Arquivo mensal: dezembro 2007

A GALÁXIA DE GUTENBERG II

           

 

A GALÁXIA DE GUTENBERG E A DE MARSHALL MCLUHAN

 

O impresso ao surgir, isolando o aspecto visual da palavra, provocou algo de estranho, senão de fantástico. Pareceu criar uma crônica hipocrisia, uma ruptura entre a cabeça e o coração, entre o espírito e o sentimento. Esta ruptura entre a cabeça e o coração, que produziu a palavra impressa, é o traumatismo de que sofre a Europa desde Maquiavel até o presente. É interessante ver como um irlandês e um inglês descrevem essa ruptura alguns duzentos anos mais tarde, no fim do século dezoito. Temos, primeiro, os comentários de um celta sentimental, Edmund Burke, sobre o espírito de cálculo e de inventário, que vamos encontrar em suas Reflections on the Revolution in France (Reflexões sobre a Revolução Francesa):

Faz agora dezesseis ou dezessete anos que vi a rainha da França, então a delfina, em Versalhes; e seguramente jamais apareceu sobre a terra, que ela mal parecia tocar, visão mais deliciosa. Vi-a justamente no momento em que se elevava no horizonte do firmamento, onde se iria mover e do qual se iria constituir o ornamento e a alegria: Brilhando qual estrela d’alva, cheia de vida, de esplendor e de felicidade. Oh! Que revolução! E que coração preciso ter para contemplar sem emoção aquela ascensão e aquela queda! Que longe estava eu de sonhar, ao v~e-la reunindo aos títulos e à veneração o direito ao amor entusiasta, discreto e respeitoso, que jamais lhe fõsse preciso trazer, oculto no seio, poderoso antídoto contra o opróbrio e a desgraça; que longe estava de imaginar que haveria eu de viver para presenciar os desastres que desabaram sobre ela numa nação de homens galantes, numa nação de homens de honra e de cavaleiros. Julgara que dez mil espadas saltariam de suas bainhas para vingar até mesmo um plhar que a ameaçasse co insulto. Mas a idade do cavaleiro já havia desaparecido. A ela sucedera a dos sofistas, economistas e calculistas; e a glória da Europa extinguiu-se para sempre. Nunca, nunca jamais haveremos de rever aquela generosa lealdade à posição e ao sexo, aquela submissão altiva, aquela obdiência digna, aquela subordinação do coração, as quais guardavam vivazes, mesmo na própria servidão, o espírito e a paixão da liberdade. Essa graça inestimável da existência, essa salvaguarda espontânea das nações, essa seiva de coragem no sentimento e do heroísmo na ação, tudo desaparecera! Desaparecera aquela sensibilidade de princípios, aquela caridade da honra, que se ressentia de uma mancha como de uma ferida, que inspirava a coragem ao tempo que mitigava a ferocidade, que enobrecia tudo que tocava, e sob a qual o próprio vício perdia metade de seu mal, perdendo toda a sua grosseria.

 

A mente maquiavélica e a mentalidade comercial – escreve – estão juntas na sua fé ingênua na fôrça da divisão segmental para dominar tudo – na dicotomia entre poder e moral e entre dinheiro e a moral.”

A linguagem do numero precisou ser aumentada para satisfazer às necessidades criadas pela nova tecnologia de letras e a conseqüência foi o grande divórcio entre a arte e ciência, a partir do século XVI, com os processos acelerados do cálculo. Aretino, Rabelais e Cervantes proclamaram o significado da tipografia como – gargantuesco, fantástico, super-humano. (Dom Quixote seria a oposição cervantina ao homem tipográfico). A própria arte se desintegrava diante do prelo, confundido por todos (menos por Shakespeare, ressalva McLuhan) com um mecanismo de imortalidade: o divorcio entre poesia e música refletiu-se primeiro na página impressa; a polifonia oral da prosa feria o decoro linear literário (…).

 

“O pensamento maquiavélico e a mentalidade comercial estão unidos na mesma fé de carvoeiro no poder absoluto da segmentação. Dividir para reinar, o primeiro pela dicotomia do poder e da moralidade, a segunda pela dicotomia do dinheiro e da moralidade”

 

Mas a “blitz” da tipografia continuava: Marlowe antecipa “o alarido bárbaro de Whitman”, estabelecendo um sistema de apêlo publico nacional em versos brancos – “ um nascente sistema jâmbico de som para satisfazer a nova históriade-sucesso.” A imprensa eliminava o grego e o latim, línguas universalmente faladas, convertia os vernáculos (idiomas nacionais de cada país) em veículos de comunicação de sistemas fechados, e estendia o seu caráter à regulamentação e fixação dêsses vernáculos. Não apenas alternava a ortografia e a gramática, mas igualmente a acentuação e a inflexão das línguas, tornado assim possível a “má gramática”. A nivelação da inflexão e do trocadilho tornou-se parte do programa do conhecimento aplicado no século XVII. Nas sociedades não alfabetizadas, ninguém jamais cometeu erros gramaticais.

 

Os “sistemas fechados” da linguagem tipográfica dão origem às fôrças uniformes e centralizantes do nacionalismo moderno, ao mesmo tempo que a probabilidade do livro, “como a do cavalete do pintor”, contribui muito para o novo culto do individualismo. Em razão da uniformidade e reprodução da imprensa, surgem a aritmética política do século XVII e o cálculo hedonístico do século XVIII.

Os historiadores, embora conscientes do surgimento do nacionalismo no século XVI, até agora não têm explicação para a paixão que precedeu à teoria. No entretanto, o nacionalismo insiste na paridade de direitos entre os indivíduos e entre as nações igualmente: os exércitos de cidadãos de Cromwell e Napoleão são a manifestação ideal da nova tecnologia. A imprensa cria a uniformidade nacional e o centralismo governamental, mas também o individualismo e a oposição ao governo como tal.

  

DISSOLUÇÃO E RECONFIGURAÇÃO

Esse tipo de balê mental coreografado por Gutenberg por meio do isolamento do sentido visual é quase tão filosófico quanto a suposição de Kant, de ser a priori o espaço euclidiano. É que o alfabeto e outras invenções da mesma natureza há muito servem ao homem como fontes subliminares de postulados filosóficos e religiosos. Parece estar Martin Heidegger por certo, em terreno sólido, ao tomar a totalidade da própria linguagem como o datum filosófico. Com efeito, na língua, pelo menos nos períodos do analfabetismo, é que se encontra o devido equilíbrio e harmonia entre todos os sentidos. Isto, porém, não é recomendar a analfabetização, do mesmo modo que não constituem julgamento contra a alfabetização os usos que se fizeram da palavra impressa. Na realidade Heidgger parece ignorar completamente o papel da tecnologia eletrônica em promover o seu próprio modo de ver a linguagem e a filosofia como fenômeno global “não-letrado”. Entusiasmo pelo excelente saber lingüistico de Heidegger poderia entretanto, facilmente ser provocado por simples e ingênua imersão no organicismo metafísico de nosso ambiente eletrõnico. Se o mecanicismo de Descartes se afigura insignificante hoje, talvez seja pelos mesmos motivos subliminares que pareceu resplandecente em seu próprio tempo. Nesse sentido, todas as modas revelam certa espécie de sonambulismo e constituem meio de nos orientarmos criticamente quanto aos efeitos psíquicos da tecnologia. Talvez esteja aí um dos meios de esclarecer aqueles que acabam, afinal, por perguntar: “Mas será que não existe nada de bom com respeito mao texto impresso?” O tema deste livro não é de que não haja nada de bom ou ruim com respeito à palavra impressa, mas, sim, o de que a inconsciência do efeito de qualquer força constitui um desastre, especialmente quando se trata de força que nós mesmo criamos. É muito fácil comprovar os feitos universais da palavra impressa no pensamento ocidental depois do século dezesseis, bastando para isso o simples exame dos desenvolvimentos por certo extraordinários em qualquer arte ou qualquer ciência. A linearidade fragmentada e homogênea, que aparece como descoberta nos séculos dezesseis e dezessete, torna-se a novidade popular ou a moda utilitária dos séculos dezoito e dezenove. Quer dizer, o mecaniasmo persiste como “novidade” na idade eletrônica que começou com homens como Faraday. Alguns talvez sintam que a vida seja demasiado valiosa e deliciosa para ser despeediçada nesse automatismo arbitrário e involuntário.

Não sobrevindo alguma catástrofe, a alfabetização e a predominância visual poderiam subsistir e manter-se por longo tempo, resistindo à eletricidade e à percepção global do “campo unificado”. Mas, também se poderá dar o inverso. Os alemães e os japoneses, conquanto muito adinatados na tecnologia letratada e analítica, retiveram o âmago da unidade tribal auditiva e da total conjunção. O advento do rádio e da eletricidade em geral constituiu, não só para eles, como para todas as culturas tribais, a mais intensa experiência. As culturas há muito alfabetizadas oferecem naturalmente mais resistência à dinâmica auditiva do total campo elétrico da cultura de nosso tempo. 

Tais foram, segundo McLuhan, as implicações da popularização da tipografia que, entretanto, não poderiam escapar àquelas funções latentes (efeitos não pretendidos) de que nos fala ROBERT K. MERTON e que se interessem em qualquer atividade social.

MERTEON, Robert K. Teoría y estructura sociales. México-Buenos Ayres, Fondo de Cultura Económica, 1965, 2. ed).

A redução das qualidades palpáveis da vida e da língua constituem, com tipografia, aquêle refinamento buscado na Renascença e que, agora, na era eletrônica, está sendo repudiado. O novo sentido de tempo do homem tipográfico é cinemático, seriado e pictórico. A desnudação da vida consciente e a sua redução a um mínimo singelo, imposto pela arte niveladora da tipografia, cria o mundo novo do inconsciente no século XVII. O palco fora expungido dos arquétipos ou atitudes da mente individual e está pronto para os arquétipos do inconsciente coletivo.

A tipografia – acentúa McLuhan – rompera as vozes do silêncio. Tanto a filosofia quanto a ciência tinham aceito os pressupostos ou dinâmica da tipografia: Heidgger cavalgou a vaga elétrica tão triunfalmente como Descartes o fez com a onda mecânica.

Teoricamente, a galáxia de Gutenberg é dissolvida em 1905, com a descoberta do espaço curvo, mas na prática tinha sido invadida pelo telégrafo, duas gerações antes. Poppe denuncia o livro impresso como fator de uma restauração primitivista e romântica. A pura quantidade visual evoca a ressonância mágica da horda primitiva. O novo consciente primitivo é por êle visto como respingos acumulados da auto-expressão individual: a fôrça metamórfica do conhecimento aplicado é, por êle, apontada como uma paródia da Eucaristia.

“A galáxia de Gutenberg dissolveu-se teoricamente em 1905 com a descoberta da curvatura do espaço, mas na prática foi invadida pelo telégrafo duas gerações antes disso”

  

No nosso século, a Galáxia está reconfigurada: o homem-massa enfrentase com uma sociedade individualista que, entretanto, contém em sua tecnologia da comunicação os elementos básicos da sua própria e radical mutação: os meios eletrônicos que produzirão cultura, expressão artística, política e padrões filosóficos inteiramente diversos. Com a TV, em breve, o mundo não será mais do que uma aldeia ou um vasto campo cheio de sucata. Embora a imprensa, como tal, ainda possa durar algum tempo, será absorvida. A reação dos intelectuais aos meios de comunicação será idêntica à que valorizou o até então desprezado romance, quando surgiu o cinema, e considerou o cinema como uma forma de arte, quando veio a televisão, não hesitando em admitir a morte e o sepultamento do romance (…).

 

“A crescente separação da faculdade visual da interação com outros sentidos leva à rejeição, por parte da consciência, da maior parte de nossas experiências e à conseqüente hipertrofia do inconsciente”

 

Essa posição dos intelectuais é que McLuhan vem atacando rudemente como incompreensão do momento histórico que vivem. Todos temos obrigação de conhecer os fatos sociais do nosso tempo, o ambiente e a tecnologia que nos envolvem, a fim de que possamos controlar a evolução, em favor da cotização do conhecimento, que os meios de comunicação proporcionam. Por isso, devemos fazer como aquele marinheiro de “The Descent into the Maelstrom”, de Poe, que se salva do naufrágio porque conhece bem os sinais da tormenta e o movimento dos redemoinhos.

 

Um físico moderno, com seu hábito de percepção de “campo” e seu sofisticado afastamento de nossos hábitos convencionais de espaço newtoniano, facilmente encontra no mundo pré-alfabetizado um tipo congenial de compreensão e saber.

Heisenberg chamando a atenção para o valor da ciência como elemento do intercurso entre o homem e a natureza, nos mostra que as modificações de grandes conseqüências em nosso ambiente e em nosso modo de vida, causadas pela idade da tecnologia, alteram perigosamente nosso modo de pensar e geram as crises que tanto tem abalado nossos tempos.  

Mas talvez o valor real da história está em que impressionou Heisenberg. Não teria interessado a Newton. A física moderna não só abandona o espaço visual e especializado de Descartes e newton, como volta a entrar no espaço auditivo e sutil do mundo não-alfabetizado. E na sociedade mai primitiva, como na idade atual, tal espaço auditivo é um campo total de relações simultâneas, em que “mudança” tem tão pouca significação e atração quanto tinha para o espírito de Shakespeare ou para o coração de Cervantes. Independente de toda questão de valores, o que temos de aprender hoje é que nossa tecnologia elétrica tem conseqüências para nossas percepções e hábitos de ação mais comuns e que tais conseqüências estão recriando rapidamente em nós os processos mentais dos homens mais primitivos. Elas não afetam propriamente nosso pensamnetos e ações, matéria em que estamos treinados para ser críticos, mas afetam nosso mais comum senso de vida, o qual cria os vértices e as matrizes de pensamento e ação. Este livro procurará explicar porque a cultura tipográfica da palavra impressa confere ao homem uma linguagem de pensamento que o deixa completamente desarmado para enfrentar a linguagem de ua própria tecnologia eletromagnética. A estratégia a que qualquer cultura deve recorrer num período como esse foi indicada por Wilhelm von Humboldt:

Com os seus objetos vive o homem principalmente – de fato, visto que seu sentimento e sua atuação dependem de suas percepções, pode-se dizer exclusivamente – como a linguagem os traduz e a ele os apresenta. Pelo mesmo processo com que tira de si mesmo o fio para tecer a linguagem, o homem nela se aprisiona; e cada língua traça um círculo mágico em torno do povo ao qual pertence, círculo do qual nenhum homem pode escapar, salvo saindo dele para entrar noutro.

Fontepesquisada:(http://www2.metodista.br/unesco/luizbeltrao/luizbeltrao.htm); (McLUAN, M. A Galáxia de Gutenberg. São Paulo: Companhia Editorial Nacional, 1967).

 

 

 

POSTED BY SELETINOF 11:00 AM

NOSSA MENSSAGEM DE NATAL!!!!!!!!

       
 
"Nada pelo que lutar ou morrer" … aqui John Lennon se refere às guerras patrocinadas pelas grandes potências imperialistas (políticas e religiosas), as quais, propalando valores vazios, promovem lutas incoerentes com o sentimento verdadeiramente humano! Mas, através de sua música, John incíta-nos mesmo a "lutarmos" pacificamente por um mundo mais dígno e humano, onde o sonho de uma irmandade universal é colocada como a principal meta a ser alcançada!…

Imagine que não existe paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós
E acima apenas o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje

Imagine não existir países
Não é difícil de fazê-lo
Nada pelo que lutar ou morrer
E nenhuma religião

Talvez você diga que eu sou um sonhador
Mas não sou o único
Desejo que um dia você se junte a nós
E o mundo, então, será como um só

Imagine não existir posses
Surpreenderia-me se você conseguisse
Sem necessidades e fome
Uma irmandade humana

Imagine todas as pessoas
Compartilhando o mundo

… Com esse sentimento desejamos a todos um Feliz Natal e um próspero Ano Novo!!! 

POSTED BY SELETINOF 9:25 PM  

PSICOLOGIA TRANSPESSOAL

     

 

A psicologia transpessoal é uma abordagem da Psicologia, considerada por Abraham Maslow (1908-1970) como a "quarta força", sendo a primeira força o comportamentismo, seguida da Psicanálise, e do Humanismo.

É uma forma de sincretismo teórico, que abarca conteúdos de muitas escolas psicológicas, como as teorias de Carl G. Jung, Maslow, Viktor Frankl, Fritjof Capra, Ken Wilber e [[Stanislav Grof]]. Surgiu em 1967 junto aos movimentos New Age nos EUA, pelo pensamento de Maslow, que dizia que o ser humano necessitava transcender sua Psique, conectando-se a outras realidades, procurando pela Verdade, de forma a entender sua existência e ajudar a si próprio.

A psicologia transpessoal tem entre seus objetos de trabalho e pesquisa os estados não ordinários de consciência que abrangem das experiência com alucinógenos (Grof, Huxley) aos estados místicos das tradições religiosas mundiais. Ken Wilber, um dos seus principais teóricos, em O Espectro da Consciência, primeiro de duzias de livros, propõe uma cartografia do ser que abrange do físico ao psíquico e deste ao espírito. Assim, a psicologia transpessoal abrange o ego, como as demais escolas de psicologia, e os estados além do ego (trans pessoal). No Brasil a psicoterapia transpessoal encontrou ressonância com a tradição espírita (muitos destes são simpatizantes desta abordagem terapêutica) e os fenômenos ditos mediúnicos passaram a ser estudados no contexto dos estados alterados de consciência.

 

HISTÓRIA E CRÍTICAS

 

Havia um grande descontentamento com as escolas de pensamento Behaviorista e Freudiana, durante a década de 1950, assim como se enraizava, nesta época, revoltas contra o modelo conservador de vida e política. É o ínicio do grande debate que resultaria nas revoltas surgidas posteriormente na França que se espalharam para todo o Globo.

Críticas ao Behaviorismo

Maslow era um dos críticos descontentes com a atual idéia da psicologia; ele achava que o Behavorismo, que estudava o comportamento humano através do comportamento animal, não condizia com o estudo da mente humana, muito mais complexa, envolvendo razão, sentimento, aprendizado superior, liberdade pessoal, livre-arbítrio, a arte e a ciência, e também pontos negativos, e próprios do ser humano, como ódio, mágoa, e tendência para fazer o "mal", como uma luta pelo melhor para si próprio, e também falava da falta de definição dos comportamentos patológicos, únicos do ser humano. Críticava também a ênfase no estudo do comportamento, em detrimento à consciência.

Críticas à Psicanálise

Já sua crítica à psicanálise, consiste no reducionismo de toda a mente para a líbido e o inconsciente. Além de tratar o humano como "doente por natureza", cuidando apenas dos aspectos patológicos humanos.

Nascimento do Humanismo

Algum tempo depois Maslow juntamente a Anthony Sutich fundam a Associação de Psicologia Humanista (Association for Humanistic Psychology) e lançam um jornal para divulgar a escola. Foi muito bem aceito por um grande número de psicólogos, sendo que muitos contribuiram com suas teorias naquela mesma época, como Carl Rogers, autor da Abordagem Centrada na Pessoa (ou Cliente); Viktor Frankl, com a escola do "sentido da vida", a Logoterapia; Fritz Perls e sua Gestalt-Terapia; e Alexander Lowen com a Bioenergética. A ênfase destas teorias humanistas está no presente, no aqui e agora, e na capacidade de mudança, de escolha, baseado nas escolas filosóficas Fenomenologia e Existencialismo, respectivamente. Também enfatiza os sentimentos, tanto na vida, como na terapia e a congruência.

Dentro do próprio berço, e dos próprios fundadores do humanismo, foi crescendo a idéia que algo faltava a esta escola Humanista: o aspecto espiritual.

Por Que Uma Nova Corrente de Pensamento?

Era, a década de 1960 muito conturbada, devido às várias novas ideologias, e a "importação" de filosofias orientais de vida, como o panteísmo oriental, Hare Krishna, o Zen-budismo, o Taoísmo, entre outras. No Vietnã a guerra explodia de vez, e em Paris os estudantes se revoltavam; o mundo estava precisando acreditar em uma esfera superior, espiritual.

Experiências como a meditação transcendental, a transe, a efervecência cultural e científica abriram portas para uma nova abordagem na psicologia, voltada para o que há de mais interior do ser humano, o espírito.

Enfim, a Psicologia Transpessoal

Para Maslow, e Sutich, que não aceitavam mais suas próprias teorias por completo, pois faltava o fator espiritual, e os fatores incomuns da consciência, foi um pulo até aceitar as idéias de Stanislav Grof, que falava dos aspectos alterados da consciência e estruturas diferentes, como o estado de vigília, o inconsciente freudiano e o inconsciente coletivo, entre outros. A esta nova abordagem, nascida em 1967,foi dada o nome Transpessoal. 

 

    

 

ASPECTOS PRINCIPAIS

 

A Psicologia Transpessoal vê o homem como um todo, composto de corpo, alma e espírito, capaz de escolhas, capaz de transcender o limite físico do corpo, viajando fora do Espaço-tempo das teorias cartesianas de Newton, já ultrapassadas pelas teorias Quânticas e Relativas da física. Alias, é a união destas teorias com a psicologia, que já foram estudadas, anteriormente, por Carl G. Jung, que dá a base para a Psicologia Transpessoal como Ciência.

Jung já escrevia , em seus textos sobre a qualidade física da mente, citando a "energia da mente", os símbolos que canalizam esta energia e algo que liga a mente, como uma "central", mas que ele mesmo não soube explicar perfeitamente. Estudos ciêntificos tentam encontrar estes conceitos na natureza, de uma forma a "cientificar" a idéia religiosa do Panteísmo, através da Física Quântica.

A Psicologia Transpessoal aceita especialmente estes preceitos, e adiciona a capacidade do ser humano de alterar os estados da consciência, para alcançar uma dimensão diferente da normal (vigília) chamada comumente de "Consciente".

 

Conceitos Básicos


# Tudo está ligado através de uma rede de inter-relações, de caracter energético, que está em harmonia; o Todo integrado.


# Estuda os estados conscientes de uma forma geral, e se detém no estado alterado de consciência chamado Transpessoal.


# O homem é um todo, e não suas partes estudadas separadamente. Este conceito é tomado emprestado da Gestalt: "O todo é mais que a soma de suas partes".


# Por isto, é uma ciência holística, e trans-disciplinar, que abrange muitas teorias, tais como a Física, a Biologia, a Lingüística, a Antropologia, a Sociologia e a Neurologia, entre outras.


# É uma ciência, e não magia ou religião, isto abordaremos a seguir.


# Além dos cinco sentidos (que são sintetizados em cinco, já que, na verdade, o ser humano beira os 30 sentidos, já estudados pela ciência) , o homem pode entrar em contato com outras dimensões através de exercícios de alteração de consciência.


# A consciência é energia, e portanto indestrutível, permanece antes da vida e após a morte. OBS: não confundir com reencarnação e outros conceitos religiosos.


# A hipnose, por ser um estado alterado de consciência.

 

Níveis de consciência

 

 

1) A sombra – aqui o homem têm seu Self distorcido, ele aliena várias porções da Psiquê em detrimento de alguma que causa incongruência. É um nível negativo e patológico.

2) Ego – é o nível superficial da consciência, onde o homem se identifica com uma imagem criada, seu self indivídual, sem se interessar profundamente em questões sociais ou ecológicas, ou seja, pensando em si próprio.

3) Biossocial – neste nível o homem tende a ter uma preocupação com o outro, enxergando também o que o rodeia. Ele aceita uma responsabilidade perante os outros, e pelo ambiente natural.

4) Existencial – o homem encontra, neste nível, a ligação entre corpo/mente, que tende a auto-organização, é ligado a um alto grau de desenvolvimente e auto-atualização. É o grau perfeito para a filosofia e o humanismo. Emoção e razão se unem para o crescimento.

5) Transpessoal – este é o nível que esta escola estuda, é o nível mais profundo que, hoje em dia, consegue-se chegar. É um nível aproximado das experiências místicas, onde tudo está imerso no todo, o Tao, como uma gota d’água no oceano, mas não de uma forma linear, cartesiana. Os limites do Ego são ultrapassados. É possível entrar em contato com o inconsciente coletivo, entre outros fenômenos relacionados. Há quem diga que é possível fenômenos como precognição e telepatia, mas estes não são considerados comuns ou científicos, pois estão dentro da parapsicologia, mas ainda assim são válidos dentro da teoria.

Mitos e crendices

É importante ressaltar que esta é uma teoria de certo modo polêmica, já que se opõe a paradigmas e traz conteúdos ainda sem um estudo conclusivo. Por estas razões há alguns mitos:

1)Psicologia transpessoal não é magia, nem religião; é uma ciência séria que busca, através de sua trans-disciplinaridade, uma forma de ver e entender o homem no universo, e o homem como parte deste universo.

2)Regressões a vida passada não são um conteúdo aceito por todos os psicólogos transpessoais, por não ser científico, e deve-se ter cuidado quando se fala sobre este tema, relacionando com Psicologia Transpessoal. Há terapeutas que se utilizam desta técnica, mas não significa que seja aceito no meio acadêmico como conceito científico.

 

PRINCIPAIS TEÓRICOS

 

Abraham Maslow

Anthony Sutich

Carl G. Jung

Carl Rogers

Frances Vaughan

Fritjof Capra

Ken Wilber

Pierre Weil

Roger N. Walsh

Stanislav Grof

Viktor Frankl

 

REFERENCIAL

 

Bibliografia

SHULTZ, Duane P. e SHULTZ, Sydney Ellen – História da Psicologia Moderna; 16ª Edição; 1991 – Editora Cultrix

WALSH, Roger N. e VAUGHAN, Frances – Além do Ego, dimensões transpessoais em psicologia – 1980 – Editora Cultrix

ROCHA FILHO, João Bernardes da – Física e Psicologia – 3ª Edição, 2004 – EdiPUCRS

Ligações externas

A Psicologia Transpessoal – por Carlos Antonio Fragoso Guimarães

Psicologia Transpessoal – por Alexandre Pedrassoli

Breve História da Psicologia Transpessoal – por Stanislav Grof

Psicomundrungo – Grupo Eletrônico de Discussão sobre Psicologia Transpessoal que nasceu na USP, Universidade de São Paulo

 

Fontepesquisada:(http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_transpessoal)

 

POSTED BY SELETINOF 10:56 PM 

DUALISMO… EXIGÊNCIA PARA A EXISTÊNCIA

  
 

O Bem não pode existir sem o Mal e quando se aceita um Deus, então tem de se dar, por outro lado, um lugar equivalente ao Demônio. Isto é o equilíbrio. Vivo desta dualidade. Mas isso também não parece ser permitido. As pessoas tornam-se logo tão profundas sobre estas coisas, que em breve deixam completamente de perceber. Na realidade, porém, é muito simples: branco e preto, dia e noiteo gravador vive disso.(na atualidade temos a internet).

M.C. Escher

POSTED BY SELETINOF 5:35 PM