê (=justiça), que para os trágicos eram imanentes ao cosmos, para a esfera das habilidades e decisões humanas, dando forma, então, às noções de inteligência, responsabilidade e culpa. O HOMEM, finalmente, ocupava o centro do mundo, esconjurando todas as forças misteriosas que um dia aprendera a respeitar. Rapidamente, a tragédia declinou e desapareceu.

A Esquilo, Sófocles e Eurípedes (que Nietzsche já considerava um trágico decadente) seguiram-se Sócrates, Platão, Aristóteles. A vida perdia sua FECUNDIDADE e sua PROFUSÃO CÓSMICA em formas disciplinadas, ordenadas.

Intensidade cedia lugar ao meio-termo: do MUNDO REAL – multiproliferante -, ao MUNDO IDEAL – o mundo das Ideias platônicas, o universo dos conceitos e da lógica aristotélicos -, à medida que esse segundo mundo, o ideal, tornava-se critério do primeiro, passando a avaliá-lo, discriminá-lo, selecioná-lo, hierarquizá-lo; ou, num só termo, a controlá-lo a partir de critérios metafísicos e morais, quer dizer, de critérios racionais.

Quando surgiu o CRISTIANISMO, mais tarde, ele só veio reforçar e dar forma a esse ascetismo, através da noção de pecado, que se sobrepôs à de culpa. O homem radiante, inocente, puro esplendor, que já se tornara responsável e culpado, torna-se, então, PECADOR num mundo gerador de pecado, só lhe restando renunciar à vida terrena, “má”, e ao mundo real, “pecaminoso”, por uma vida eterna, “boa”, e um mundo imaginário, “redentor”. Estava fundada a CULTURA OCIDENTAL. [66]

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 OS VIKINGS NA EUROPA
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Fenômeno singular ocorrido historicamente na Europa Medieval: a invasão do território europeu pelos povos Vikings, através da qual se gerou um grande conflito entre a religião pagã dos Vikings e a religião cristã dos europeus, é um exemplo da guerra travada há milênios entre as vertentes ascendente e descendente as quais analisaremos mais a frente com Ken Wilber.

Conforme as fontes literárias sobre a Era Viking – Eddas e Sagas – os vikings não eram particularmente religiosos, eram muito mais pragmáticos e realistas. No paganismo nórdico não havia fanatismo, mas em suas práticas haviam rituais e culto aos ancestrais. A magia se caracterizava por uma religiosidade xamânica baseada no contato com os mundos sobrenaturais, para a obtenção de conhecimento.

Na cosmologia viking, portanto, a REALIDADE factual se manifesta a partir de NÍVEIS sobrepostos de realidades potenciais que se interconectam pela ação de deuses antropomórficos. Daí, tal cosmologia se assemelhar à realidade postulada pela  MECÂNICA QUÂNTICA, ou seja: a REALIDADE se estabelece partindo daquilo que seria a SUPERPOSIÇÃO DE VÁRIAS HISTÓRIAS. 

Como podemos constatar, na cultura viking e na cultura cristã, a primeira praticava a linguagem não-linear e a segunda exercia uma linguagem linearizante. Isto se revelará muito importante na compreensão da história e da filosofia da civilização ocidental.

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Capítulo 5

TRADIÇÃO JUDAICO-CRISTÃO

versus

TRADIÇÃO ORIENTAL-PAGÃO

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O HOMEM é o sacerdote para quem o MUNDO é um templo grandioso onde a sua RELIGIÃO é o culto do ENIGMA indecifrável da EXISTÊNCIA: a NATUREZA.

__________ Fritz Kahn__________

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“Por ocasião de um recente simpósio sobre a ‘Teologia da Sobrevivência’ houve consenso geral no sentido de que as tradicionais atitudes cristãs – rejeição da crença pagã divinizadora da Natureza e colocando o Homem como centro, mantendo a Natureza subserviente a ele – contribuíram para a superpopulação, a poluição do ar e da água e outras ameaças ecológicas. Durante vários séculos, a teologia tradicional tendeu a distanciar o homem da Natureza; ao enfatizar o valor da Natureza somente na medida em que ela contribui para o bem-estar do homem, a teologia tradicional sancionou a exploração do meio pela ciência e pela tecnologia.

 

ETERNO RETORNO – NIETZSCHE

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“O critério do Eterno Retorno é a norma para aquilo que se quer fazer infinitas vezes”, diz-nos o filósofo Clóvis de Barros Filho. Ou seja, desejar viver segundo o viés nietzschiano do Eterno Retorno, é realizar algo que nos dá prazer sempre, mesmo ao se repetir um número infinito de vezes. Daí, se corrêssemos o perigo de nossa vida se repetir ao infinito, pelo menos estaríamos fazendo aquilo que realmente desejamos para toda a eternidade. Assim, prestemos bem atenção ao que verdadeiramente desejamos para nossas vidas.

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Pode parecer surpreendente que os valores religiosos sejam fatores básicos na crise ambiental. A religião tradicional como forma de fé exteriorizada tornou-se vazia de significado para muitos. Como expressão simbólica dos valores transpessoais do ser humano e seu relacionamento com esses valores, a religião tradicional perdeu muito de sua força. No entanto, as convicções e as premissas básicas sobre as quais se alicerça uma cultura não apenas são derivadas da crença religiosa, mas são idênticas a ela. Assim, como o ‘burguês gentil-homem’ de Molière, que se surpreende ao descobrir que ‘falou em prosa’ a vida inteira, o homem racional moderno poderá ficar chocado ao compreender que sua atitude em relação à Natureza e à sobrevivência é a expressão de seus valores religiosos.

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QUE SEJA EM SEGREDO
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Houve um tempo em que o desejo sexual transpôs os limites da espiritualidade reclusa. Os homens procuraram profanar os conceitos de virtude que os oprimiam e aos quais se submetiam num próprio ato irreverente de maculação. Como poucas vezes, a interdição sexual teve a função de afrodisíaco. Era preciso degradar o fascínio do mal; espiritualizar o corpo e erotizar a alma. Para isso, nada como buscar o prazer na escuridão das celas dos conventos. [67]

Ana Miranda

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Secularizamos nossa religião ao retirarmos da Natureza e do mundo tangível o sentido do sagrado. As preocupações maiores com o transpessoal parecem reduzir-se a ideias abstratas sobre o controle tecnológico da realidade extraterrena. Tecnologia, produção e maior bem-estar físico tornaram-se, aparentemente, nossos deuses. Conhecemos os perigos do nosso ambiente envenenado e os poderes autônomos e demoníacos da máquina e, no entanto, o que parece mais ameaçador é a nossa visão da Natureza como sendo ‘nada mais’ que uma coleção de coisas insensíveis e irracionais, tornando-nos indiferentes ao seu espírito autônomo, ao DAIMON existente na Natureza. Nós nos alienamos, nos desviamos, de uma qualidade psíquica que poderia acelerar o conhecimento de nós mesmos. E, como toda alienação, esta ameaça com neuroses e psicoses tanto o homem coletivo quanto o indivíduo.  

Elíade afirmou que a transição de um ‘cosmos sagrado’ à ‘secularização da matéria’ levou à ‘secularização do trabalho’ e, se me permitem acrescentar, à secularização do lazer e do prazer. Ao tornar-se cada vez mais compulsivo e destituído do potencial criativo por servir apenas como instrumento de progresso e maior bem estar físico, o trabalho não possui o sentido do sagrado que lhe propiciaria uma satisfação existencial. O homem moderno, na sua corrida para ganhar tempo numa procura de satisfação que não mais encontra no trabalho, passa então a ‘matar’ esse tempo do mesmo modo compulsivo como aborda o seu trabalho. Sua busca de divertimentos hedonistas deve ser ‘bem-sucedida’, porém frequentemente está carregada de culpa e parece destituída de alegria. Ao alienar-se do sagrado, o mestre da Natureza está ameaçado de perder sua própria alma.

 

JESUS E NIETZSCHE

Nietzsche, apesar de toda hostilidade, considerava o símbolo do Cristo crucificado como “o mais sublime de todos os símbolos”. Afirmava mesmo que “Jesus continua sendo o único cristão que já viveu”.

Professor Dreyfus

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Vejamos estas ideias tradicionais da teologia judaico-cristã que, a nosso ver, ‘poluíram’ nosso pensamento. Os primeiros três mandamentos apresentam uma divindade separada do homem, o qual o moldou e o elegeu como exclusivo beneficiário das promessas divinas. A imagem desse líder patriarcal (o deus masculino, não dizendo respeito a figura de cristo) jamais deveria ser reproduzida (vamos dizer: idolatrada).

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O SÍMBOLO TRINITÁRIO CRISTÃO FOI TORNADO QUATERNÁRIO COM A ASSUNÇÃO DA VIRGEM MARIA


Os antigos filósofos da natureza representavam a Trindade – enquanto imaginata in natura (imaginada através da natureza) – como os três asomata, spiritus ou volatilia, ou seja, água, ar e fogo. A quarta parte integrante era o somaton, a terra ou o corpo. Eles simbolizavam esta última por meio da Virgem. Desta maneira, acrescentaram o elemento feminino à sua Trindade física, criando assim, a Quaternidade ou o círculo quadrado, cujo símbolo era o Rebis hermafrodita, o filius sapientiae ( o filho da sabedoria). 

______JUNG, C. G._______

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Ele existe exclusivamente para ser adorado. O sagrado está rigorosamente limitado ao ‘espírito’ abstrato, enquanto a experiência do sagrado nas manifestações concretas e materiais, tais como bosques, animais ou objetos do imaginário, são declaradas malignas. A imaginação simbólica foi banida. 

Em Jung, sua visão sobre religião difere
do Cristianismo tradicional, sobretudo a questão do Mal e a concepção de Deus, que não considerava só bom e protetor, mas também tentador
e destruidor.

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ego afirma a sua vontade contra obstáculos, dificuldades e adversários que são projetados sobre o mundo ou até mesmo contra partes de si mesmo (emoções, instintos, impulsos). A vida é vista como luta pelo poder num mundo de entidades separadas com a aparente sobrevivência do mais apto. E até mesmo a sobrevivência através do desenvolvimento pela mutação de qualidades superiores é considerada como acidental e não como organicamente integrada no cosmos

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NAS PROFUNDEZAS DA PSIQUE

PRENÚNCIO DE REAPROXIMAÇÃO ENTRE O SAGRADO E O PROFANO.

_________Marie-Louise von Franz_______

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Por meio da psicologia profunda aprendemos que quando a diferenciação entre ego e inconsciente é excessiva – chegando ao ponto de alienação – pode causar a fragmentação da personalidade e a desestruturação da psique. Essa ameaça, de modo geral, encontra seu paralelo nos acontecimentos mundiais. Retornar à nossa identidade ‘total’ instintiva não nos é possível; renunciar ao nosso nível de consciência, se fosse possível, significaria a regressão a um estágio primitivo já ultrapassado.

Devemos tentar, então, entender a ligação existente entre nosso organismo biopsicológico e os campos circundantes que o contém, para que um relacionamento consciente possa desenvolver-se entre eles. A fim de atingir esse objetivo, seria útil reconsiderarmos aquelas visões de REALIDADE UNITÁRIA do ser humano-mundo, mas que foram reprimidas pelo pensamento tradicional judaico-cristão.

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O ESPANTAMENTO NOS PROPICIA VIVER SIGNIFICATIVAMENTE 

O HOMEM DO SUBSOLO
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Este “ser do subsolo” ´é o fundamento do niilismo de Nietzsche, o qual nos chocalhando todo o ser, nos faz acordar, nos retirarmos da caverna, e caminhar no sentido do reencantamento do Universo, da Vida, do Mundo, volvendo-nos, assim, para uma existência mais verdadeira e plena!!!! 

______Jonas Madureira______

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Através dos séculos, este ponto de vista encontrou sua aplicação mais pragmática na ALQUIMIA. Conforme demonstrado por Jung, a alquimia é um conhecimento da psique assim como da Natureza e se ocupa com um método prático de transformação. O ‘Tratado de Ouro de Hermes’ fala supostamente do ‘corpo dos metais’ como ‘domicílios de seus espíritos’, a partir dos quais esses ‘espíritos podem ser extraídos na medida em que suas substâncias terrestres são gradualmente tornadas mais finas’. Paracelsus, o famoso médico alquimista do século XVI, fala do homem como sendo um MICROCOSMO, uma integração de processos e entidades que correspondem e interagem com o seu análogo no ‘macrocosmo’.” [8]

________EDWARD C. WHITMONT_______

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Capítulo 6

NOSSA CASA ESPIRITUAL

Para além de todo Bem e todo Mal

DEUS: CONSCIÊNCIA CÓSMICA

/ Mãe /Pai / Filho / Espírito Santo /

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casarão

A CASA DO PORÃO AO SÓTÃO
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O conceito de imaginação material, proposto por Gaston Bachelard (filósofo da descoberta científica e da criação artística), inova e ultrapassa a tradição filosófica, qual seja o fundamento ocularista do conhecimento e a imaginação formal, prisioneira da abstração e do formalismo. Tal conceito é a singular contribuição de Bachelard para os estudos acerca do imaginário e para a estética filosófica contemporânea. A casa, como imaginação material, é de fundamental importância na vida de todo ser humano. [79]

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POÉTICA DO ESPAÇO

Bachelard

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SÃO TERRÍVEIS AS CRISES DO EU EM CERTOS INDIVÍDUOS

Um homem nasce neste mundo, de temperamento concentrado e um tanto melancólico, de inteligência penetrante; é embalado pelas crenças caras de seus maiores, aprende as orações dos lábios de sua mãe, frequenta, em companhia dos seus, qualquer culto religioso, e com isso vive e entretém o seu espírito infantil até à chamada idade da razão. Nessa idade, sob certas influências e certas leituras, entra de analisar. E com a análise, lá se vai tudo embora. Essas crenças tão queridas e tão úteis, espécie de pára-raios que nos protegia das tempestades de consciência, a broca da análise ruiu-as.

Haverá um período de interregno em que o viço da mocidade, a embriaguez da vida, as perspectivas de futuro nos permitirão certa tranquilidade, certa euforia transitória e agourenta como um estupefaciente. Um dia, porém, chega em que, por qualquer motivo, devido a qualquer afecção ou desgraça, começa outra análise, essa, porém, tremenda: a auto-análise. Depois, por fim,  a interrogação inalienável, quando o homem quer conhecer o universo e a posição que ocupa nele.

Então, se o HOMEM não tem o espírito muito povoado de imagens novas ou se as velhas se tinham amarrado a algum ancoradouro muito profundo do seu inconsciente, pode voltar ao antigo, à fé que abandonou. Mas se, por amplidão de espírito, ou por qualquer outra circunstância, repudia formalmente todos os cultos existentes, tem de arranjar, se possuir forças morais ou intelectuais para isso, um sistema religioso ou filosófico, ou talvez um sistema em que a filosofia e a religião, que não devem ser inimigas, se deem as mãos. Isto, porém, só é para raros. Construir, de vários materiais, uma casa espiritual onde a gente viva, fora das crenças oficiais, isolado das fés alheias, é tarefa portentosa, só própria de grandes espíritos. Mas continuar na negação é a ruína, é a morte, a loucura ou o suicídio. [68]

Refletindo sobre o texto acima, de Antônio Ruas (tradução do clássico, HISTÓRIA DA REVOLUÇÃO FRANCESA, de Thomas Carlyle), aqui, ao longo de toda nossa explanação, demonstramos muito bem a importância da razão como justificação da vida. Entretanto, nossa racionalidade não pode sozinha dá conta de toda a criação, de toda a existência: também se faz necessário – como foi mostrado aqui – , a afluência do coração. Ou seja, ao homem cerebral se faz completar através do homem coração.

Fundamental na superação e libertação dos grilhões impostos ao desenvolvimento pleno  do SER HUMANO, é mesmo a mensagem de Whitmont – tendo em vista o paralelo entre o SER HUMANO-MUNDO e o UNUS MUNDUS como a realidade unitária:

Devemos tentar entender a ligação existente entre nosso organismo biopsicológico e os campos circundantes que o contém, para que um RELACIONAMENTO CONSCIENTE possa desenvolver-se entre eles. A fim de atingir esse objetivo, seria útil reconsiderarmos aquelas visões de REALIDADE UNITÁRIA do SER HUMANO-MUNDO, mas que foram reprimidas pelo pensamento tradicional judaico-cristão.

(…) A visão que o Oriente não-cristão e o pensamento pré-cristão tinham do mundo não era de transcendência, mas de imanência. O Criador é visto não como entidade separada de sua criatura, mas de forças da sua criatura; ou, poderíamos dizer, Ele é a sua configuração energética. Estas forças são as motivadoras ou diretoras inerentes das várias manifestações da realidade humana e também da não-humana.

A Natureza e o Ser Humano são visibilidades dos deuses: donde os aspectos transcendental e imanente se sobrepõem diferenciadamente de acordo com os níveis de realidade.

Na Idade Média, os fatos da Natureza (raio, trovão ou uma epidemia), ainda eram atribuídos somente ao desejo dos deuses ou ao diabo, e assim por diante. Com a SOCIEDADE INDUSTRIAL, porém, nascida do ILUMINISMO, fez-se renascer na Europa a racionalidade dos gregos. O Iluminismo, introduzindo novamente a racionalidade, deu aos seres humanos condições de entender de forma LÓGICA os acontecimentos físicos e humanos e dominá-los.

O iluminismo, então, também conhecido como Século das Luzes, procurou mobilizar o poder da RAZÃO, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento herdado da tradição medieval. Originário do período compreendido entre os anos de 1650 e 1700, o iluminismo foi despertado pelos filósofos Baruch Spinoza (1632-1677), John Locke (1632-1704), Pierre Bayle (1647-1706) e pelo físico e matemático Isaac Newton (1643-1727).

Infelizmente, apesar do Iluminismo representar o renascimento da cultura greco-romana na Europa, este acrescentou: tudo que é racional é masculino e se refere à produção, e produção se faz na EMPRESA; tudo que é ruim, ao contrário, é emocional, é feminino, e feminino se refere à reprodução, e reprodução é feita em CASA.

Isto, novamente, se deu como consequência da DICOTOMIA postulada por Platão entre corpo e alma. O Iluminismo, portanto, estabeleceu uma cisão terrível entre os HOMENS, que se atribuíram o poder e o monopólio do trabalho, e as MULHERES, que foram deixadas em casa. E, mais problemático ainda, o Iluminismo estabeleceu fundamentalmente a cisão entre o HOMEM  e a NATUREZA.

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“E o que o ser humano mais aspira é tornar-se SER HUMANO”


____________Clarice Lispector______________

Assim, ao longo de toda a história do ocidente, a paradoxal descoberta dos incomensuráveis, do INFINITO, fez “secularizamos nossa religião, retirando da Natureza e do mundo tangível o sentido do SAGRADO”. Daí, a “visão da Natureza como sendo ‘nada mais’ que uma coleção de coisas insensíveis e irracionais, tornando-nos indiferentes ao seu espírito autônomo, ao DAIMON existente na Natureza”:

“À medida que esse Deus intangível (cultuado pela teologia judaico-cristão) tornou-se a representação absoluta do bem, coube à natureza humana carregar a projeção do mal – o que exprime a implacável inimizade existente entre o patriarcal e o matriarcal ou Grande Mãe pagã. Pois MATER, que é matéria, significa feminino, a alegre experiência da matéria no êxtase sensual, a carne instintiva. Como a Natureza tornou–se maligna e pagã, os domínios do DIABO tiveram de ser subjugados e mortificados pela parte divina do homem”.

Particularmente, então, uma pressão social muito forte se fez sobre a MULHER, representação maior do feminino, principalmente no que diz respeito a sua sexualidade. E o TRABALHO – símbolo da força humana e representação do masculino – incorpora simplesmente a função predominantemente de explorar a Natureza sem qualquer preocupação ecológico-ambiental.

Isto tudo, como vimos, por conta do INFINITO, pois, este ligado à noção de MOVIMENTO, consequentemente estava relacionado a tudo que é percebido pelos SENTIDOS. E, tudo que se dizia FLUENTE, segundo Platão, é desprezível, passageiro, vão, PROFANO. Não é por acaso que o símbolo do satanismo é o pentagrama o qual nos remete ao infinito e aos pitagóricos.

Na matemática e na física, somente depois de quase dois mil anos – após a grande unificação da análise com a geometria, propiciada pelo conceito de função -, Newton e Leibniz, criando o Cálculo Infinitesimal, tornaram a ciência capacitada para tratar com o movimento: o infinito deixa de ser um monstro e seu estudo propicia todo o desenvolvimento ulterior da ciência. Com a aritmetização da Matemática, realizada modernamente por  Weierstrass e Dedekind – além de solucionar fundamentalmente os problemas com o infinito -, foram estabelecidas bases sólidas para a ciência matemática com a volta ao pitagorismo.

Mas, ao contrário da maioria das religiões ocidentais, o prazer sensual jamais foi suprimido no hinduísmo, uma vez que o  corpo foi sempre considerado parte integral do ser humano, jamais isolado  do espírito. Assim sendo, a realização do ser humano em geral para se fazer completa, de forma integral, deve incluir o corpo e a alma.

Na Matemática, felizmente, se obtiveram ferramentas para a racionalização do INFINITO. Entretanto, em se tratando dos VALORES MORAIS E SOCIAIS, se desenvolveram toda uma parafernália de preconceitos e tabus: particularmente, a SEXUALIDADE, passou a ser tratada com certas restrições, pois se passou a considerar que a relação sexual era algo profano, pecaminoso, ligado negativamente ao que seja satânico.

Hodiernamente, com o desenvolvimento da Mecânica Quântica (“observador” e “observado” não podem mais existir separadamente quando temos a concepção da REALIDADE) e sua relação com a Psicologia Profunda, vislumbramos uma nova teoria objetiva, segundo a qual no UNIVERSO tudo está conectado – psique e materialmente -, de tal forma que podemos racionalizar nosso MUNDO de forma tanto físico-matemática como psico-materialmente: os preconceitos que se originaram a partir do horror ao infinito pelos gregos, agora deixam de ter sentido e devem ser superados e substituídos por conceitos construídos tendo em vista a UNIDADE básica da existência, na qual as imagens do homem e do cosmos surgem como manifestações de uma só realidade, diferindo apenas em suas manifestações visíveis.

 

A MORTE FOI VENCIDA

JESUS CRISTO: SER HUMANO PLENO, O ALÉM DO HOMEM EM NIETZSCHE.

O ÚNICO CRISTÃO QUE VIVEU SOBRE A TERRA.

Cristo reconheceu a sombra e a luz nos homens – as fraquezas e as virtudes humanas – e propôs, então, como única forma de se alcançar a paz e a harmonia no Mundo e em Nós mesmos, a redenção do HOMEM através do exercício do Amor. Sacrificou sua própria vida em nome desse AMOR!!!!
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KEN WILBER – NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA E QUADRANTES NA TEORIA INTEGRAL

______Ari Raynsfor________

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As grandes tradições espirituais do mundo recaem em dois campos extensos e bem diferentes.

Os vários tipos de tentativas do homem para compreender o Divino – tanto no Oriente como no Ocidente, no norte e no sul -, acharemos dois tipos bem diferentes de espiritualidade, que chamo de Ascendente e Descendente.

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___________DIAGRAMA 19___________

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UM OLHAR CRÍTICO 
SOBRE O 
MODELO DE QUATRO QUADRANTES DE KEN WILBER

THOMAS J. MCFARLANE

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O Kosmos De acordo com Ken Wilber

“Kosmos” é um antigo termo pitagórico, que significa o universo inteiro em todas as suas muitas dimensões – físico, emocional, mental e espiritual. “Cosmos” hoje geralmente significa apenas o universo físico ou a dimensão física. Portanto, podemos dizer que o Kosmos inclui a fisiosfera ou cosmos; a biosfera ou a vida; a noosfera, ou mente, todas as quais são manifestações radiantes do puro Vazio, e não são diferentes desse Vazio.

Uma das catástrofes da modernidade é que o Kosmos não é mais uma realidade fundamental para nós; apenas o cosmos é. Em outras palavras, o que é “real” é apenas o mundo do materialismo científico, o mundo da “planície”, a visão plana e desbotada do mundo moderno e pós-moderno, onde o cosmos, por si só, é real. [70] 

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Um ensinamento central da filosofia perene é que a realidade é uma Grande Cadeia do Ser, estendendo-se do Ser transcendental mais real, verdadeiro e perfeito no topo, descendo pelos níveis mais sutis do ser, ao menos real, mais transitório e imperfeito níveis brutos de estar no fundo. (Para uma excelente apresentação moderna da Grande Cadeia do Ser, veja a Verdade Esquecida de Huston Smith .) Seguindo a máxima hermética “como acima, abaixo”, essa hierarquia de objetivo no macrocosmo externo é refletida no microcosmo interior como uma hierarquia de conhecimento subjetivo dentro de cada indivíduo.

Assim, correspondendo aos níveis transcendentes, sutis e grosseiros do ser (ontologia) estão os modos transcendental, sutil e grosseiro do conhecimento (epistemologia). Por exemplo, conhecemos o ser transcendente com a alma, conhecemos o ser sutil com a mente e conhecemos os níveis de estados grosseiros com o corpo. (Na terminologia de Franklin Merrell-Wolff, esses níveis epistemológicos correspondem à introcepção, concepção e percepção). [71] 

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O caminho Ascendente  é puramente transcendental e do outro mundo. Em geral, é puritano ascético, iogue, e tem uma tendência a desvalorizar ou até mesmo negar o corpo, os sentidos, a sexualidade, a Terra, a carne. Ele busca  a salvação num reino que não pertence a este mundo; ele considera a manifestação ou samsara algo ilusório ou do mal; ele procura sair totalmente da roda.

De fato, para aqueles que tentam a ascensão, qualquer tipo de descida pode ser visto como ilusório ou até mesmo do mal. O caminho da ascensão glorifica o Todo, não as Partes; o Vazio, não a forma, o Céu, não a Terra.

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Nós, homens do conhecimento, não nos conhecemos de nós mesmos, somos desconhecidos. E não sem motivo, nunca nos procuramos. Como poderia acontecer que um dia nos encontrássemos? Com razão, alguém disse: onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração. 

Friedrich Nietzsche

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O caminho Descendente indica justamente o contrário. É o caminho deste mundo, e glorifica as Partes, não o Todo. Ele exalta a Terra, o corpo, os sentidos e a sexualidade. Ele identifica até o Espírito com o mundo sensório, com Gaia, com a manifestação, e vê no nascer do Sol e da Lua todo o Espírito que uma pessoa poderia almejar. É um caminho puramente imanente e despreza tudo que seja transcendental. Na verdade, para os adeptos do caminho Descendente, qualquer forma de ascensão é vista como algo do mal.

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A VIDA é como uma ESPIRAL e não como uma linha RETA… PASSADO e FUTURO se entrelaçam num eterno PRESENTE.

______Deby N. M.__________

 

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Entretanto, continuando a fala de Ken Wilber, ambos os caminhos fazem parte de um projeto evolucionário mais amplo: a evolução da CONSCIÊNCIA através de estágios que poderiam muito bem ser chamados de espirituais. Mas tal evolução é paralela ao processo de individuação [77] proposto por Jung: o processo de individuação nada tem de individualismo; não obstante, como um processo que visa o desenvolvimento das potencialidades individuais, caracterizado pelo processo de formação e particularização do ser individual, é um processo de diferenciação que objetiva o desenvolvimento da personalidade individual, entretanto, pressupondo também um relacionamento coletivo para sua existência, não leva ao isolamento mas a um relacionamento coletivo mais intenso e mais abrangente.

Isso nos remete a vários temas sugeridos por Schelling, Hegel, Aurobindo e outros evolucionários do Oriente e do Ocidente. A questão é que, para todas as abordagens não-duais, a evolução é considerada mais como o Espírito em Ação, a manifestação de Deus , na qual o Espírito se desenvolve em todos os estágios, manifestando e percebendo, assim, mais sobre si mesmo à medida que se aperfeiçoa. O espírito não é um estágio especial, ou alguma ideologia preferida, ou um santo ou santa de sua fé, mas sim o processo completo de se desenvolver, um processo infinito que está plenamente presente em todo estágio finito, mas que se torna mais disponível a cada abertura evolucionária.

INDÍGENAS ISOLADOS DA AMAZÔNIA 

Nossos ancestrais mais próximos, vivendo da harmonia entre as correntes ascendente e descendente, constituem um hólon integrado ao ecossistema da floresta Amazônica.

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Assim, na busca de nossa Casa Espiritual, é fundamental agir conforme nos mostra Ken Wilber: ou seja, devemos integrar ambos os caminhos – ascendente e descendente, conforme fazem as tradições não-dualistas do Oriente e do Ocidente -, no sentido equilibrar a transcendência e a imanência, o Todo e as Partes, o Vazio e a Forma, nirvana e samsara, o Céu e a Terra; pois, somente na união das correntes Ascendente e Descendente, se pode encontrar a harmonia, evitando, então, a guerra brutal das duas que só traz sofrimento.

Ainda, somente quando a Ascensão e a Descensão estão unidas, por assim dizer, é que podem ser salvas. E aqueles que não contribuem para esta união, não somente destroem a única Terra que têm, como também se privam do único Céu que podem abraçar.

Toda CASA ESPIRITUAL, portanto, deve ser construída, inexoravelmente, sobre o alicerce do VERDADEIRO AMOR – o qual se funda na unificação do transcendente com o imanente, do sagrado com o profano, do Céu com a Terra, da mente com o coração.

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__________DIAGRAMA 20________

NO MUNDO FENOMÊNICO ESTÁ INCLUSO OS FENÔMENOS PSÍQUICOS E MATERIAIS.

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Mas, esse amor Jesus de Nazaré nos ensinou: A MORTE FOI VENCIDA!!!! Cristo reconheceu a sombra e a luz nos homens – as fraquezas e as virtudes humanas – e propôs, então, como única forma de se alcançar a paz e a harmonia no Mundo e em Nós mesmos, a redenção do HOMEM através do exercício do Amor. Sacrificou sua própria vida em nome desse Amor!

E tal unificação, como foi mostrado acima, já é existente ao nível do UNUS MUNDUS. Ou, como nos falou EDWARD C. WHITMONT, “devemos tentar entender a ligação existente entre nosso organismo biopsicológico e os campos circundantes que o contém, para que um relacionamento consciente possa desenvolver-se entre eles”. Mas, “a fim de atingir esse objetivo, seria útil reconsiderarmos aquelas visões de realidade unitária do ser humano-mundo – as quais infelizmente foram reprimidas pelo pensamento tradicional judaico-cristão”. Na verdade, o que Ken Wilber nos revela, se constitui mais numa redescoberta dessa unidade, do que numa descoberta nova.

Para alcançarmos essa redescoberta, entretanto, devemos passar pelo que se denomina EPOCHÉ ou “redução fenomenológica” de Husserl. EPOCHÉ, na expressão de Husserl, é o processo que consiste em pôr “entre parênteses” a existência dos conteúdos da consciência, ou das vivências, e também do eu, enquanto sujeito psicofísico ou suporte existencial da consciência, assim reduzida ao eu puro, ou transcendental.  O exercício da epoché é o exercício da “suspensão de juízo” em relação à posição de existência das coisas: ou seja, o exercício da epoché se lança sobre tudo que é transcendente, no sentido do que se encontra fora do ato cognitivo e, portanto, do que não se encontra contido na própria vivência cognoscitiva. Desloca a atenção para o que se revela no interior da cogitatio. A atenção é deslocada para o que é vivenciado por mim enquanto “sujeito empírico”.

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Isto reverbera na “philosia” – definida e professada por Osho -, que também, sempre parte da constatação da vida na Vida, da experiência na vivência. Verifica-se, portanto, que ambos os pontos de vista – tanto Osho quanto Husserl – estabelecem a vivência como única ponte para a verdadeira realidade. [73]

Assim, somente partindo da vivência pura, podemos transcender o mental e o corporal, nos sagrando UM com o Unus Mundus – definido e postulado por Carl Jung e Wolfgang Pauli.

Mas, para alcançar essa “vivência pura”, ambos, Husserl e Osho, professam nossa submissão a uma MEDITAÇÃO!!!!

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Essa meditação, então,  se constituindo no contato com o sagrado, com o UNUS MUNDUS, nos coloca também em contato com a CONSCIÊNCIA CÓSMICA, DEUS(A), AMOR.

Esta CONSCIÊNCIA CÓSMICA, como ATO de Aristóteles, age e se complexa ao infinito e em todos os níveis de realidade: a consciência não é um lugar, tal como uma caixa que abriga conteúdos mentais, conforme a concepção wundtiana, mas uma espécie de MOVIMENTO PARA FUGIR DE SI MESMA, um escape para fora de si, o qual faz nascer a EXISTÊNCIA; a consciência é esse partir em direção às coisas que a ela aparecem como fenômenos; qualquer que seja o objetivo da consciência, ele está sempre fora da consciência porque é transcendental; sujeito e objeto passam a ser Um, e o SER revela-se através do ato de CONHECER.

CONHECER, como simples ato, uma “vivência”, que jamais se confunde, seja com o objeto, seja com o sujeito, pois é CONSCIÊNCIA CÓSMICA, é DEUS(A)

Este AMOR, CONSCIÊNCIA CÓSMICA, como “ATO” (Vontade de Potência em Nietzsche) transmuta em Existência ou Realidade Atual (MUNDO FENOMÊNICO), a Realidade Potencial (MUNDO MATEMÁTICO DE PLATÃO). Logo na composição de todo ser criado e mutável entram a potência e o ato; mas o ATO, quando não condicionado pela potência, será ilimitado, imutável, PERFEIÇÃO PURA.

Esse CONHECER transcendental (Ato não limitado pela Potência), então, permitindo a unificação da ascendência com a descendência, propiciará a harmonia de toda a humanidade e de todo o KOSMOS. Finalmente, através da harmonização do KOSMO, se torna possível a construção de nossa CASA ESPIRITUAL, na qual encontramos as condições necessárias para existirmos na VIDA e no MUNDO como SERES HUMANOS plenos: DIVINOS, NATURAIS E HISTÓRICOS.

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AMÉM

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HOMEM: DIVINO, NATURAL E HISTÓRICO
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Para acreditarmos em um DEUS, não necessariamente precisamos ter uma RELIGIÃO. Entendemos que o homem é o produto de três vertentes ontológicas: DIVINA, NATURAL e HISTÓRICA. Partindo desta constatação, portantoo, através de um conhecimento mais profundo – científico e filosófico – é possível sim compreender e aceitar que existe uma CONSCIÊNCIA que permeia tudo no Universo.

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 G Ö D E L

Prova Ontológica 

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A prova ontológica de Gödel é um argumento formal do matemático Kurt Gödel (1906-1978) para a existência de Deus. Mais precisamente, pressupõe a noção de propriedades positivas e negativas, e prova a existência necessária de um objeto ao qual cada propriedade positiva, mas nenhuma propriedade negativa, se aplica.

Morgenstern registrou em seu diário, em 29 de agosto de 1970, que Gödel não publicaria sua prova porque temia que outros pensassem “que ele realmente acreditava em Deus”, pois, na verdade, apenas estava envolvido em uma investigação lógica (isto é, em mostrar que tal prova com suposições clássicas – completude, etc. -, correspondentemente axiomatizada, é possível). [76]

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Capítulo 7

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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COMPLEXIDADE PARA UM MUNDO MELHOR

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Contudo, como bem ressalta Bauer (2009), a principal das circularidades, proposta por Morin e a que exprime a essência do sentido de complexidade, dá-se entre as instâncias da ordem e da desordem: circularidade ordem-desordem. “O que digo a respeito da ordem e da desordem pode ser concebido em termos dialógicos” (MORIN, 2007, p. 74). Entre indivíduos e sociedade, que se complementam, também existem antagonismos, que vêm da oposição entre egocentrismo e sociocentrismo; a sociedade reprime pulsões, desejos e aspirações individuais; essas pulsões, desejos e aspirações tendem a transgredir as barreiras, normas e interdições da sociedade, colocadas justamente para inibi-los e recalcá-los. A ordem e a desordem são dois inimigos: um suprime o outro, mas ao mesmo tempo, em certos casos, eles colaboram e produzem organização e complexidade. O princípio dialógico, desta forma, permite mesmo no seio da unidade (sociedade) manter a dualidade (diversidade individual). Ele associa dois termos ao mesmo tempo complementares e antagônicos. [75]

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UNUSMUNDUS

DIAGRAMA PSICOFÍSICO: UMA ESPECULAÇÃO METAFÍSICA

“Se não puder compreender um problema, monte um esquema.”

________George Pólya

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EM CONSTRUÇÃO….

 

 

O primeiro contato com o mundo se dá através da sensação captada pelos órgãos dos sentidos. A sensação leva à percepção. Pela percepção formam-se imagens que têm significados diferentes para quem as capta, dependendo de sua cultura, tempo histórico, situação psicológica, entre outros. A tendência é levar em conta apenas os aspectos concretos, objetivos, das imagens. Porém, os seres humanos são duais, isto é, têm uma visão externa (mundo concebido) e uma visão interna (mundo percebido, mundo subjetivo) do mundo que os cerca. A percepção externa de um signo, como uma estátua no meio de um praça, por exemplo, tem características físicas, captadas por quem as observa, que não deixam dúvidas. O significado desta estátua, porém, pode variar muito de um observador para outro. Este fato se dá pela leitura que cada um faz, levando-se em conta o conhecimento sobre o que a estátua representa, as características culturais do observador, sua disposição interna no momento da observação, além de uma série de outros fatores que podem interferir no resultado final do significado para cada um. No caso, por exemplo, das estátuas localizadas em frente ao correio central em Salvador, para os adeptos ou conhecedores da cultura afro-brasileira, não há dúvida do que elas representam. Mas, para os que não são do grupo, ou não têm informações ou conhecimento sobre o que representam, são imagens exóticas para alguns, bonitas para outros, ou simplesmente nada significam para outros ainda (ROCHA, 2003).

 

 

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REFERÊNCIAS

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[0] CREASE, Robert. A MEDIDA DO MUNDO: A busca por um Sistema Universal de Pesos e Medidas. Acessado em: https://www.academia.edu/32489225/A_MEDIDA_DO_MUNDO_-_A_busca_por_um_sistema_universal_de_pesos_e_medidas_-_Robert_P._Crease?fbclid=IwAR1FadLpaT6Am6O_fRVpYw2VsYldmgmy5kqC521iBcScWEb_0XQCwOMGbKw

[1] CARAÇA, B. J. Conceitos Fundamentais da Matemática. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1951. Acessado em: https://www.academia.edu/16301963/CONCEITOS_FUNDAMENTAIS_DA_MATEM%C3%81TICA_-_Bento_de_Jesus_Cara%C3%A7a

[2] NICOLESCU, Basarab. CONTRADIÇÃO, LÓGICA DO TERCEIRO INCLUÍDO E NÍVEIS DE REALIDADE . Acessado em: http://cetrans.com.br/assets/textos/contradicao-logica-do-terceiro-incluido-e-niveis-de-realidade.pdf

[3] SCHOLARPEDIA. Modern Cosmology. Acessado em: http://www.scholarpedia.org/article/Modern_cosmology?fbclid=IwAR19cLGT_g3oHp6AoOIuOK3TTLu6lbFE2BhCSoADXnq5sqCxr3XO5sgN3mM

[4] FONTELES, Rogério Castro. MATÉRIA – ANTIMATÉRIA: Uma Concepção do Universo. Acessado em: https://seletynof.wordpress.com/2013/06/07/materia-e-antimateria-uma-concepcao-do-universo/?fbclid=IwAR2VR3eWAh3ODOGriW-Jn3N32ocbsO7iR1LpW5aPkd_PiK0D54Md3WY0W9A

[5] ROMANZOT, Natasha. FÍSICOS PROPÕEM UM UNIVERSO ESPELHADO ONDE O TEMPO SE MOVE NA DIREÇÃO OPOSTA. Acessado em: https://www.facebook.com/fisicapsicologia/photos/a.1601995120058964/1970532609871878/?type=3&theater

[6] HOFFMANN, Ribeiro.  UNUS MUNDUS. Acessado em: http://livros01.livrosgratis.com.br/cp012995.pdf

[7] MARCOLIN, Neldson. NEWTON DA COSTA: Paixão e Contradição. Pesquisa FAPESP. Acessado em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2008/06/01/paixao-e-contradicao/

[8] BECKER, O. O Pensamento Matemático. Acessado em: https://www.academia.edu/36351567/O_PENSAMENTO_MATEM%C3%81TICO_-_Sua_grandeza_e_seus_limites_-_Oskar_Becker?fbclid=IwAR3gem8aAaKaFXbGqlLPAs_yuvk5wiNqbIhEcFnA-fqoViKfOZXZqu7cr8w

[8] WHITMONT, E. C. Psique e Substância. São Paulo: Summus Editorial, 1989;

[9] REALE – ANTISERI. HISTÓRIA DA FILOSOFIA, Vol. 3. EDMUND HUSSERL E O MOVIMENTO FENOMENOLÓGICO. Crise das Ciências Europeias e o “Mundo da Vida”. Acessado em: https://www.academia.edu/35944303/HIST%C3%93RIA_DA_FILOSOFIA_-_Reale_e_Antiseri_-_Vol_III?fbclid=IwAR0rjc92tIc2jAxPm803p8DLRMH5vtNcz7FXIInXCmnmGyC0MddFFJFZSeY

[10] BAUMAN, Zygmunt. MODERNIDADE LÍQUIDA. Acessado em: https://zahar.com.br/sites/default/files/arquivos/trecho_BAUMAN_ModernidadeLiquida.pdf

[11] REALE – ANTISERI. HISTÓRIA DA FILOSOFIA, Vol. 1. PLATÃO E A ACADEMIA ANTIGA. A fundação da metafísica. Acessado em: https://www.academia.edu/35944082/HIST%C3%93RIA_DA_FILOSOFIA_-_Reale_e_Antiseri_-_Vol_I?fbclid=IwAR3DzxM4m9r_cVkSSS9AoQ51NNDtoFrpuSXhEzOvC1JXIcyMwovJN6XRT70

[12] WILBER, KEN. Uma Breve História do Universo: De Buda a Freud – Religião e psicologia unidas pela primeira vez. Rio de Janeiro: Nova Era, 2001.

[13] PLATÃO E O NIILISMO. Razão Inadequada. Acessado em: https://razaoinadequada.com/2018/07/25/platao-e-o-niilismo/

[14] JUNG – Vida e Obra – Nise da Silveira. Acessado em: https://www.academia.edu/12049645/Jung_-_Vida_e_Obra_-_Nise_da_Silveira&gt

[15] McLUHAN, Marshall. A GALÁXIA DE GUTENBERGNG. Acessado em: https://www.academia.edu/12388444/a_gal%C3%A1xia_de_Gutenberg_a_forma%C3%A7%C3%A3o_do_homem_tipogr%C3%A1fico?fbclid=IwAR3guQbQudjEOERzh7mHcjOCOpZrkw-6tRJH5Gk9WR6sFigvS6FyJ97Bpbo

[16] FONTELES, Rogério Castro. FÍSICA: EPISTEMOLOGIA E ENSINO. Acessado em: https://philpeople.org/profiles/rogerio-fonteles?fbclid=IwAR2Knum7oKcrC0KBlWzC01TKe5l1N5qh4t6lWQKTHCz5yg6JYsWw5YsuOFM

[17] BOSTROM, Nick.  ARE YOU LIVING IN A COMPUTER SIMULATION? Acessado em: https://www.simulation-argument.com/simulation.html?fbclid=IwAR3HGYE352HA4Y27mAIj7-8-ZnYwiLj9Hvkb68AufRDusJiryBLzyL0hIT8

[18] MOSKOWITZ, Clara. ENTRELAÇAMENTO NO ESPAÇO – TEMPO. Tradução Rogério Fonteles Castro. Acessado em: https://www.academia.edu/37106367/ENTRELA%C3%87AMENTO_NO_ESPA%C3%87O_TEMPO_-_ENTRELA%C3%87AMENTO_NO_ESPA%C3%87O_TEMPO_-_Por_Clara_Moskowitz_tradu%C3%A7%C3%A3o_de_Rog%C3%A9rio_Fonteles_Castro

[19] KRONFELD, Andreas S. The Weight of the World Is Quantum Chromodynamics. Acessado em: http://karman3.elte.hu/janosi/pdf_pub_H/sci08qcd-cikk.pdf

[20] CHAVES, Alaor. FÍSICA – Mecânica. Acessado em: https://www.academia.edu/36346227/F%C3%ADsica_B%C3%A1sica_1ed._Vol.1_-_Alaor_Chaves?fbclid=IwAR38hlhlL8oaJfYUR_FT_2epa4XUjw2Gg3Co-r6xllYMNgKtqDwD9jBFzDs

[21] AMEAL, JOÃO. São Tomás de Aquino: Iniciação ao  estudo da sua figura e de sua obra. Porto: Livraria Tavares Martins, 1956. Acessado em: https://www.academia.edu/37349666/S%C3%83O_TOM%C3%81S_DE_AQUINO_-_Jo%C3%A3o_Ameal?fbclid=IwAR3EIqjvJ98LSUvSJYpVt65r2Y4zUFsMLYS2K0eqP4iOXWh0EkgwktXl4k8

[22] NICOLESCU, Basarab. DA FÍSICA QUÂNTICA AO REENCANTAMENTO DO MUNDO. Tradução Rogério Fonteles Castro. Acessado em: https://www.academia.edu/35126923/DA_F%C3%8DSICA_QU%C3%82NTICA_AO_REENCANTAMENTO_DO_MUNDO_-_Por_Basarab_Nicolescu_-_Tradu%C3%A7%C3%A3o_Rog%C3%A9rio_Fonteles_Castro

[23] SILVA, I. S. Filho. O Pensamento e a Lógica de Newton C. A. Da Costa. Acessado em: http://paralogike.com.br/wp-content/uploads/2018/08/O-Pensamento-e-a-Logica-de-Newton-C.-A.pdf

[24] FONTELES, Rogério Castro. EPISTEMOLOGIA DE BACHELARD: FILOSOFIA DE DOIS POLOS DA FÍSICA MODERNA E CONTEMPORÂNEA. Acessado  em: https://seletynof.wordpress.com/2017/06/26/epistemologia-de-bachelard-a-filosofia-de-dois-polos-da-fisica-moderna-e-contemporanea/

[25] BUONOMANO, V. e FARIAS, R. H. A. MECÂNICA QUÂNTICA – UM DESAFIO À INTUIÇÃO. Acessado em: <https://seletynof.wordpress.com/2007/04/12/mecanica-quantica-um-desafio-a-intuicao-i/>;

[26] McFARLANE, T.. Física Quântica, Psicologia Profunda e Além. Tradução Rogério Fonteles Castro. Acessado em: https://www.academia.edu/11816102/F%C3%ADsica_Qu%C3%A2ntica_Psicologia_Profunda_e_al%C3%A9m

[27] ARANTES, José Tadeu. RESSONÂNCIA MÓRFICA: A TEORIA DO CENTÉSIMO MACACO. Acessado em: <http://galileu.globo.com/edic/91/conhecimento1.htm>;

[28] LEMOS,  Gabriela Barreto. Schrodinger’s cat: Quantum physics enables revolutionary imaging method. Acessado em: https://phys.org/news/2014-08-picturing-schrodinger-cat-quantum-physics.html?fbclid=IwAR0ZKvBYIZRuMIYdbBbgoUnw7EATV7H_GM08-NkZCMsDwktH82Xyd2fWsJs

[29] KOESTLER, Arthur. O FANTASMA DA MÁQUINA. Acessado em: https://ww.aademia.edu/12282612/o_fantasma_da_m%C3%A1quina_-_arthur_koestler

[30] COHEN, Davis. What does it mean to be posthuman? Acessado em: https://www.newscientist.com/article/mg21829162-400-what-does-it-mean-to-be-posthuman/?fbclid=IwAR1IdFGbgB97srhCIDYixhaTUwxLiQ_ufRV355pPpQL_1_lF0oYvflt2zbY

[31] PENROSE, Roger and HAMEROFF, Stuart. Consciousness in the Universe: Neuroscience, Quantum Space-Time Geometry and Orch OR Theory. Acessado em: http://www.neurohumanitiestudies.eu/archivio/penrose_consciousness.pdf?fbclid=IwAR1Kf-G8_GhN7p69L0UW7l8gTnJrCtekaFw1wj2r-BGOsFm02XL_4dtIazI

[32] GOSWAMI, Amit. O UNIVERSO AUTOCONSCIENTE – Como a Consciência Cria o Mundo Material. Acessado em: <http://espacoviverzen.com.br/wp-content/uploads/2017/06/Amit-Goswami-%E2%80%A2-Universo-Autoconsciente.pdf>;

[33] NORBERTO, Marcelo da Silva. CONSCIÊNCIA EM SARTRE . Acessado em: http://www.puc-rio.br/pibic/relatorio_resumo2007/relatorios/fil/fil_marcel_da_silva_norberto.pdf

[34] PONTY, Merleau. FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO. Acessado em:  https://www.academia.edu/28392032/FENOMENOLOGIA_DA_PERCEP%C3%87%C3%83O_-_Merleau_Ponty?fbclid=IwAR019TIcy7HHmmz5T54qsDcwqX_NEIsZOfKHd07crOmssnOz5xVZ4vu9Cxw

[35] CARUSO, Francisco. A História e Filosofia da Ciência na prática da formação de professores. Acessado em: https://www.researchgate.net/publication/322071118_A_Historia_e_Filosofia_da_Ciencia_na_pratica_da_formacao_de_professores?fbclid=IwAR2QNK2hYeZUo3Hk9nX7vVE-o-I7moQ9B5ohfuW9jZ9XZmDjHW6e2aoUML8

[36] JUNG, Carl Gustav. O HOMEM E SEUS SÍMBOLOS. Acessado em: http://conexoesclinicas.com.br/wp-content/uploads/2015/04/jung-c-o-homem-e-seus-simbolos.pdf?fbclid=IwAR1O64Zt3JBwId1gTYyWK_ACleTMpnYDQ0QRE-C4DbU9vk3ur9e95Mklb4c

[37] WILBER, Ken. A Kundalini, na visão de Ken Wilber. Acessado em: https://dakshinatantra.com/textos/689-2/

[38] BASTOS, J. B. F  e  SIQUEIRA, A. F. O Experimento da Dupla Fenda Como Exemplo de Incognoscibilidade. Acessado em: http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/vol15a17.pdf

[39] TOURINO, Carlos Diógenes Côrtes. A CONSCIÊNCIA E O MUNDO NA FENOMENOLOGIA: influxos e impactos sobre as ciências humanas. Acesado em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/8224/5975

[40] SERPA, L. F. P. e SILVA, A. B.. A FÍSICA QUÂNTICA E A SINCRONICIDADE. Acessado em: https://seletynof.wordpress.com/2007/11/21/a-fisica-quantica-e-a-sincronicidade/

[41] REALE – ANTISERI. HISTÓRIA DA FILOSOFIA, Vol. 3. BERGSON E A EVOLUÇÃO CRIADORA. Acessado em: https://www.academia.edu/35944303/HIST%C3%93RIA_DA_FILOSOFIA_-_Reale_e_Antiseri_-_Vol_III?fbclid=IwAR0rjc92tIc2jAxPm803p8DLRMH5vtNcz7FXIInXCmnmGyC0MddFFJFZSeY

[42] WIENER, Norbert CIBERNÉTICA E SOCIEDADE – O uso humano de seres humanos. Acessado em: https://monoskop.org/images/c/c0/Wiener_Norbert_Cibernetica_e_sociedade_O_uso_humano_de_seres_humanos.pdf?fbclid=IwAR2CSLsqqxErvxVDgFKGIoMkqssg2109Rqtq9r_AZPM4hXzbK40f4mmbs14

[43] WANG, Nian-nian. A Comparative Study of Heidegger and Taoism on Human Nature. Acessado em: http://www.davidpublisher.com/Public/uploads/Contribute/596441e7c65d4.pdf

[44] PESSOA, Osvaldo. FÍSICA QUÂNTICA – Entenda as diversas interpretações da física quântica. Acessado em: http://opessoa.fflch.usp.br/sites/opessoa.fflch.usp.br/files/Vya-Quantica-Tudo.pdf

[45] NEELAKANDAN, A.. Jung, Pauli, Ramanujan e os Blocos de Construção da Realidade. Acessado em: https://swarajyamag.com/science/jung-pauli-ramanujan-and-the-building-blocks-of-reality

[46] LONGO, Anna. Gaston Bachelard: From Mathematical Structures to Reality. Acessado em: http://www.glass-bead.org/research-platform/gaston-bachelard-mathematical-structures-reality/?lang=enview&fbclid=IwAR18xir1zNIXw0SLidKRh4M0PvLo4bRnzmn12bRRzcEglXXbkL8QCtfHxzw

[47] SILVEIRA, N.. UNUS MUNDUS – HIPÓTESE JUNG/PAULI. Acessado em: https://seletynof.wordpress.com/2007/06/20/psicofisica-unus-mundus-hipotese-de-jung-e-pauli/

[48] ABE, M. Jair. A NOÇÃO DE ESTRUTURA EM MATEMÁTICA E FÍSICA (Matemática de Solovay). Acessado em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141989000200007

[49] SOMBRA, J. C. A SUBJETIVIDADE CORPÓREA – A naturalização da subjetividade na filosofia de Merleau-Ponty. Acessado em: https://books.google.com.br/books?id=QvGnrowqrzQC&pg=PA139&lpg=PA139&dq=retorno+idealista+%C3%A0+consci%C3%AAncia&source=bl&ots=xCuqYtNz3I&sig=z1JwovvW3wcAnmxMzJnD5ATB828&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwjmq-vH0MPfAhWCiJAKHaSkBlMQ6AEwAHoECAcQAQ#v=onepage&q=retorno%20idealista%20%C3%A0%20consci%C3%AAncia&f=false

[50] MARZOCCA, F.. El Encuentro entre el Psicoanalista Jung y el Físico Pauli: la Experiencia Psicológica de la Sincronicidad. Acessado em: https://www.acronico.it/2015/02/13/el-encuentro-entre-el-psicoanalista-jung-y-el-fisico-pauli-la-experiencia-psicologica-de-la-sincronicidad/

[51] MAES, Jéssica. “Deus não joga dados”: o que está por trás de uma das mais famosas frases de Einstein. Acessado em: https://hypescience.com/einstein-deus-nao-joga-dados/

[52] WILBER, Ken. BREVE HISTORIA DE TODAS LAS COSAS. Traducción de David González Raga. Acessado em: http://www.josepmariacarbo.cat/themes/demo/assets/docs/Wilber-Ken-Breve-historia-de-todas-las-cosas..pdf

[53] MASSONI, Neusa Teresinha. ILYA PRIGOGINE: Uma Contribuição à Filosofia da Ciência. Acessado em: https://www.academia.edu/31413534/ILYA_PRIGOGINE_-_UMA_NOVA_VISAO_DA_FISICA_PARADOXO_DO_TEMPO_FILOSOFIA_DA_CIENCIA?fbclid=IwAR1CmbdupP_OpF2QBUgEHZMCUjQN49nt0SCyBp-WHzHTSBeBG3JCsGjWC5U

[54] PRIGOGINE, Ilya. AS LEIS DO CAOS. Acessado em: https://www.academia.edu/31025320/AS_LEIS_DO_CAOS_-_Ilya_Prigogine_?fbclid=IwAR3uNZPy_VucWs55Iylt0EQ8iev-keXjXSwUOZyVlIljJQn8D-RbXc1UDwI

[55] BRÄUER, Kurt. DIÁLOGO PAULI-JUNG: Aspectos Filosóficos da Física Moderna. Acessado em: https://www.academia.edu/35902392/F%C3%8DSICA_MODERNA_-_DI%C3%81LOGO_PAULI-JUNG?fbclid=IwAR3nsUYttMFtF3skMQmE30W6aJlxuarklUeEzrFjSaxYTcP5R04_T4sgyFM

[56] BRÄUER, Kurt. PAULI-JUNG-DIALOG: Philosophische Aspekte der Modernen Physik. Acessado em: https://uni-tuebingen.de/fileadmin/Uni_Tuebingen/Fakultaeten/MathePhysik/Institute/ITP/Braeuer/Vorles/2013_SS_PAMP/03_Unus_Mundus.pdf?fbclid=IwAR2XSwcr7a5ZQ_P4WEXMbHJ8xtFrNCfjWGQozYEsIvWJbrTDeXxQegLYO4M

[57] NUNES, Anderson Lupo e NUNES, Cláudia H. S. Lisboa. FÍSICA E PSICOLOGIA:  UM DIÁLOGO INTERDISCIPLINAR. Acessado em: https://www.academia.edu/30600870/F%C3%8DSICA_E_PSICOLOGIA_UM_DI%C3%81LOGO_INTERDISCIPLINAR?fbclid=IwAR3ll2cS-wY8uLBSqUNOVOaVgkMOWGSPgWAThRxIPO4woDuIFW_yuvU_xMk

[58] BRAGAGNOLO, Felipe. ATITUDE NATURAL E ATITUDE FENOMENOLÓGICA: A RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE AS DIFERENTES ATITUDES A PARTIR DO ATO INTUITIVO. Acessado em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/intuitio/article/view/17312

[59] GOTO, Tommy Akira. A (RE) CONSTITUIÇÃO DA PSICOLOGIA FENOMENOLÓGICA EM EDMUND HUSSERL. Acessado em: https://www.academia.edu/36009692/A_RE_CONSTITUI%C3%87%C3%83O_DA_PSICOLOGIA_FENOMENOL%C3%93GICA_EM_EDMUND_HUSSERL_-_Tommy_Akira_Goto

[60] PYLKKÄNEN, Paavo. THE QUANTUM EPOCHÉ. Tradução Rogério Fonteles Castro.  Acessado em: https://www.academia.edu/35799380/A_Epoch%C3%A9_Qu%C3%A2ntica_-_Paavo_Pylkk%C3%A4nen?fbclid=IwAR033tw75TMgkqf3vigD-9nroN_xf6h_geRUKiDOG7MNFVmWv-bf9ctGqS4

[61] COLL, A. N., NICOLESCU, B., ROSENBERG, M. E., RANDOM, M., GALVANI, P., PAUL, P. EDUCAÇÃO E TRANSDISCIPLINARIDADE. Acessado em: https://www.academia.edu/32184981/EDUCA%C3%87%C3%83O_E_TRANSDISCIPLINARIDADE_-_COLL_A._N._NICOLESCU_B._ROSENBERG_M._E._RANDOM_M._GALVANI_P._PAUL_P?fbclid=IwAR03k1y-gtu_Z9o_vyszlJMJ5wA3vwrfDD6AfDBVjg-4qSD91JqBEJFC0H8 

 [62] ROCHA, Lurdes Bertol. FENOMENOLOGIA, SEMIÓTICA E GEOGRAFIA DA PERCEPÇÃO: ALTERNATIVAS PARA ANALISAR O ESPAÇO GEOGRÁFICO. GEOGRAFIA de Sobral, 2003. Acessado em: http://www.uvanet.br/rcgs/index.php/RCGS/article/view/79/76

[63] ACADEMIA INTERNACIONAL DE PSICOLOGIA ANALÍTICA. Projeto HISTÓRIAS SECRETAS DO INCONSCIENTE. Acessado em: http://iaap.pt/index.html

[64] CARVALHO, Marcelo, FREZZATTI, Wilson. Nietzsche e seu senso de filosofia trágica entre os gregos. Acessado em: https://www.academia.edu/26701134/Nietzsche_e_sua_concep%C3%A7%C3%A3o_de_filosofia_tr%C3%A1gica_entre_os_gregos

[65] Wikipédia, a Enciclopédia Livre. HOMOSSEXUALIDADE na Grécia Antiga. Acessado em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Homossexualidade_na_Gr%C3%A9cia_Antiga

[66] BASSERMANN, História da Prostituição. Rio de a Civilização Brasileira, 1968;

[67] MIRANDA, ANA. Que Seja em Segredo. Rio de Janeiro: L&PM Pocket, 2014; 

[68] CARLYLE, Thomas. HISTÓRIA DA REVOLUÇÃO FRANCESA. Acessado em: https://pt.scribd.com/document/55268028/carlyle-historia-da-revolucao-francesa

[69] O conceito religião no pensamento de Carl Gustav Jung. Acessado em: http://www.ufjf.br/sacrilegens/files/2014/01/10-1-5.pdf&gt

[70] KORNMAN, Robin. THE KOSMOS ACCORDING TO KEN WILBER. Acessado em: https://www.lionsroar.com/the-kosmos-according-to-ken-wilber/

[71] MCFARLANE, Thomas. A CRITICAL LOOK AT KEN WILBER’S FOUR QUADRANT MODEL. Acessado em: <http://www.integralworld.net/mcfarlane1.html>;

[72] FONTELES, Rogério Castro. HOMEM: DIVINO, NATURAL E HISTÓRICO. Acessado em: https://www.facebook.com/fisicapsicologia/videos/2088937384698066/?fref=mentions&__xts__%5B0%5D=68.ARCYhker_UZBdGJxq3GFioVMrkHGU1V8xlxwIlRv08rG8sYZshemN_o5IUGz56TsVAabMHs6OUQybF2hEY01lNom1RmG7sekJdHpNZlG_MlcVk9cXCZVyREdQcZ-3vdvqWmlIEaIx6zFwT3fyKmZjn0JdCSO4lb6TBBlUD83lJ0M10-JHNqnof5_CC4K0dwqqxKYZzPb54SvX3xYOXv1FDojQoI7FLoJg5-3ymSGQSmSna4cxfKhI4vN3S8g4t-o7hLJLfcoMr6ICFIM0BGErtbJOu3QjdQvlC38PinXd0u6LqR8CQaWqi2tSOVtxAObf85SStY8TXmguuSVZp4vr7L4er61soor&__tn__=K-R

[73] OSHO, O Novo Homem. Acessado em: http://www.osho.com/pt/read/osho/vision/the-new-man&gt

[74] ARANTES, José Tadeu. RESSONÂNCIA MÓRFICA: a teoria do centésimo macaco. Galileu. Acessado em: http://galileu.globo.com/edic/91/conhecimento1.htm

[75] SANTOS, L. M. Luzio, PELOSI, E. Marta, OLIVEIRA, B. C. S. Chiachia. TEORIA DA COMPLEXIDADE E AS MÚLTIPLAS ABORDAGENS PARA COMPREENDER UMA REALIDADE SOCIAL. Acessado em: https://www.academia.edu/31818034/TEORIA_DA_COMPLEXIDADE_E_AS_M%C3%9ALTIPLAS_ABORDAGENS_PARA_COMPREENDER_A_REALIDADE_SOCIAL_-_Luis_Miguel_Luzio_dos_Santos_Edna_Marta_Pelosi_Bernardo_Carlos_Spaulonci_Chiachia_Matos_de_Oliveira_?fbclid=IwAR3s9qq1oaCRdQV1EiHQt8bQSWJa49v6wEKxOfnZL8YS-bge-2uILvne48A

[76] WIKIPEDIA. Gödel’s ontological proof. Acessado em: https://en.wikipedia.org/wiki/G%C3%B6del%27s_ontological_proof?fbclid=IwAR2Lb_YjD7ypCtgngkElEi8Y_MGX9mjQD-RCg10H9ApMCYrDtmREb4U5u10

[77] The Road to Reality. EVOLUÇÃO: PROCESSO INDIVIDUALMENTE CENTRADO. Acessado em: https://www.facebook.com/fisicapsicologia/videos/2154496821475455/

[78] MEIER, C. A.. ATOM AND ARCHETYPE – The Pauli/Jung Letters, 1932-1958. Acessado em: http://xdel.ru/downloads/Pauli-Jung%20Letters%20-%20Atom%20and%20Archetype.pdf?fbclid=IwAR17LI7iqQJPVvpVXvck5oZCTRRq_yA3AIrSwE5f-nMfZF7ag8Z36JDRFcY

[79] BACHELARD, Gaston. A CASA DO PORÃO AO SÓTÃO. Acessadom em: https://seletynof.wordpress.com/2008/04/29/a-casa-do-porao-ao-sotao/?fbclid=IwAR17o2AYUfGjup8bcc2ltpquYPbv2wyZPSEkM5KkYR27qKOEJnDBJLWSOK4

[80] BASSALO, José Maria Filardo. CURIOSIDADES DA FÍSICA. Pauli e Jung. Acessado em: http://www.searadaciencia.ufc.br/folclore/folclore401.htm

[81] WikipediaHolon (philosophy)

Acessado em: https://en.wikipedia.org/wiki/Holon_(philosophy)

[82] Wikipedia. Fractal

Acessado em: https://en.wikipedia.org/wiki/Fractal

[83] TABORBA, Jeferson. DA “FILOSOFIA DA CONSCIÊNCIA” AO “GIRO LINGUÍSTICO”. Acessado em: https://www.webartigos.com/artigos/da-filosofia-da-consciencia-ao-giro-linguistico/28353

[84] GOLDFARB, José Luiz. VOAR TAMBÉM É COM OS HOMENS:
O pensamento de Mário Schenberg. Acessado em: https://books.google.com.br/books?id=dFRC7Y_E6p4C&pg=PA204&lpg=PA204&dq=m%C3%A1rio+schenberg+e+heidegger&source=bl&ots=OCpCKOGMkp&sig=hz_la_O4Lvyw-Y6Wkrxobp0Hh-U&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjn45uszePbAhXGHZAKHfT3BVsQ6AEISjAH&fbclid=IwAR3uAv_vlFdd_tsBGpPHEExQlfnyzs4tJK22luOZ–yuDJPkwELTcNd4rZA#v=onepage&q=m%C3%A1rio%20schenberg%20e%20heidegger&f=false

[85] NEVES, J. L. B.. MERLEAU-PONTY E O PROBLEMA FENOMENOLÓGICO – Inerência e transcendência. Acessado em: http://filosofia.fflch.usp.br/sites/filosofia.fflch.usp.br/files/posgraduacao/defesas/2016_docs/2016_tese_jose_luiz_bastos_neves.pdf

[86] ANDRADE, E. B.. Corpo e Consciência: Merleau-Ponty, crítico de
Descartes. Acessado em: https://www.marilia.unesp.br/Home/Pos-Graduacao/Filosofia/Dissertacoes/andrade_eb_me_mar.pdf

[87] NASSER, Eduardo. Nietzsche e a ontologia do vir-a-ser. São Paulo: Edições Loyola, 2015. RESENHA de Emmanuel Salanskis. Acessado em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2316-82422016000200173

[88] ONTOLOGIA. Acessado em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2316-82422016000200173

[89] ONTOLOGY. Acessado em: https://en.wikipedia.org/wiki/Ontology

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AOS SERES HUMANOS RESTA SÓ APRENDER A AMAR!!!

 
 

Algum dia, quando tivermos dominado os ventos, as ondas, as marés e a GRAVIDADE, utilizaremos as energias do AMOR. Aí, pela segunda vez na história do mundo, o HOMEM descobrirá o FOGO. 

 

Teilhard Chardin

 
 
POSTED BY SELETINOF AT 06:35 AM

AMOR…. PAIXÃO… O HUMANO EM TODA SUA PLENITUDE!!!

 
POSTED BY SELETINOF AT 08:13 AM