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O CÓDIGO CÓSMICO

           


Kant foi o primeiro filósofo que estabeleceu os limites, os objetivos e o valor das ciências, declarando que a ciência visa somente aos fenômenos, isto é, investiga o campo do sensível, não ultrapassando o campo da experiência.

De fato, quando verificamos a forma dos corpos, sua composição, suas propriedades, formulamos juízos que exprimem fatos ou relações entre fatos. Portanto, são juízos de uma existência ou realidade. Ao passo que, outros juízos podemos formular sobre o valor das coisas e não o que são elas, sendo estes, juízos de valor, os quais ultrapassam o campo do sensível e da experiência. Desse modo, podemos concluir que os juízos de realidade são científicos e os juízos de valor são filosóficos.

Cada ciência tem seu objeto. E o objeto de cada ciência é uma fração da realidade total. Não poderão, pois, as ciências, cujos objetos não são mais do que partes de um grande todo, fornecer ao homem uma visão do conjunto universal.

As ciências, portanto, não têm caráter universal, sua causa material é limitada, não possuem também profundidade, pois, as ciências se restringem à determinação das leis do fenômenos. A física, por exemplo, cuida das leis da mecânica, da ótica, da acústica, etc.,mas não se preocupa com a composição dos corpos, pois, é o objeto de outra ciência, a Química.

Disso podemos concluir que as ciências se limitam ao mundo dos fenômenos, ao mundo sensível da experiência e fundamentam-se sobre postulados, princípios aceitos sem discussão. Cuidam das causas imediatas, sem ultrapassarem o mundo do sensível.

Todavia, o desejo de saber é inato no homem e não tem limites; não podemos contentar-nos apenas com as causas imediatas das coisas. Existem várias perguntas, que transcendem a experiência e caminham pelo mundo dos valores das coisas, às quais as ciências não podem dar respostas. Cabem, pois, tais respostas a um ramo do saber de caráter universal, que tenha por objetos as causas supremas e gerais, que critique os postulados de todas as ciências particulares. Esse ramo é a filosofia.

A filosofia, então, visa, pela razão, ao que está além da experiência. Portanto, sendo a filosofia essencialmente metafísica, isto é, procurando ultrapassar o mundo físico ou sensível, deve ela servir-se da razão. Mas para atingir seus fins, deve ela servir-se somente da razão natural, distinguindo-se neste particular da teológica, que se serve da razão revelada.

Mas o que é o Universo? É um filme cósmico a três dimensões no qual todos somos atores involuntários? É uma anedota cósmica, um computador gigante, uma obra de arte de um Ser Supremo, ou apenas uma experiência? O problema de tentar compreender o Universo é o não termos nada com que o possamos comparar… As respostas que posssuem maior credibilidade se baseiam na utilização do método científico aliado à linguagem matemática; ou seja, a ciência nos propicia  resultados mais satisfatórios do que a filosofia. Não obstante, abaixo, temos uma análise científico-filosófica a respeito do Universo e sobre a possível linguagem em que este se deixa representar.  

Não sabemos o que é o Universo, ou se ele tem alguma finalidade, mas, como muitos físicos (os quais se utilizam da ciência em seus estudos) temos de encontrar um modo de pensar sobre ele. Einstein acreditava ser errado projetar as nossas necessidades humanas sobre o Universo, porque este é indiferente a elas. Steven Weinberg concorda: “(…) quanto mais sabemos sobre o Universo, mais se torna evidente que ele não tem finalidade nem sentido”. Como a rosa de Gertrude Stein, o Universo é o que é. Mas afinal o que é? A pergunta não se desvanecerá.

Pensamos que a mensagem está escrita num código, um CÓDIGO CÓSMICO, e a tarefa é tentar decifrar esse código. A idéia de que o Universo é uma mensagem é mutio antiga e remonta à Grécia, mas a sua versão moderna foi elaborada pelo empirista inglês Francis Bacon, que afirmou existirem duas relações. A primeira é-nos dada através das escrituras e da tradição e conduziu o nosso pensamento durante séculos. A segunda provém do próprio Universo e só agora começamos a ler esse livro. As frases deste livro são as leis físicas, as invariâncias postuladas e confirmadas pela nossa experiência. Se há pessoas que afirmam terem-se convertido por uma leitura das Escrituras, nós diríamos que o livro da Natureza também tem seus convertidos. Podem ser menos evangélicos do que os convertidos pelas Escrituras, mas partilham uma convicção profunda de que existe ordem no Universo e que essa ordem pode ser conhecida.

Muitos cientistas têm escrito sobre a sua primeira experiência de contato com o código cósmico, isto é, a idéia de ordem para lá da experiência imediata. Esta experiência surge muitas vezes nos primeiros anos da adolescência, quando se dá a integração da vida emocional e cognitiva do ser huamano. Einstein disse que a sua conversão, nessa idade, de uma perspectiva religiosa para uma perspectiva científica alterou completamente a sua vida. Newton, que defendeu posições religiosas heterodoxas ao longo de toda a sua vida, tinha também uma concepção do código cósmico; para ele, o Universo era um grande enigma que tinha de ser resolvido. I. I. Rabi, um físico atômico, contou que se interessou pela primeira vez pela ciência quando requisitou numa biblioteca alguns livros sobre movimentos planetários. O fato de a mente humana poder conhecer coisas tão imensas que não eram por ela imaginadas constituía para ele motivo de espanto e admiração. Heinz R. Pagels, quando adolescente, lendo a biografia de Einstein, o livro One, Two… Infinity,  de George Gamow, e o Exploring the Atom, livro de Selig Hevht, decidiu ser físico: para ele não havia nada mais gratificante do que resolver o enigma do cosmo; e a física, explorando o início e o fim do espaço, do tempo e da matéria, poderia realizar sua ambição.

 

Se aceitarmos a idéia de que o UNIVERSO é um livro lido pelos cientistas, deveríamos agora analisar como é que a sua leitura influencia a nossa civilização. Os cientistas libertaram uma nova força no nosso desenvolvimento político, social e conômico – talvez a maior força até agora libertada. Conhecendo a estrutura do Universo, cientistas e engenheiros inventam novos aparelhos e novas tenologias que alteram radicalmente o mundo em que vivemos. O que distingue este novo conhecimento é que a sua fonte está para além das instituições humanas: ele provém do próprio Universo. Pelo contrário, a literatura, a arte, o direito, a política e mesmo os métodos científicos foram por nós inventados. Mas nós não inventamos o Universo, a química dos nossos corpos, os átomos ou as ondas eletromagnéticas, descobertas que influenciam profundamente a nossa história e as nossas vidas. Poderia acontecer o código cósmico, revelado na arquitetura do Universo, ser, na realidade, um programa de evolução histórica?  

Arnold Toynbee afirmou que cada civilização  era a reação a um desafio. Os Romanos tinham o desafio de manter o domínio de um vasto império; a sua reação foi inventar um estado moderno. Da mesma forma, os Egípcios enfrentaram o desafio do sistema ecológico do rio Nilo construindo um complexo sistema de irrigação e uma estrutura política para o manter. O maior desafio à nossa civilização é dominar o código cósmico. As forças que a ciência descobriu no Universo podem aniquilar-nos. Podem também proporcionar a base para uma nova e mais gratificante existência humana. Ninguém sabe qual será a nossa reação a este desafio, mas certamente atingimos as frases do código cósmico que podem pôr fim à nossa existência ou, alternativamente, proporcionar o nascimento da humanidade no Universo.

Será que a ignorância e o desespero de um povo como os  indianos são conseqüência de suas crenças filosóficas e religiosas? (ou será o contrário?). Alguns intelectuais indianos pensavam que as grandes guerras do Ocidente, guerras que ceifaram milhões de vidas, eram fruto da filosofia, da ciência e da tecnologia ocidentais. O desafio à nossa civilização, que surgiu com o nosso conhecimento das energias cósmicas que alimentam as estrelas, do movimento da luz e dos elétrons através da matéria, da complicada ordem molecular que forma a base da vida, deve ser enfrentado através da criação de uma ordem moral e política que regule estas forças, pois, caso contrário, seremos destruídos. Serão necessários os nossos mais profundos recursos da razão e compaixão.

O nosso conhecimento recente proporciona ambém oportunidades ricas, complexas e muias vezes confusas. Podemos pensar que usamos a nossa liberdade ao fazermos as opções que entendemos, mas as próprias opções estão circunscritas por limites clarificados pela ciência moderna. O estado do Universo, do mundo e da vida humana é olhado por muita gente como produto da ciência, em lugar da descoberta da ciência. É uma sensação que tem por conseqüência um sentimento de alienação provocado pelo mundo tecnológico.

Heinz Pagels ilustra muito bem o impacto provocado pelas descobertas científicas na sociedade, quando nos relata seu encontro, em 1965, com uma senhora de idade, de olhos claros e vivos, pertencente a uma pequena comunidade que rejeitava o uso de máquinas (escreviam, por exemplo, com penas). A senhora, que era poetisa, disse-lhe que seu pequeno grupo continuava a acreditar no espírito humano, mas via esse mesmo espírito corrompido pela vida e pela tecnologia modernas. Ela explicou que um espírito demoníaco invadira a Terra havia cerca de trezentos anos, com o objetivo de a destruir. Todo o mal começou quando as melhores mentes de entre filósofos, cientistas e líderes sociais e políticos foram capturadas. Brevemente ficariam à solta os monstros da ciência, da tecnologia e do industrialismo. Pagels lembrara-se de William Blake, também poeta, que se lamentava da cegueira de Newton. A conquista estava quase terminanda, dizia ela; muito poucos resistiam à queda.

             

A senhora perguntou-lhe o que é que ele fazia e, quando  Pagels lhe disse que era físico, foi recebido com um olhar de horror. Era portanto um deles, um inimigo. Sentiu então uma enorme distância entre ele e a senhora. Um ano mais tarde, a Counterculture florescia na América; tinha-se instalado uma nova revolta contra a ciência.

Há ainda um caso de um jovem, que sofria de perturbações mentais, o qual corrobora os “males” da ciência. Conta Pagels que de um modo muito agitado, ele descreveu-lhe como os seres extraterrestres tinham invadido a Terra. Eram formados de uma substância mental, viviam nas mentes humanas e controlavam-nas através da criação da ciência e da tecnologia. Estes seres teriam o objetivo de gozar uma existência autônoma na forma de computadores gigantes, e não teriam então necessidade dos humanos; isso assinalaria  o seu triunfo e o fim da humanidade. Pouco depois foi hospitalizado porque não conseguia afastar esta visão.

A velha poetiza e o jovem estão corretos na sua percepção de que a ciência e a tecnologia vieram do “exterior” da experiência humana. Eles foram sensíveis a esta percepção de uma forma muito excessiva. O que nos é exterior é o Universo enquanto revelação material, mensagem a que Pagels chama de código cósmico e que programa hoje em dia o desenvolvimento econômico e social da humanidade. O que pode ser apercebido como ameaçador neste contato é que os cientistas, ao lerem o código cósmico, penetraram na estrutura invisível do Universo. Vivemos hoje uma revolução científica comparável à que ocorreu quando Copérnico demoliu o mundo antropocêntrico, revolução que começou com a invenção da teoria da relatividade e da mecânica quântica, no início deste século, e que ultrapassou muitas pessoas. Pela própria natureza dos fenômenos que estuda, a ciência tornou-se cada vez mais abstrata. O código cósmico tornou-se invisível; o invisível influencia o visível.

A transformação irreversível dos padrões da existência humana pela ciência constitui uma perturbadora experiência de que muitas pessoas nem se aperceberam porque estão demasiado próximas dela. Muitos de nós vivemos em grandes cidades com milhões de habitantes que pura e simplesmente não poderiam ter existido há alguns séculos, devido aos problemas de fornecimento de alimentos e de higiene. Aceitamos a tecnologia como parte das nossas vidas porque a nossa sobrevivência depnde dela. Os peritos e os cientistas asseguram-nos que tudo irá correr bem porque ela é apoiada pelas regras da razão. Mas outros, como a poetisa, vêem a razão como ferramenta do demônio, como instrumento para a destruição da vida e da fé simples. Eles vêem o cientista como destruidor do espírito humano, enquanto o cientista considera os aliados da poetisa cegos para as exigências materiais da sobrevivência humana. O que divide é a diferença entre aqueles que privilegiam as intuições e os sentimentos e aqueles que privilegiam o conhecimento e a razão – recursos diferentes da vida humana. Ambos os impulsos estão dentro de nós; mas por vezes não conseguimos uma síntese útil, e o resultado é um ser incompleto.

No século XIII, a filosofia escolástica tentou reconciliar a fé com a razão. Não teve êxito, mas do seu fracasso nasceu uma nova civilização: o mundo moderno, no qual a dialética entre fé e razão continua de pé. Não devemos optar por um dos termos da dialética: ela deve ser considerada como uma oposição que transforma a vida. A capacidade de realização só pode vir através da fé e dos sentimentos. Mas a capacidade de sobrevivência só surge da razão e do conhecimento.

Será a ciência moderna hostil à nossa humanidade? Max Born, um dos criadores da teoria quântica, exprimiu a sua preocupação sobre a permanência da aventura científica nos últimos trezentos anos. A ciência contemporânea, pensava ele, não tem um lugar fixo e sólido na vida humana, ao contrário da política, da religião ou do comércio. Ele perguntava se o gênero humano podia alguma vez abandonar a ciência. Se isso acontecesse, seria cortado o nosso ainda frágil laço ao código cósmico, erro que poderia custar-nos a existência. É possível que os historiadores do futuro verão a civilização contemporânea como reação à descoberta dos mundos das moléculas, dos átomos e das extensões inimagináveis do espaço e do tempo. O desafio é de trazer estes domínios invisíveis à nossa consciência e tornar humanos os enormes poderes que neles encontramos.

Ciência é outro nome para conhecimento, e ainda não descobrimos nenhum limite para o conhecimento, ainda que tenhamos descoberto muitos outros limites. Mas o conhecimento não é suficiente. Ele deve ser temperado por um sentimento de justiça, pela vida moral e pela nossa capacidade para o amor e para servir a comunidade. A ciência traz-nos uma apreciação renovadora da condição humana: as limitações da nossa existência no Universo. Através da expansão do conhecimento científico tomamos conhecimento não só dos avanços das nossas possibilidades materiais, mas também das nossas limitações intrínsecas.

O livro Gênesis conta-nos a história dos nossos primeiros pais, que foram criados pelo Senhor e colocados num jardim paradisíaco. Havia duas árvores , a árvore do conhecimento e a árvore da vida, e o Senhor proibiu-os de comer o fruto da árvore do conhecimento. Os nossos primeiros pais provaram do conhecimento e conheceram, assim, o bem e o mal. Eles podiam agora tornar-se, como o Senhor, potencialmente donos de um conhecimento infinito. O Senhor expulsou-os do jardim antes de eles terem provado o fruto da árvore da vida e terem assim uma vida inifinita. A humanidade enfrenta uma visão de conhecimento infinito a partir de um estado de existência finita.

A ciência não é inimiga da humanidade, mas sim uma das mais profundas expressões do desejo humano de ralizar este conhecimento infinito. A ciência mostra-nos que o mundo visível não é matéria nem espírito; o mundo visível é a organização invisível de energia. Não se sabe quais serão as próximas frase do código cósmico. Mas parece certo que o recente contato humano com o mundo invisível dos quanta e com a vastidão do Cosmo modelará o destino da nossa espécie ou daquilo em que esta se tornar.

Heinz Pagels revela-nos, ainda, que muitas vezes sonhou com quedas. Esses são comuns para os ambiciosos e para os alpinistas. Certa vez sonhara que se agarrava a uma rocha que subitamente se desprendeu.Tentou agarrar-se a um arbusto, mas ele cedeu e, num terror gelado, caiu no abismo. De repente apercebeu-se de que a sua queda era apenas relativa; não havia fim para ela. Encheu-se então de uma sensação de prazer: Compreendi que aquilo que eu representava, o princípio da vida, não pode ser destruído. Está inscrito no código cósmico, na ordem do universo. À medida que continuei a cair no vazio, abracei a abóboda celeste, cantei a beleza das estrelas e reconciliei-me com a escuridão.

 

Fontepesquisada: (Heinz Pageles, O CÓDIGO CÓSMICO, Gradativa, lisboa, 1982)  

 

POSTED BY SELETINOF 2:29 PM 

OS UNIVERSOS PARALELOS REALMENTE EXISTEM I

       

 

Introdução

 

Em 1954, Hugh Everett III, um jovem candidato ao doutorado da Universidade de Princeton, apareceu com uma idéia radical: a existência de universos paralelos, exatamente como o nosso. Esses universos estariam todos relacionados ao nosso. Na verdade, eles derivariam do nosso, que, por sua vez, seria derivado de outros. Nesses universos paralelos, nossas guerras surtiriam outros efeitos dos conhecidos por nós. Espécies já extintas no nosso universo se desenvolveriam e se adaptariam em outros e nós, humanos, poderíamos estar extintos nesses outros lugares.

 

Galeria de imagens do espaço (em inglês)

 

 

Os universos paralelos realmente existem?

Algumas teorias matemáticas e físicas dão base para tal possibilidade.

 

Isso é enlouquecedor e, mesmo assim, compreensível. Noções de universos ou dimensões paralelas, que se assemelham aos nossos, apareceram em trabalhos de ficção científica e foram usadas como explicações na metafísica, mas por que um jovem físico em ascensão arriscaria o futuro de sua carreira prpondo uma teoria sobre universos paralelos?

 

Com sua Teoria dos Muitos Mundos, Everett precisou responder uma questão muito difícil relacionada à física quântica: por que a matéria quântica se comporta irregularmente? O nível quântico é o menor já detectado pela ciência. O estudo da física quântica começou em 1900, quando o físico Max Planck apresentou o conceito para o mundo científico. Seu estudo sobre a radiação trouxe algumas descobertas que contradiziam as leis da física clássica. Essas descobertas sugeriram que existem outras leis operando no universo de forma mais profunda do que as que conhecemos.

 

     

 

Em um curto espaço de tempo, os físicos que estudavam o nível quântico perceberam algumas coisas peculiares nesse mundo minúsculo. Uma delas é que as partículas que existem nesse nível conseguem tomar diferentes formas arbitrariamente. Por exemplo: os cientistas observaram fótons – minúsculos pacotes de luz – atuando como partículas e ondas. Até mesmo um único fóton tem esse desvio de forma [fonte: Brown University (em inglês)]. Imagine que você fosse um ser humano sólido quando um amigo olhasse você e, quando ele olhasse de novo, você tivesse assumido a forma gasosa.

 

Isso ficou conhecido como o Princípio da Incerteza de Heisenberg. O físico Werner Heisenberg sugeriu que, apenas observando a matéria quântica, afetamos seu comportamento; sendo assim, nunca podemos estar totalmente certos sobre a natureza de um objeto quântico ou seus atributos, como velocidade e localização.

 

A interpretação de Copenhagen da mecânica quântica apóia essa idéia. Apresentada primeiramente pelo físico dinamarquês Niels Bohr, essa interpretação diz que todas as partículas quânticas não existem em um ou outro estado, mas em todos os estados possíveis de uma só vez. A soma total dos possíveis estados de um objeto quântico é chamada de sua função de onda. A condição de um objeto existir em todos seus possíveis estados, de uma só vez, é chamada de superposição.

 

Segundo Bohr, quando observamos um objeto quântico, afetamos seu comportamento. A observação quebra a superposição de um objeto e o força a escolher um estado de sua função de onda. Essa teoria explica por que os físicos obtiveram medidas opostas em relação ao mesmo objeto quântico: o objeto "escolheu" estados diferentes durante diferentes medidas.

 

A interpretação de Bohr foi amplamente aceita e ainda o é por grande parte da comunidade que estuda física quântica, mas ultimamente a teoria de Everett dos Muitos Mundos tem recebido muita atenção.

 

 

Teoria dos Muitos Mundos

 

Na interpretação de Everett dos Muitos Mundos,

os universos paralelos não influenciam uns aos outros.

 

O jovem Hugh Everett concordava com muito do que o altamente respeitado físico Niels Bohr havia sugerido sobre o mundo quântico. Ele concordava com a idéia da superposição e com a noção das funções de onda, mas discordava de Bohr em um ponto vital.

 

Para Everett, medir um objeto quântico não o força de um estado para o outro, mas uma medida tirada de um objeto quântico causa uma quebra no universo. O universo é literalmente duplicado, dividindo-se em um universo para cada possível desfecho da medida. Por exemplo, digamos que a função da onda de um objeto seja tanto uma partícula quanto uma onda. Quando um físico mede a partícula, existem dois desfechos possíveis: ela será medida como uma partícula ou como uma onda. Essa diferenciação transforma a teoria de Everett dos Muitos Mundos em uma concorrente da interpretação de Copenhagen como explicação para a mecânica quântica.

 

Quando um físico mede o objeto, o universo se quebra em dois universos distintos para acomodar cada um dos possíveis desfechos. Então, um cientista em um universo descobre que o objeto foi medido na forma de onda. O mesmo cientista, no outro universo, mede o objeto como uma partícula. Isto também explica como uma partícula pode ser medida em mais de um estado.

 

Pode parecer estranho, mas a teoria de Everett dos Muitos Mundos tem implicações além do nível quântico. Se uma ação tem mais de um resultado possível, então – se a teoria de Everett estiver certa – o universo se quebra quando aquela ação é tomada, o que continua sendo verdade, mesmo quando a pessoa decide não tomar uma atitude.

 

Isso significa que se você já esteve em uma situação onde a morte era um dos possíveis desfechos, então, em um universo paralelo ao nosso, você está morto. Esse é apenas um dos motivos que faz algumas pessoas acharem a interpretação dos Muitos Mundos perturbadora.

 

Outro conceito perturbador da interpretação dos Muitos Mundos é que ela mina nosso conceito linear de tempo. Imagine uma linha do tempo mostrando a história da Guerra do Vietnã. Em vez de uma linha reta mostrando acontecimentos notáveis progredindo adiante, uma linha do tempo baseada na interpretação dos Muitos Mundos mostraria cada possível desfecho de cada ação tomada. Daí, cada possível desfecho das ações tomadas (como resultado do desfecho original) também seria registrado.

 

Uma pessoa, porém, não pode ter consciência de suas outras personalidades – ou até mesmo de sua morte – que existem nos universos paralelos. Então, como saberemos se a teoria dos Muitos Mundos está certa? A certeza de que a interpretação é teoricamente possível veio no fim dos anos 90, com a experiência mental – uma experiência imaginada, usada para provar ou desmentir teoricamente uma idéia – chamada suicídio quântico. Você pode aprender mais sobre isso em Como funciona o suicídio quântico.

 

Esse experimento mental renovou o interesse na teoria de Everett, que foi, durante muitos anos, considerada bobagem. Desde que se provou a possibilidade dos Muitos Mundos, os físicos e matemáticos têm tentado investigar profundamente as implicações da teoria, mas a interpretação dos Muitos Mundos não é a única teoria que tenta explicar o universo, nem é a única que sugere a existência de universos paralelos ao nosso.

 

Fontepesquisada:(http://ciencia.hsw.uol.com.br/universo-paralelo.htm) 

 

POSTED BY SELETINOF 2:23 PM 

 

OS UNIVERSO PARALELOS REALMENTE EXISTEM II

       

 

Universos paralelos: separados ou unidos?

 

A teoria dos Muitos Mundos e a interpretação de Copenhagen não são as únicas concorrentes que tentam explicar o nível básico do universo. Na verdade, a mecânica quântica nem é o único campo dentro da física que procura essa explicação. As teorias que surgiram do estudo da física subatômica ainda são teorias, o que divide o campo de estudo de forma semelhante ao mundo da psicologia. As teorias têm partidários e críticos, assim como as estruturas psicológicas propostas por Carl Jung, Albert Ellis e Sigmund Freud.

 

Desde que sua ciência foi desenvolvida, os físicos estão empenhados em desmontar o universo – eles estudaram o que poderiam observar e trabalharam sobre níveis cada vez menores do mundo da física. Ao fazer isso, os físicos tentam atingir o nível final e mais básico e é esse nível, eles esperam, que servirá como base para compreender todo o resto.

 

Seguindo sua famosa Teoria da Relatividade, Albert Einstein ficou o resto de sua vida procurando pelo nível final, que responderia todas as questões físicas. Os físicos se referem a essa teoria ilusória como a Teoria do Tudo. Os físicos que estudam física quântica acreditam estar no caminho para encontrar a teoria final, mas outro campo da física acredita que o nível quântico não é o menor nível, portanto não poderia fornecer a Teoria do Tudo.

Esses físicos se voltaram para um nível subquântico teórico, chamado teoria das cordas, como sendo a resposta para tudo na vida. O que é incrível é que durante sua investigação teórica esses físicos, como Everett, também concluíram que existem universos paralelos.

 

 

Dr. Michio Kaku, o criador da Teoria das cordas

 

A Teoria das cordas foi criada pelo físico nipo-americano Michio Kaku. Sua teoria diz que os blocos de construção essenciais de todas as matérias, bem como de todas as forças físicas do universo – como a gravidade – existem em um nível subquântico. Esses blocos de construção lembrariam pequenas tiras de borracha – ou cordas – que formam os quarks (partículas quânticas) e, por vezes, os elétrons, átomos, células e assim por diante. O tipo da matéria que é criada pelas cordas e como tal matéria se comporta depende da vibração dessas cordas. É dessa forma que todo nosso universo está composto e, segundo a Teoria das cordas, essa composição acontece por meio de 11 dimensões separadas.

 

Assim como a teoria dos Muitos Mundos, a teoria das cordas demonstra que existem universos paralelos. Segundo essa teoria, nosso próprio universo é como uma bolha que existe lado a lado de universos paralelos semelhantes. Ao contrário da teoria dos Muitos Mundos, a teoria das cordas supõe que esses universos podem entrar em contato entre si. Ela diz que a gravidade pode fluir entre esses universos paralelos. Quando esses universos interagem, acontece um Big Bang semelhante ao que criou nosso universo.

 

       

 

Enquanto os físicos têm criado máquinas capazes de detectar a matéria quântica, as cordas subquânticas ainda precisam ser observadas, o que as torna – e a teoria da qual elas vêm – totalmente teóricas. Alguns não acreditam nela, ao passo que outros pensam que ela está certa.

 

Então, os universos paralelos realmente existem? Segundo a teoria dos Muitos Mundos, não podemos ter certeza, uma vez que não podemos vê-los ou senti-los de alguma forma. A teoria das cordas já foi testada pelo menos uma vez e com resultados negativos. O Dr. Kaku, contudo, ainda acredita que existam dimensões paralelas [fonte: The Guardian (em inglês)].

 

Einstein não viveu o bastante para ver sua busca pela Teoria do Tudo ser adotada por outros. Então, se a teoria dos Muitos Mundos estiver certa, Einstein ainda está vivo em um universo paralelo. Talvez, nesse universo, os físicos já tenham encontrado a Teoria do Tudo.

 

Mais informações

 

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Mais links interessantes (em inglês)

 

·             As perguntas mais freqüentes sobre os Vários Mundos

·             Home Page do dr. Michio Kaku

·             Conan O’Brien e Jim Carrey discutem física quântica

 

Fontes (em inglês)

 

·             Brian Greene. "A Theory of Everything?" PBS. Julho de 2003

·             Eugene Shikhovetsev. "Biographical sketch of Hugh Everett, III." MIT. 2003 

·             "Max Planck." Nobel Prize

·             "Michio Kaku: Mr. Parallel Universe." The Guardian. Fevereiro de 2005 

·             "Parallel Universes Exist – Study." The Press Association. 23 de setembro de 2007  

 

 

Fontepesquisada:(http://ciencia.hsw.uol.com.br/universo-paralelo.htm)

 

 

POSTED BY SELETINOF 2:22 PM 

LAS PARTÍCULAS DE ESPACIO Y TIEMPO

       

La American Association for the Advancement of Sciences es la mayor organización mundial de científicos . En su reunión anual de 1993 una de las intervenciones que levantó más interés fue la de la física Fotini Markopoulo Kalamara, del Perimeter Institute for Theoretical Physics, quien trató de los conceptos de átomos o partículas de espacio/tiempo.

En realidad, según sus propias palabras "espacio y tiempo no se corresponden en absoluto con nuestras nociones intuitivas cotidianas del espacio tridimensional que nos rodea o del tiempo de nuestros relojes; los científicos desean lo que realmente son el espacio y el tiempo, aunque todavía no lo sabemos". Otro científico, Lee Smolin, en un reciente artículo recogido en la revista Investigación y Ciencia, escribe "percibimos el espacio y el tiempo como si fueran continuos, pero si la teoría de la gravedad cuántica de bucles fuera correcta, estarían formados por elementos discretos". Para conocer la situación será importante que recordemos algunos fundamentos del mundo macroscópico y del cuántico.

EINSTEIN. Las dos teorías sobre las que se basa nuestro conocimiento sobre lo grande y lo pequeño del universo son la macroscópica de la relatividad general (Einstein) y la mecánica cuántica (Planck) del mundo cuántico microscópico.

Todos recordamos la teoría de la gravedad de Newton, de que los cuerpos con masa se atraen. De acuerdo con la teoría de Newton las fuerzas gravitacionales son instantáneas, de modo que si moviéramos al sol ahora, sentiríamos el cambio de la fuerza gravitacional inmediatamente aquí en la tierra. La relatividad, por otra parte, dice que la información no puede viajar más rápido que la luz. Así que si movemos al sol, sólo podríamos sentir el efecto en la tierra después de 8 minutos, el tiempo que le toma a la luz viajar del sol a la tierra.

Einstein se dio cuenta de que había una contradicción entre la relatividad y la teoría de Newton y para resolverla propuso que el espacio-tiempo es curvo. Así, pues, el sol curva el espacio-tiempo y la tierra se mueve a lo largo de una trayectoria que es la línea de menor longitud. Una descripción clásica del espacio-tiempo y de las partículas moviéndose sería la analogía de una mesa de billar rígida donde las bolas se mueven. La teoría de Einstein equivale a reemplazar la mesa de billar por una membrana elástica. Una bola de billar muy pesada (el Sol) deformaría la membrana elástica y si tiramos otra bola (la Tierra), se siente atraída y su trayectoria estaría determinada por la forma de la membrana elástica. De hecho, aun si no hubiera ninguna bola la membrana elástica podría oscilar y las ondas se propagarían. En el espacio-tiempo pueden haber ondas gravitatorias, que han podido ser medidas indirectamente.

  

PLANCK. En el año 1927 Heisenberg formuló el principio de incertidumbre que afirmaba que es imposible especificar con exactitud y al mismo tiempo la posición y el momento lineal de una partícula, es decir, no se puede medir la posición de una partícula sin causar una perturbación en su velocidad. Este principio fue fundamental para el desarrollo de la mecánica cuántica en la que los caracteres ondulatorio y corpuscular de la radiación electromagnética pueden interpretarse como dos propiedades complementarias de la radiación.

En la mecánica newtoniana se maneja una constante de gravitación universal, G. La teoría de la relatividad descansa sobre otra constante, c, la velocidad de la luz. Y para describir los efectos cuánticos es esencial otra constante, h, la constante Planck. El propio Max Planck (1848-1957) se dio cuenta que ciertas combinaciones entre esas constantes nos podían proporcionar magnitudes de espacio o de tiempo. Por ejemplo, la raíz cuadrada del cociente entre G y el producto de h por el cubo de c es una unidad de longitud tan pequeña que se necesitarían un millón de billones de billones de billones de ellas para que equivaliesen a un centímetro. ¿Se trataría de la unidad cuántica de espacio?. Del mismo modo la raíz cuadrada del cociente entre G y el producto de h por la quinta potencia de c es una unidad de tiempo de la que se necesitarían cien millones de billones de billones de billones para sumar un segundo. ¿Sería una unidad cuántica de tiempo?.

    

GRAVITACIÓN CUÁNTICA. La teoría cuántica de la materia también se puede aplicar, con buenos resultados a los objetos grandes macroscópicos, pero es imposible saber si la teoría de la relatividad general de Einstein funciona en el mundo microscópico. En realidad la fuerza de la gravedad es muy débil. Por ejemplo, nosotros somos capaces de levantar verticalmente nuestros brazos venciendo a toda la fuerza gravitatoria que sobre ellos ejerce la Tierra entera. Es muy difícil medir en el laboratorio la debilísima fuerza de la gravedad en cuerpos muy pequeños y, por otro lado, la gravedad, en la descripción de Einstein, es muy extraña. No es una fuerza sino una deformación geométrica del espacio-tiempo.

Uno de los mayores retos de la física teórica es la de elaborar una teoría general que explique tanto el microcosmos como el macrocosmos. Para ello, se necesitaría una teoría cuántica de la gravitación que fundiese en una sola la mecánica cuántica con la teoría general de la relatividad. Por analogía con otros conceptos físicos y para conseguir la gran teoría unificadora general de la materia, ello supondría que la interacción gravitacional se debe transmitir mediante gravitones. Estos gravitones serían, si esa idea fuera correcta, partículas sin masa, que viajarían a la velocidad de la luz entre un cuerpo y otro "transportando" la gravedad. Todavía no se ha detectado un gravitón, pero a los físicos tampoco les sorprende esto mucho, por la extrema debilidad de la fuerza de la gravedad que dificulta su identificación.

Pero existen datos esperanzadores. Algunos autores interpretan las observaciones de las explosiones estelares de rayos gamma acordes a lo que sería previsible por la gravitación cuántica. Otros creen que la solución radicará en el desarrollo de la teoría de las supercuerdas, una versión más refinada de la anterior teoría de las cuerdas. Otra alternativa muy interesante es la de la gravedad cuántica de bucles, que predice que es espacio está formado por granos, el menor de los cuales sería como un cubo cuya arista fuese la longitud de Planck (10 elevado a la potencia menos 33), mientras que el tiempo transcurriría a lapsos o saltos semejantes al que antes denominábamos como unidad cuántica de tiempo, es decir 10 elevado a menos 43 segundos.

¿Se podrá demostrar ello en el futuro?. Como recuerda la física Markopoulo Kalamara: "Hoy sabemos que la materia está compuesta de átomos. Hace un siglo los científicos lo desconocían y dudaban de que ello pudiera ser comprobado alguna vez. Posiblemente esta misma situación es similar a la actualmente existente respecto al tiempo y al espacio".

Fontepesquisada:(http://servicios.laverdad.es/cienciaysalud/6_2_38.html)

 

POSTED BY SELETINOF 2:09 PM 

 

O UNIVERSO É UM COMPUTADOR?

         

Tudo o que conhecemos não passa do processamento de uma imensa máquina que cospe a realidade. Pelo menos é o que diz o cientista Seth Lloyd.  

Desta vez não é nem um astrofísico nem um cosmólogo quem se aventura a explicar a origem do Universo. É um especialista em computadores: Seth Lloyd, professor de Engenharia Mecânica do Massachusetts Institute of Technology (MIT), um dos maiores centros mundiais de pesquisa científica. Ele afirma que todo o cosmo, da galáxia em espiral na foto acima às moléculas de poeira na ponta da chuteira do Ronaldinho, faz parte de – acredite – um gigantesco e complexo computador.

Esse processador descomunal é alimentado, segundo Lloyd, por cada pequeno evento físico, em qualquer quebrada obscura do Universo, desde o início dos tempos há 13,7 bilhões de anos. E o que essa máquina cósmica cospe como resultado final é a própria realidade. Não se trata de uma comparação ou metáfora. Lloyd não afirma que o Universo "se parece com" ou "funciona como" um computador. Para ele, o Universo "é" um computador. 

Claro que Lloyd não se refere a um computador tradicional, feito com chips de silício e impulsos elétricos. Trata-se de uma máquina que explora algumas singularidades das partículas fundamentais que constituem a matéria e, por isso, é conhecida como computador quântico. O próprio Lloyd é um especialista nesse tipo nascente de computação. Foi ao pesquisar a física básica necessária para montar essas máquinas que ele esboçou sua teoria, descrita em seu livro Programming the Universe (Programando o Universo), recém-lançado nos Estados Unidos.  

 

FUTURO Estudantes australianos observam aparelho de pesquisas. Nenhum laboratório conseguiu ainda obter um protótipo de computador quântico.   

Suas idéias lembram o filme Matrix. O mundo que vemos, segundo o filme, é apenas um ambiente virtual montado por computadores, uma imensa máquina que nos ilude o tempo todo. Só agimos dentro desse mundo virtual porque estamos plugados a ele. Na versão do cinema, porém, o mundo real existe. E acordamos para ele quando tiramos os plugues. A versão de Lloyd é bem mais radical. "No Matrix, o que você vê é falso, é uma simulação. Mas nosso Universo é uma simulação tão exata que é indistinguível do real", afirma Lloyd. "Átomos e moléculas são bits. A linguagem da máquina são as leis da física."  

         

 

A idéia radical de Lloyd não está amparada por nenhuma evidência científica. Mas ajuda a desvendar um dos maiores mistérios da física: por que o tempo flui apenas em um único sentido, rumo à maior entropia, termo criado pelo físico alemão Rudolf Clausius para definir a quantidade de informação – ou complexidade – de um sistema.

 

 

LUZ Pesquisadora russa em Novosibirsk produz cristais que podem ser usados na produção de computadores quânticos.

 

Para explicar essa idéia, pense em um baralho. As cartas vêm da fábrica organizadas. Com duas informações, o naipe e a hierarquia da carta, é possível achar qualquer uma no baralho. Mas, se as cartas forem embaralhadas, o sistema ganha desordem e complexidade. Para encontrar uma carta, será preciso examinar uma a uma. Agora, elas estão em uma seqüência específica entre 1.068 possibilidades, portanto há muito mais informação no baralho. Pois, segundo Lloyd, é isso que acontece no Universo quando uma fruta apodrece na terra e suas moléculas, antes ordenadas, se embaralham no solo. Lloyd afirma que todas as novas informações fornecidas pela podridão da fruta são equivalentes ao fluxo de dados que alimenta o colossal computador chamado Universo. Como esse computador sempre processa dados, o Universo sempre terá mais informação, portanto o tempo anda para a frente. 

Para Lloyd, apenas um computador quântico seria capaz de processar as incertezas da dinâmica no Universo. Os computadores comuns processam a informação na forma de dígitos binários, conhecidos como bits. Os resultados são previsíveis, pois 1 bit pode valer "0" ou "1". Só que, enquanto um computador tradicional fornece apenas respostas do tipo "sim" ou "não", uma máquina quântica poderia oferecer as diferentes probabilidades de que um resultado seja "sim" ou "não". Essa incerteza, de acordo com Lloyd, está mais próxima do comportamento das partículas subatômicas que fazem o Universo. 

Vários laboratórios do mundo estão pesquisando como construir computadores desse tipo. Teoricamente, eles podem multiplicar o poder de cálculo das máquinas. No jargão da computação quântica, em vez de 1 bit, o processamento seria feito por meio de unidades chamadas qubits, que podem carregar mais de uma informação. Feitos com partículas fundamentais da matéria, os qubits poderiam ser usados em mais de um cálculo ao mesmo tempo. Um computador com 2 qubits poderia, por exemplo, rodar quatro operações simultâneas. Com 1.000 qubits, um processador quântico poderia fazer mais cálculos do que o número de partículas no Universo.       

   

PROCESSADORES quânticos podem ser o único jeito de continuar miniaturizando os computadores.

 

Apesar do potencial, nenhum laboratório conseguiu produzir ainda um protótipo de computador quântico. Uma das dificuldades é isolar partículas que possam funcionar como qubits. Uma equipe da Universidade de Oxford, na Inglaterra, conseguiu manter um único qubit durante 500 bilionésimos de segundo, tempo insuficiente para realizar qualquer operação matemática. Agora, os pesquisadores tentam segurar o átomo mais tempo. Cientistas da Hitachi, em Cambridge, na Inglaterra, foram mais longe. Fabricaram um tipo de circuito em que elétrons se comportam como qubits. "É possível fazer isso usando processos tradicionais de fabricação de chips", afirma David Williams, coordenador do estudo. Mas ele ainda não conseguiu nada que possa rodar um programa.  

As tentativas mais ousadas para chegar ao computador quântico usam materiais mais inovadores. Vários pesquisadores apostam em um tipo de matéria descoberto há apenas dez anos, chamado condensado de Bose-Einstein. As pesquisas ainda estão em estágio inicial, mas devem ser vitais para o futuro da indústria eletrônica dentro de 15 anos. No ritmo atual de miniaturização, os fabricantes de chips terão de fazê-los com outro material. O caminho natural parece apontar para as partículas quânticas. E um dia pode-se chegar, se as teorias de Seth Lloyd tiverem algum sentido, até à criação de universos artificiais como o do filme Matrix.

 

Fontepesquisada:(http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG74141-6014,00.html)

 

POSTED BY SELETINOF 4:58 PM  

 

LOS ENIGMAS QUE OCULTA EL UNIVERSO

     
 

ENTREVISTA CON LEONARD SUSSKIND

Leonard Susskind es catedrático de Física teórica en la Universisdad de Stanford. Entre sus múltiples contribuciones a la física destaca la teoría de las cuerdas y su aplicación al estudio de los agujeros negros. Susskind, además, se ha interesado en divulgar sus teorías a un público no especialista, por lo que ha conseguido diversos galardones.

 

 

Einstein tenía un sueño, mejor dicho, una pesadilla. No podía aceptar que su relatividad general no fuera compatible con la mecánica cuántica.

El sueño que persiguió durante sus últimos 30 años fue encontrar una teoría que fuera válida tanto para el mundo que vemos, el macroscópico, como para el mundo atómico. Una teoría unificadora, la “teoría del todo”. No lo consiguió.

Pero ahora tenemos una candidata, la teoría de las supercuerdas. Hablaremos de ella con uno de sus mayores expertos, Leonard Susskind. Debatiremos con él la posibilidad de la existencia de más universos, de más dimensiones, y del principio antrópico. 

La segunda parte del programa es un reportaje especial grabado en el Observatorio del Roque de los Muchachos en la isla de la Palma (vea los videos del YouTube que acompaña el texto). 

Uno de los más avanzados del mundo. Allí preguntaremos a cosmólogos, astrofísicos y físicos de partículas cuáles son los temas más candentes de la investigación astrofísica actual, las fronteras del conocimiento científico del universo. Si apasionante es relatarles lo que hemos aprendido, quizás lo es más pensar en lo que todavía nos falta por descubrir, los verdaderos enigmas que oculta el universo.

PRIMERO BLOQUE 

Punset:
Sería una tontería no empezar por esos temas que no han tenido una respuesta, durante tantos años. Cosas como… ¿Sabes la pregunta que te voy a hacer? No creo que la gente de la calle…

Susskind:
No creo que sea cómo saber el tiempo que hará mañana …

Punset:
No. Pero si la gente estuviera aquí te preguntarían: por favor, por favor, dinos qué había antes del Big Bang.

Susskind:
¿Qué había antes del Big Bang?

Punset:
si es que hubo alguna cosa…

Susskind:
En realidad no lo sabemos con certeza. Algunos creen que no había nada, otros – entre los que me incluyo – creen que el Universo creció increíblemente rápido, en un proceso como el de hinchar un globo muy rápidamente, y esto se llama inflación. La inflación es la teoría que explica lo que sucedió antes de lo que sí explica la teoría estándar del Big Bang. ¿Pero qué pasó antes de eso? Bueno, no es seguro, pero…

Punset:
Pero habría algo… quiero decir… había un cerebro cero, o …

Susskind:
En algún momento, cuando retrocedemos, perdemos el conocimiento de las leyes de la naturaleza que nos pueden explicar un pasado tan lejano. Ahora tenemos ideas que nos llevan todavía más allá, incluso a un tiempo en que el Universo simplemente se estaba inflando muy rápidamente… pero ¿cómo llegamos allí? No lo sabemos. Mientras el Universo se estaba inflando rápidamente, creemos que se podrían haber forma unas pequeñas burbujas, que a su vez empezaron a desarrollarse, y nosotros vivimos en una de esas burbujas. Y las burbujas son como las burbujas de cava. Sucedió lo mismo que sucede cuando se descorcha una botella de cava, y de repente…

Punset:
… zas, todo el universo, como el que parece que conocemos…

Sussking:
…de una de esas pequeñas burbujas que empezó a expandirse. Y seguramente nosotros vivimos en una burbuja así, pero es posible que haya muchísimas burbujas más en el exterior. Algunas son muy hostiles. ¿Cuál es la palabra adecuada? Letales, son letales para la vida. No se puede vivir allí, se expanden demasiado rápido, o son demasiado calientes o demasiado frías … siempre hay algo que no está bien…
 

SEGUNDO BLOQUE 

Punset:
Cuando estoy con algunos amigos del mundo de la física, y están hablando sobre las diferencias entre las teorías de la física cuántica, o del mundo cuántico, y el mundo macroscópico, siempre dicen –para que no se les pille en un error– que las leyes de las física, o del mundo, son las mismas. Pero tu dices que no, que todas las leyes no son las mismas, que depende de la burbuja…

Susskind:
Los cosmólogos son un poco diferentes de los físicos, porque su interés se centra en el Universo: cómo se creó, su tamaño, su forma, … Y los físicos están interesados en las leyes de la naturaleza tal como se pueden observar en un laboratorio. Los físicos siempre han adoptado el punto de vista de que las leyes de la naturaleza son únicas y de que había siempre un tipo especial de matemáticas, unas matemáticas con unas reglas desconocidas, cuyas ecuaciones, cuando se pudieran resolver, explicarían por qué el mundo es como es: por qué el electrón tiene ese peso, por qué el fotón tiene esa forma.. En cambio los cosmólogos observaron el mundo exterior y vieron algo diferente. Vieron el mundo lleno de coincidencias, coincidencias arbitrarias, conspiraciones accidentales entre los números, … sin una simplicidad particular, sin una particular belleza matemática, pero con un modelo particular que lo gobernaba todo, y ese modelo en particular era que las reglas, las leyes, el entorno, … eran exactamente los que se necesitaban para que se pudiera formar la vida. Antes de Darwin, la existencia de algo tan maravilloso como un globo ocular era una prueba de la existencia de Dios. Ahora, cuando se mira el Universo, se tiende a decir que es muy “amable”, y mucha gente piensa que esto debe ser porque alguien lo debió hacer así para que existiéramos. Lo que necesitamos es un principio del mismo tipo del que utilizó Darwin para explicar por qué el universo es tan “amable” sin necesidad de invocar a las fuerzas sobrenaturales. El punto de vista del científico, que cree o no cree en Dios, es explicar la naturaleza sin invocar a las fuerzas sobrenaturales, y puesto que es nuestro trabajo, tenemos que hacerlo.

Punset:
A esto le llamas principio antrópico.

Susskin:
Bueno, quizá yo lo habría llamado de una forma diferente…
  

     

TERCER BLOQUE

Punset:
Nos parece tan difícil comprender que puede haber otras dimensiones que sean muy pequeñas, escondidas en algún sitio…

Susskin:
Esta es parte de la cuestión. Creemos… aunque no hay ninguna razón, bueno, de hecho hay razones matemáticas para creer en lo más profundo de la teoría de cuerdas, que existen otras dimensiones además de las tres que vemos: arriba y abajo, derecha e izquierda y adelante y atrás. Hay más, en algún sitio que no podemos ver porque son demasiado pequeñas. De modo que es posible que en otro lugar –no sólo posible: tiene que ser así–, en alguna otra burbuja, la mayor parte de las dimensiones sean grandes como las dimensiones que podemos ver, y unas pocas de ellas sean pequeñas. Este sería un mundo en el que la gente, si pudiera vivir en él, tendrían arriba y abajo, derecha e izquierda, adelante y detrás, y también pompus y rompus, no lo sé, alguna otra cosa, algún otro tipo de dirección. ¿Por qué no vivimos en un mundo que tenga arriba y abajo, lados, y adelante y atrás, y pompus rompus? La razón es que no se podría vivir en un mundo que tuviera una dimensión más. Todo tipo de cosas irían mal, particularmente por lo que respecta a la química. En el lenguaje corriente, lo que la gente entiende por una teoría es: pienso esto o aquello; lo que un físico quiere decir cuando habla de teoría consiste en un marco matemático extremadamente bien definido que permite describir las cosas. De acuerdo con las mejores ideas de la mejor teoría que tenemos, que es la teoría de cuerdas, el número de estas burbujas es enorme y también es enorme la diversidad de los diversos tipos de entorno que hay. Hay todo lo que se pueda imaginar: lugares donde los electrones son más pesados que los protones, o donde los protones son más pesados que los electrones, todo tipo de posibilidades diversas, y sólo una pequeña fracción de ellas es vitalmente posible. Y ahí es donde se encuentra la vida, no hay nada metafísico en ello, nada sobrenatural. No hay ninguna idea de que un dios benevolente hizo el universo para que pudiéramos vivir en él… sino que hay grandes tipos de entorno que fueron el producto de este proceso, y sólo una fracción muy pequeña de ellos fueron, como tu dices, “amables”.
 

        

CUARTO BLOQUE

Punset:
Leonard, te das cuenta de que si miramos la filosofía occidental, o la historia de la filosofía, vosotros, los físicos, las personas que insistieron, ante ideas dogmáticas e ideas no demostradas, en que todo el conocimiento debería someterse a la prueba de la experimentación, vosotros que fuisteis los que nos proporcionasteis esta idea, ahora estáis promoviendo ideas –por favor, corrígeme– que tienen coherencia matemática pero que probablemente nunca podrán ser experimentadas. ¿Es así?

Susskin:
Nunca digas nunca jamás. Lo que hacemos es construir una teoría y luego testarla de diversas formas teóricas. Son siempre elementos de la teoría los que intervienen en la comprobación de estas cosas. Recuerdo muy claramente cuando surgió la idea de los quarks, ¿sabes lo que es un quark? Un quark es lo que hay dentro de los protones y de los neutrones, y que no puede salir de ellos. De manera que cuando los físicos oyeron decir que en los protones y en los neutrones había quarks, y que un quark no se podía separar para examinarlo, dijeron: Esto no es ciencia. Si no se puede sacar, y no se puede examinar, y no se pueden hacer experimentos con el quark mismo, entonces simplemente no es ciencia y no creemos en los quarks, porque la ciencia exige que seamos capaces de hacer observaciones directas. Bueno, con el tiempo la gente se fue acostumbrando a la idea de que los quarks no se podían sacar, y se cambiaron las reglas. Una de las reglas es: la filosofía sigue a la física y no la física a la filosofía. La filosofía nos dice cómo hay que hacer los experimentos, qué constituye una prueba científica, y esto tuvo que cambiar para acomodarse a la idea del quark.

Punset:
La última pregunta, y mi nieta estará muy contenta. El otro día estaba hinchando un globo y me preguntó –tiene 7 años– de dónde viene el aire que entra en el globo. Y yo le dije, creo que la mayor parte viene del Big Bang. Pero no entendió realmente lo que le decía…

Susskin:
Ella dijo: no, viene de dentro de tus pulmones, abuelo.

Punset:
Pero de donde sale?

Susskind:
Viene del Big Bang, pero de forma indirecta. La mayoría del material que se creó durante el Big Bang era principalmente helio e hidrógeno. El aire que sale de tus pulmones contiene muy poco hidrógeno y helio, es principalmente oxígeno, nitrógeno y sobre todo dióxido de carbono, y tal. ¿De dónde salió lo otro, y cómo se llegó del helio y del hidrógeno a…? La respuesta es: del interior de las estrellas, que se estaban quemando y que calentaron el helio y el hidrógeno y lo transformaron en carbono, oxígeno, … Y entonces ¿por qué no está todo esto encerrado en el interior de las estrellas? Porque las estrellas explotaron y crearon supernovas, y nosotros estamos hechos del material que salió de la explosión de las supernovas. Originalmente estamos hechos del material creado en el Big Bang, pero este dio lugar al material que hoy soplamos en un globo.

Fontepesquisada: http://www.rtve.es/tve/b/redes/semanal/prg342/frcontenido.htm  

 
POSTED BY SELETINOF AT 3:43 PM
 

FAZER A LUZ DAR MARCHA-A-RÉ?!

      

Cientistas conseguiram fazer a luz dar marcha-a-ré 

Nos anos recentes, os cientistas descobriram formas de fazer a luz ir tanto mais rápido quanto mais lento do que a sua velocidade tradicional, mas agora pesquisadores da Universidade de Rochester, Estados Unidos, publicaram um estudo na revista Science, mostrando como eles deram um passo ainda mais à frente (ou seria para trás?): fazendo a luz dar marcha-a-ré. Como se tentasse desafiar o senso comum, o pulso de luz que se move para trás viaja mais rápido do que a luz.

Confuso? Você não está sozinho.

"Eu vi alguns dos maiores especialistas do mundo coçando suas cabeças ao pensar nisto," diz o professor Robert Boyd. "A teoria prevê que nós podemos enviar a luz para trás, mas ninguém sabia se a teoria iria se confirmar ou mesmo se ela poderia ser observada em condições de laboratório."

Boyd recentemente demonstrou como diminuir a velocidade de um pulso de luz para uma velocidade menor do que a de um avião, ou acelerá-la para uma velocidade maior do o seu já rapidíssimo ritmo, utilizando técnicas e materiais exóticos. Mas agora ele utilizou o que já foi considerado uma esquisitice matemática – a velocidade negativa – e mostrou seu funcionamento no mundo real.

"É uma coisa esquisita," diz Boyd. "Nós enviamos um pulso através de uma fibra óptica e, antes mesmo que seu pico entre na fibra, ele está saindo do outro lado. As experiências nos permitiram ver que um pulso no interior da fibra estava de fato se movendo para trás, interligando os pulsos de entrada e saída."

E aí, Einstein não balançaria seu indicador para uma coisa tão estranha? Afinal, isso parece violar o dogma sagrado de que nada pode viajar mais rapidamente do que a luz.

"Einstein disse que a informação não pode viajar mais rápido do que a luz e, neste caso, como em todos os experimentos que aceleram a luz, nenhuma informação está de fato se movendo mais rapidamente do que a luz," explica Boyd. "O pulso de luz tem o formato de uma corcova, com um pico e longas bordas de subida e descida. A borda de subida carrega toda a informação acerca do pulso e entra primeiro na fibra. Quando o pico entra na fibra, a borda de subida já está bem na frente, saindo. A partir da informação dessa borda de subida, a fibra essencialmente ‘reconstrói’ o pulso no outro lado, enviando uma versão para fora da fibra, e outro para trás, em direção à entrada da fibra."

Boyd já está trabalhando em métodos para ver o que irá acontecer se ele conseguir gerar um pulso sem borda de subida. Einstein disse que todo o fenômeno "mais rápido do que a luz" e "luz de marcha-a-ré" irá desaparecer. Boyd está ansioso para testar essa idéia de Einstein.

Como a luz dá marcha-a-ré?

Boyd, juntamente com os estudantes George M. Gehring, Aaron Schweinsberg, Christopher Barsi e Natalie Kostinski, enviaram um pulso de laser através de uma fibra óptica que havia sido dopada com o elemento érbio. Quando o pulso deixou o laser, ele foi dividido em dois. Um pulso viajou pela fibra de érbio e o segundo viajou por uma fibra comum, para servir de referência. O pico do pulso emergiu do outro lado da fibra antes que o pico entrasse na fibra, e bem à frente do pico do pulso de referência.

Mas, para descobrir se o pulso estava verdadeiramente viajando para trás no interior da fibra, Boyd e seus estudantes tiveram que cortar a fibra a cada duas polegadas e medir novamente os picos do pulso quando eles saíam de cada seção descascada da fibra. Organizando esses dados e colocando-os em uma seqüência temporal, Boyd foi capaz de descrever, pela primeira vez, que o pulso de luz estava se movendo para trás no interior da fibra.

               

Para entender como a velocidade da luz pode ser manipulada, imagine um espelho de um parque de diversões, daqueles que o faz parecer-se mais gordo. À medida em que você anda ao lado do espelho, você aparece normal, mas, ao atingir a porção curva no centro do espelho, seu reflexo se estica, com a borda da frente saltando à sua frente (seu corpo funcionando como referência) por um breve instante.

Da mesma forma, um pulso de luz enviado através de materiais especiais move-se à velocidade normal até atingir uma determinada substância, onde ele é esticado para alcançar e sair do outro lado do material.

Por outro lado, se o espelho for do tipo que o faz parecer-se mais magro, seu reflexo parece repentinamente se encolher, com a borda da frente andando mais lentamente à medida em que você passa pela seção curva. Da mesma forma, pode-se fazer com que um pulso de luz se contraia e ande mais lentamente no interior de um material, saindo do outro lado bem depois do que o faria normalmente.

Para visualizar o pulso de luz que viaja para trás, substitua o espelho por uma grande TV e uma câmera de vídeo. Como você deve ter notado quando passa à frente de um conjunto assim em uma loja de departamentos, à medida em que você anda à frente da câmera, sua imagem aparece no lado da TV oposto àquele onde você se encontra. Sua imagem anda em sua direção, passa por você no meio e continua se movendo na direção oposta até desaparecer no outro extremo da tela.

Um pulso de luz com velocidade negativa age de forma muito parecida. À medida que o pulso entra no material, um segundo pulso aparece no outro lado da fibra e flui para trás. O pulso reverso não apenas se propaga para trás, mas ele libera um pulso que vai na direção da outra extremidade da fibra.

Desta forma, o pulso que entra na frente da fibra aparece do outro lado quase que instantaneamente, aparentemente viajando mais rapidamente do que a velocidade normal da luz. Para utilizar novamente a analogia da TV, é como se você caminhasse à frente da vitrine da loja, visse sua imagem andando em sua direção a partir do lado oposto da TV, e que sua imagem criasse um clone na outra extremidade, andando na mesma direção que você, vários passos à frente.

"Eu sei que isto soa esquisito, mas é assim que o mundo funciona," diz Boyd.

 

Bibliografia:

Observation of Backward Pulse Propagation Through a Medium with a Negative Group Velocity

George M. Gehring, Aaron Schweinsberg, Christopher Barsi, Natalie Kostinski, Robert W. Boyd

Chemical Physics Letters

12 May 2006

Vol.: Vol. 312. no. 5775, pp. 895 – 897

DOI: 10.1126/science.1124524

O texto acima é de Jonathan Sherwood.  

POSTED BY SELETINOF AT 9:00 AM 

 

CERN: UMA ODISSÉIA CIENTÍFICA PARA DESCOBRIR A ORIGEM DO UNIVERSO

Tecnologia Grid entra em cena no auxílio à manipulação das informações 

"O que é a matéria?", "do que é feita?", "qual é a sua origem?" e "como permanece unida formando objetos tão complicados como as estrelas, os planetas, o ar e os seres humanos?" A tarefa do maior laboratório de física de partículas do mundo, o Cern (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear, do francês – Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire) é buscar a resposta para estas questões fundamentais da natureza. Para tal objetivo, físicos do mundo inteiro se reúnem numa colaboração internacional, que requer uma avançada tecnologia de comunicação e compartilhamento de dados.

Utilizando uma espécie de "túnel do tempo", os físicos simulam uma viagem até uma fração de segundo após o "Big Bang", a grande explosão que resultou no universo, de acordo com uma das teorias físicas. O "túnel" de que se trata é um acelerador de partículas: uma infra-estrutura capaz de provocar choques entre as partículas que compõem a matéria e desmembrá-las, tal como se encontravam após o “Big Bang”. E, através dos detectores – equipamentos acoplados no acelerador de partículas, os pesquisadores observam o que se passa a partir do choque dessas partículas, o que os possibilita estudar a estrutura da matéria.

Fundado em 1954, na Suíça, o Cern completa 50 anos em 2004, se notabilizando pelo exemplo de colaboração internacional: são, ao todo, 56 participantes, dentre países e organizações internacionais. Atualmente, está sendo preparado, para 2007, o próximo acelerador, que está sendo construído num túnel subterrâneo de 27 Km: o Large Hadron Collider (LHC), no qual estarão acoplados quatro detectores – Atlas, Compact Muon Solenoid (CMS), LHCb e A Large Ion Collider Experiment (Alice).

A partir do LHC, espera-se encontrar as respostas que faltam para completar o Modelo Padrão, ou seja, o quebra-cabeça criado pelos físicos para explicar a origem do universo. Uma pista para encontrar as respostas é a provável existência do Boson de Higgs, a partícula que seria responsável por agregar massa às partículas.

Dois detectores estarão pesquisando o Boson de Higgs

A corrida pela descoberta do Boson de Higgs vem despertando o interesse de físicos do mundo inteiro e motivou a construção de dois dos quatro detectores que estarão acoplados ao LHC: o Atlas e o CMS, ambos contando com a colaboração brasileira.  

Medindo 45 metros de comprimento e com a altura aproximada de um prédio de cinco andares, o Atlas é um dos maiores experimentos de física de partículas já projetado. O orçamento total do projeto foi estimado em U$$ 600 milhões de dólares, quantia esta que só foi possível diante da grande quantidade de países participantes. O detector é resultado de uma colaboração internacional, que envolve 1800 cientistas de mais de 150 laboratórios e instituições em 34 países.

O CMS envolve 1.870 cientistas distribuídos em 150 instituições em 31 países. O Brasil contribui com 30 pesquisadores, incluindo físicos, engenheiros e cientistas da computação, divididos em sete instituições (Uerj, UFRGS, UFRJ, CBPF, UFBA, Unesp e USP). O objetivo do CMS será o mesmo do Altas, ou seja, comprovar a existência do Boson de Higgs .

Rede Grid é a solução para a manipulação da informação geradas pelo LHC

A previsão de dados coletados pelo LHC, ao longo de um ano, é de 20 petabytes, ou seja, cerca 20 mil terabytes. Segundo o professor de física da Uerj, Alberto Santoro, que coordenda o consórcio brasileiro na colaboração do CMS, uma das maiores dificuldades que a colaboração vai encontrar será a manipulação de uma quantidade de dados científicos dessa ordem de grandeza.

A solução encontrada para amenizar o problema foi a utilização da tecnologia Grid que, ao invés de concentrar toda a informação no Cern, como ocorre atualmente, é baseada no compartilhamento da informação entre diversas máquinas, de forma a facilitar o acesso dos físicos aos dados e arquivos a serem pesquisados ou transferidos.

      

A Uerj fará parte do projeto de Grid, armazenando no Brasil parte das informações, não só do LHC, mas de todo o Cern, o que dará ao País maior prestígio na colaboração. Para que este projeto se concretize é necessário que a rede da Uerj seja facilmente acessível para os demais físicos do Cern espalhados pelo mundo, mas, atualmente, a conectividade disponível não é suficiente. A idéia é começar com 622Mbps e chegar em 2007, ano de inauguração do LHC, com 10Gbps – explica Santoro.

Ao comentar tantos requisitos tecnológicos, necessários ao desenvolvimento de avançados sistemas de informação e, em especial, o projeto Grid, Santoro menciona a importância da RNP para a participação brasileira no projeto.

— Sem a RNP, fornecendo toda a infra-estrutura de rede necessária, não há projetos de cooperação internacionais nos quais o Brasil seja capaz de se inserir. Além da intensa troca de informação, essencial para colaborações desse porte, há outras aplicações, tais como videconferência, que só podem ser realizadas através das redes de pesquisa avançadas dedicadas à comunidade acadêmica mundial — comenta Santoro.

Texto extraído do site da RNP – Rede Nacional de Ensino e Pesquia (11.05.2004).

 POSTED BY SELETINOF 10:37 AM

 

QUEM SOMOS NÓS – NA VISÃO DOS FÍSICOS E NÃO DOS MISTICOS

           
 

Rogério Fonteles Castro

Graduado em Física pela Universidade Federal do Ceará

Nesta postagem, além de lhes apresentar uma pequena amostra da palestra sobre o filme Quem Somos Nós, presidida por duas personalidades importantes do cenário científico cearense atual, elaboramos uma síntese sobre os fundamentos da mecânica quântica – a partir de dois textos pesquisados nos livros Física Moderna, autor Walter R. Fuchs, e O Pensamento Matemático, autor Oscar Becker-, e estabelecemos um parecer bastante esclarecedor sobre este afamado filme, tomando por base, claro, a posição da ortodoxia da mecânica quântica. 

 

            

O modelo atômico de Bohr, estrutura mecânica construída sobre fundamentos “mais ou menos clássicos”, não pôde explicar a razão da existência de certas órbitas permitidas (ou orbitais) em torno do núcleo atômico. A teoria da mecânica ondulatória de Erwin Schrödinger foi a primeira sugestão radical duma solução para as dificuldades fundamentais do modelo de Bohr. Entretanto,  esse físico austríaco defendia que todas as coisas poderiam, na “realidade”, ser representadas por ondas multidimensionais. Ainda que as equações diferenciais de Schrödinger para a descrição dos fenômenos subatômicos fossem muito aceitos pelos físicos, a sua interpretação geral não o era. 

Recordando a filosofia que se encontra por trás do dualismo onda-partícula, temos aí que a interpretação dos resultados depende do tipo de experiência que é realizada. Essa linha produtiva de raciocínio foi iniciada por Niels Bohr. Foi ele o primeiro a reconhecer que era impossível sujeitar à observação simultânea os dois aspectos distintos do elétron, ou seja, o seu caráter de onda e o de partícula. Esse é um princípio limitador que governa as condições experimentais e limita a informação que pode ser obtida das experiências.  

Essa idéia está expressa compreenssívelmente no Princípio de Complementaridade de Bohr. Em toda a filosofia da ciência, esse conceito elaborado de forma teórica é, seguramente, a contribuição mais importante depois da publicação, por Immanuel Kant, da Crítica da Razão Pura em 1781 (e a segunda edição, revista, de 1787). Esse trabalho do filósofo de Könisberg é a revisão de maior autoridade da Física do seu tempo – a Física newtoniana. Quando essa teoria clássica começou a falhar na explicação dos fenômenos subatômicos, o primeiro passo corajoso no sentido de introdução de conceitos novos foi dado por Niels Bohr.  

Além dele, o jovem físico alemão Werner Heisenberg conseguia, na segunda metade da década de vinte, obter uma compreensão mais clara da nova situação da física. Adotou então uma atitude filosófica baseada no extremo empiricismo, que recusava aceitar quaisquer das imagens ou modelos da física moderna. Por exemplo, no modelo atômico de Bohr, os físicos se referiam à “posição” e ao “período de revolução” de um dos elétrons do átomo. Essas noções formavam uma herança da mecânica newtoniana e, em relação aos elétrons atômicos, eram classificadas como “não-observáveis”. Heisenberg considerou essas “noções imaginárias” como sendo algo sem sentido, desprovido de qualquer fundamento. Ele sugeriu o desenvolvimento duma mecânica quântica teórica, análoga à mecânica clássica, em que apareceriam apenas relações entre quantidades observáveis (http://petroleo1961.spaces.live.com/blog/cns!7C400FA4789CE339!264.entry). A realização desse programa formava o que se conhece como “Mecânica das Matrizes”, e foi aperfeiçoado com a colaboração do professor de Heisenberg, Max Born, e de Pascual Jordan.  

Bohr explicava a transição entre dois quaisquer estado energéticos do átomo por meio dum salto do elétron duma órbita representativa dum estado à outra. Associado a esses saltos quânticos, sempre aparecia um fóton que era radiado ou absorvido, de acordo com o sentido do salto eletrônico.  

Heisenberg se opunha a essa imagem transitória com seu mecanismo desconhecido. Ele reconhecia que, na observação esperimental dos átomos, somente os níveis energéticos discretos “estacionários” podiam ser estabelecidos. Não determinamos experimentalmente os detalhes do que ocorre quando um elétron atômico muda dum estado a outro, como também não decidimos se o elétron descreve uma órbita no sentido clássico ou se comporta como uma onda estacionária ao redor do núcleo. Qualquer modelo explanatório que possamos construir só pode ter a finalidade duma melhor compreensão, representando apenas uma especulação. Contudo, é óbvio que, não sendo observadas certas circunstâncias, esses modelos podem mesmo levar à confusão. Por outro lado, uma certa regularidade na forma das transições entre os níveis energéticos discretos pode ser estabelecida experimentalmente, na qual o estado fundamental do átomo ocupa um papel prioritário. 

Enfim, com respeito ao acabamento do desenvolvimento da mecânica das matrizes, podemos citar as próprias palavras de Max Born 

"O período de tentativas chegou subitamente ao fim, com o trabalho de Heisenberg, que era meu assistente naquele tempo. Ele cortou o nó górdio com um princípio filosófico novo e substituiu o raciocínio por uma regra matemática. Em essência, o princípio significava que noções e conceitos que não correspondessem  a nenhum fato fisicamente observável não poderiam ser usados em qualquer descrição teórica. Heisenberg rejeitava o conceito de órbitas eletrônicas com raios definidos e períodos de revolução porque esses não eram observáveis, e recomendava que a teoria fosse construída por meio de matrizes".  

Mas o ponto decisivo nesta construção era o dualismo corpúsculo-onda e a questão do influxo do “observador” sobre os processos físicos “reais” e “objetivos”. É sabido que o lugar e o impulso de uma partícula não podem ser simultaneamente, isto é, pela mesma experiência, medidos com exatidão. Quando se consegue medir exatamente uma das duas grandezas “complementares” (lugar e impulso, tempo e energia), a outra desaparece; no caso extremo da máxima exatidão na medição da primeira grandeza, a segunda não pode ser absolutamente medida. Tal é o conteúdo essencial das “relações de indeterminação” de Heisenberg. 

           

Niels Bohr elaborou em 1927, depois de longas discussões, o conceito fundamental de complementaridade, que há pouco empregamos. Introduziu duas concepções inteiramente distintas para os processos quânticos, que são complementares no sentido que só podem existir lado a lado sem contradição quando seu alcance é limitado de tal modo que nunca são utilizadas ao mesmo tempo. Segundo a experiência, a “partícula elementar” se mostra ora como corpúsculo, ora como onda.  

Porém, Heisenberg encara a questão de outro modo, o que é de particular importância para o nosso problema sobre o papel da matemática. Como vimos, acima, parte da hipótese que só se verificam na natureza, ou só podem ser processados experimentalmente, processos que se deixam representar como vetores (ou mistura de vetores) (os observáveis) no espaço de Hilbert de muitas dimensões, numericamente infinitas. Modelo para Heisenberg era a teoria da relatividade restrita que igualmente representa a realidade física por vetores em meio ao “mundo” quadridimensional. Mas um vetor num espaço de Hilbert de dimensão infinita (ou na matriz hermitiana correspondente) não é intuitivo; não o é tão pouco a equivalente representação por uma onda no espaço de configuração segundo Schödinger; pois o espaço-configuração tem 3n dimensões para n partículas. Trata-se de uma simples analogia para uma onda intuitivamente tridimensional. A tentativa de uma interpretação intuitiva leva-nos novamente às duas imagens complementares (corpúsculo e onda) de Bohr. 

Em meio a todas essas complexas tentativas de solução pergunta-se: o que dizer sobre a realidade física dos processos quânticos? N. Bohr fala de “impossibilidade de uma distinção exata entre o comportamento de objetos atômicos e a influência sobre eles exercida pelos instrumentos medidores, que servem para determinar as condições em que os fenômenos se manifestam”.  

Segundo Heisenberg, mesmo tendo em vista tal impossibilidade de distinção, pela intervenção de um observador não se introduz qualquer traço subjetivista na descrição da natureza, o que não deixa de ser muito importante do ponto de vista “filosófico”. Segundo ele, o observador tem simplesmente a função de registrar fatos que se verificaram no tempo e no espaço, pouco importando que o “observador” seja um aparelho que funciona automaticamente ou um ser vivo (de modo especial um homem que entende do assunto). O que entretanto é absolutamente necessário é a passagem do possível ao “factual” dentro do processo atual do registro. Este último ponto de Heisenberg se relaciona – o que ele mesmo nota – com a seguinte consideração de Weizsaecker: somente fatos futuros são ainda possíveis, os passados são simples fatos. Não tem sentido perguntar sobre a probabilidade (isto é, sobre a possibilidade quantitativamente determinável) de sua realização, pois já são reais. O que de fato já aconteceu não pode ser objeto de indagação quanto à possibilidde ou probabilidade de sua realização. Assim um fato histórico, como a do registro de um elétron pelo contador de Geiger, não entra numa teoria como a mecânica quântica que se ocupa de possibilidades (probabilidades).

           

Qualquer sistema quântico separado do mundo exterior só tem um caráter potencial, não “factual”; por isto, segundo Bohr, ele não pode ser descrito por conceitos da física clássica. O estado representado por um vetor de Hilbert (não por uma combinação estatística de vetores), aplicado a um sistema fechado, é segundo Heisenberg “objetivo”, mas não “real”, pois nele não se pode verificar um fato historicamente constatável em nosso mundo macroscópico (tais como a revelação de uma chapa fotográfica, a indicação de um instrumento, e semelhantes aparelhos de que nossas salas de física estão cheias). Portanto a concepção clássica de “objeto-real” deve ser abandonada 

Assim, à luz da “interpretação de Copenhagen” (ou, da ortodoxia da mecânica quântica), da teoria dos quanta, a oposição tradicioanal entre “realismo” e “idealismo” não pode mais ser empregada e as teoria tradicionais do conhecimento fracassam… Os processos que se verificam no tempo e no espaço de nosso ambiente diário são propriamente o real e deles é feita a realidade de nossa vida concreta. “Quando se tenta, diz Heisenberg, penetrar nos pormenores dos processos atômicos que se ocultam atrás desta realidade, os contornos do mundo “objetivo-real” se dissolvem, não nas névoas de uma nova imagem obscura da realidade mas na clareza diáfana de uma matemática, que conecta o possível (e não o “factual”) por meio de suas leis”. 

Infelizmente, desde que o famoso Princípio da Incerteza de Heisenberg foi enunciado pela primeira vez em 1927, muito foi escrito sobre esse princípio, tanto por filósofos como por pseudofilósofos, de forma confusa e sem sentido, chegando mesmo a ser tomado por uma “verdade universal”. Quiseram mesmo demonstrar o “livre arbítrio humano”, usando o princípio de incerteza.  

De maneira semelhante, os "fundamentos científico-filosóficos", empregados na elaboração do filme "Quem Somos Nós", se encontram numa total discrepância com relação aos fundamentos da mecânica quântica; ou seja, o realismo, que está implicito na construção das imagens utilizadas no filme, e que é também uma suposição implicita na física clássica e em toda teoria moderna, não tem valor na mecânica quântica. Ao realismo se associa a idéia de que o comportamento de um objeto é determinado por suas propriedades intrínsecas reais e por propriedades intrínsecas reais do ambiente em que ele se encontra. Para a interpretação de Copenhagen, porém, o mundo é não-realista. Para essa corrente, as propriedades dos corpos são propriedades apenas potenciais, que dependem do experimento realizado, ou seja, da observação que se está fazendo. Assim, tudo que é afirmado nesse filme está errado ou não passa de pura especulação segundo a ortodoxia da mecânica quântica.

 

Também, agradecendo aos nossos colegas Marcos&Camila, da comunidade Filosofia & Ciência, pela colaboração, publicamos aqui o texto abaixo de Roel Cruz Rizzolo (roel@anatomiafacial.com): nesse artigo temos, novamente, uma crítica científica ao filme "Quem Somos Nós"; entretanto, tal abordagem está mais ligada ao campo da biologia  (Artigo publicado originalmente no jornal Folha da Região, Araçatuba, terça-feira, 7 de novembro de 2006).

Um tempo atrás, alguns amigos me recomendaram assistir ao filme "Quem somos nós?". Afirmaram terem ficado extremamente impressionados com a beleza, mensagem, e com a facilidade com que assuntos complexos sobre neurociência e mecânica quântica eram abordados.

Como sou fã da divulgação científica fiquei curioso, embora a afirmação de um deles que o filme mostrava como a mecânica quântica dava suporte a algumas teorias místicas, me deixou desconfiado. Mas em nome da curiosidade científica fui atrás, do filme e da opinião dos cientistas sobre ele. Pesquisei demoradamente. Visitei sites sérios na área de neurociência e física. Li a opinião de vários pesquisadores e professores.

O resultado? Bem, confesso que raras vezes observei uma unanimidade tão grande sobre um assunto. Na melhor das hipóteses, o filme está cheio de erros.

Mas para a maioria dos cientistas das áreas envolvidas trata-se de uma deliberada tentativa de falsear e distorcer dados científicos para nos convencer sobre as opiniões místico-religiosas defendidas (e comercializadas!) pelos produtores do filme.

Ante a possibilidade de ser lançada uma versão ampliada desse "documentário", achei que seria importante mostrar estas informações aos leitores.

Para ser objetivo, tentarei listar os erros e distorções que o filme comporta. (…) Entre os erros menos graves podemos citar:

– O filme menciona que nosso corpo contém 90% de água. Errado. O recém-nascido tem aproximadamente 78%, homem adulto 60% e mulher 55%. Há variações individuais (obesos têm menor porcentagem que magros, etc). 

O filme menciona que nosso corpo produz 20 aminoácidos. Errado. Produzimos 12. Os 8 restantes são aminoácidos essenciais e devem ser incorporados por meio da dieta.

– A animação que mostra a comunicação entre os neurônios está errada. Os neurônios não se comunicam por meio de correntes elétricas e sim através de neurotransmissores químicos liberados nas sinapses. Essa diferença é fundamental. É do equilíbrio desses neurotransmissores que depende o funcionamento cerebral e nosso comportamento.

A lista de "pequenos" erros é bem maior. Porém, vamos agora aos disparates.

– O filme menciona que os primeiros nativos americanos não seriam capazes de ver as caravelas de Colombo porque a caravela estaria fora do "paradigma" cerebral. Isto é uma besteira. E é um engodo já que distorce conceitos cuidadosamente definidos pela neurociência como sensação e percepção para defender o indefensável. Os nativos já tinham canoas. Acreditar que colocar uma vela sobre a canoa a tornaria invisível é de dar risada. A informação é inventada. Não consta nos diários de Colombo e informações detalhadas sobre essas tribos (Arawaks ou Aruaques) desapareceram até da tradição oral.

– O filme quer nos fazer acreditar por meio de um dos seus "cientistas", Masaru Emoto, que a formação de cristais de gelo é influenciada por palavras específicas escritas em papel e fixadas no recipiente. Por exemplo, ao escrever "amor" formam-se cristais com belas formas. Ao escrever "eu quero matar você" a delicada estrutura cristalina se desarranja.

Para os cientistas, um absurdo total. Argumentam que Emoto conhecia previamente as palavras e procurou intencionalmente os cristais apropriados entre os milhões que são formados. 

O experimento nunca pôde ser repetido em nenhum laboratório do mundo. O Ph.D. de Emoto foi concedido por uma universidade não credenciada nos Estados Unidos. James Randi, aquele que desafiou nosso homem do "ra", Thomaz Green Morton, a reproduzir frente às câmeras seus fenômenos paranormais, ofereceu um milhão de dólares para que Emoto repetisse o experimento sob controle científico. Emoto não apareceu até agora (nem Morton).

Tenho que truncar a lista por aqui. Não posso falar do "efeito Maharishi", onde através da meditação transcendental coletiva os índices de violência teriam diminuído em Washington.

Apenas comento que o autor desse "experimento", John Hagelin (que aparece no filme), foi honrado pela comunidade científica pelo prêmio Ig-Nobel em 1994. Assim, seu estudo está ao nível dos prêmios concedidos este ano, como por exemplo, "Porque pica-paus não têm enxaqueca?”.

Finalmente, chama a atenção que boa parte dessas informações "científicas" são comentadas por uma senhora loira com acento estranho. Ela parece possuir conhecimentos infindáveis sobre mecânica quântica e neurociência. Ao final do "documentário" descobrimos que essa "cientista" é, na realidade, Ramtha, o espírito de um guerreiro de Atlântida morto há 35.000 anos, "canalizado" pela dona de casa americana J Z Knight, que na realidade nasceu Judith Darlene Hampton em uma cidadezinha de Novo México, que hoje abriu uma lucrativa escola mediúnica (Ramtha School of Enlightenment), na qual boa parte dos "cientistas" consultados neste filme trabalha. Coincidência, não?

Enfim, leitor, não perca seu tempo. Gastar 90 minutos ouvindo Ramtha e seus amigos irá deixar você com muito tédio, muito mal informado e, pelo menos, R$ 5 mais pobre.

Roelf Cruz Rizzolo é professor de Anatomia Humana da Unesp, câmpus de Araçatuba, e escreve neste espaço quinzenalmente.

 
POSTED BY SELETINOF AT 2:03 PM
 

UNIVERSO SIMÉTRICO

 

Abaixo, postamos texto de Graham P. Collins, editor de Scientific American, no qual Collins esclarece pontos importantes da utilização de simetrias nas teorias físicas.   

O mundo que nos cerca está repleto de simetrias e simetrias aproximadas – a simetria bilateral da maioria dos animais, a simetria rotacional do sol, a simetria de cinco partes de muitas estrelas do mar e as simetrias múltiplas das frutas e flores. A simetria é tão comum que é preciso algo extraordinário, como um floco de neve, para despertar nosso espanto.

Grande parte da física fundamental, na verdade, consiste em desvendar outros tipos de simetria que caracterizam o Universo. A teoria da relatividade especial de Einstein, por exemplo, é uma teoria das simetrias de espaço e tempo vazios, governadas pelo grupo de Poincaré (os grupos são as estruturas matemáticas que descrevem as simetrias). Efeitos gravitacionais, como a contração do espaço e a dilatação do tempo, são operações do grupo de simetria, equivalentes a girar seu ponto de vista no espaço, mas incluindo o tempo como parte da "rotação".

A física de partículas está repleta de simetrias: em particular, as forças fundamentais são ditadas por simetrias denominadas simetrias de calibre. A partir da especificação do grupo de calibre e da intensidade da interação, determina-se, basicamente, todo o comportamento da força. Por exemplo, o eletromagnetismo envolve um conjunto de simetria de calibre chamado U(1), que é a simetria das rotações circulares num plano.

A conservação da carga elétrica é conseqüência da simetria U(1). Como foi provado pela matemática Emmy Noother em 1915, sempre que uma simetria surge na mecânica, surge também uma lei de conservação. O teorema de Noother aplica-se tanto à mecânica clássica quanto à mecânica quântica e informa, por exemplo, que a lei da conservação da energia deriva da simetria em relação às translações no tempo. Ou seja, a energia se conserva porque as equações do movimento de ontem são as mesmas de hoje. As conservações do momento (simetria em relação à translação no espaço) e do momento angular (simetria em relação à rotação) são semelhantes.

Finalmente, temos a própria definição de "partícula" na teoria dos campos quânticos, desenvolvida pelo físico Eugene Wigner: uma partícula é uma "representação irredutível do grupo de Poincaré". Essa relação direta entre simetrias e a estrutura mais fundamental da matéria e das forças é o que exige que os elétrons e outras partículas tenham uma quantidade intrínseca de momento angular, conhecida como spin. O spin funciona como um rótulo, especificando qual é a "representação irredutível" que constitui a partícula, e se associa às rotações, portanto ao momento angular. A massa de uma partícula também é um rótulo relacionado à simetria.

Comparados às simetrias que governam o Universo, os flocos de neve começam a parecer bem comuns.

POSTED BY SELETINOF AT 7:48 AM