Arquivo mensal: fevereiro 2018

NOSSO PARADIGMA PSICOFÍSICO E A FENOMENOLOGIA

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PSICOLOGIA PROFUNDA E FENOMENOLOGIA

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Acima, temos uma representação do nosso “Eu Fenomenal Unitário”, o qual sintetiza todos os sentidos possíveis dados segundo a realidade integral, e um diagrama que de forma simples representa a dinâmica da fenomenologia. Abaixo, um passeio através da fenomenologia com fins a uma fundamentação de nosso paradigma PSICOFÍSICO.

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INTRODUÇÃO

Na TRADIÇÃO FILOSÓFICA OCIDENTAL, o Ser é concebido como simplesmente dado: visto que o ser se manifesta no ente, vem sendo compreendido como um ente entre outros entes. Ao entificar o Ser, o modo de interrogar da tradição, pressupõe nele um caráter de imutabilidade e de essência fixa passível de ser encontrada ultrapassando-se a aparência. Tais pressuposições atribuem-lhe uma substancialidade que restringe seu caráter.

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O “MUNDO MATEMÁTICO DE PLATÃO” EQUIVALE AO “UNUS MUNDUS”

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O conceito de consciência, aqui, é segundo HUSSERL: para este, a CONSCIÊNCIA não é um lugar, tal como uma caixa que abriga conteúdos mentais, conforme a concepção wundtiana, mas uma espécie de MOVIMENTO PARA FUGIR DE SI MESMA, um escape para fora de si, a partir do qual se gera a existência; a consciência é, então, esse partir em direção às coisas que a ela aparecem como fenômenos; qualquer que seja o objetivo da consciência, ele está sempre fora da consciência porque é transcendental; sujeito e objeto passam a ser um só, donde tal SER revela-se através do ato de conhecer. CONHECER, assim, como um simples ato, uma “vivência”, jamais se confunde, seja com o objeto, seja com o sujeito, pois é CONSCIÊNCIA. 

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No pensamento tradicional, portanto, o Ser é tomado como COISA EM SI, expressando um caráter estático. Aqui, entretanto, buscando dar conta do SER de Parmênides  e do DEVIR de Heráclito – algo que permuta incessantemente o ser e o não-ser -, estabelecemos uma estrutura partindo da Hipótese Psicofísica de Carl Jung e Wolfgang Pauli: tendo em vista a COISA EM SI – conceito da filosofia tradicional – esta é dada, simultaneamente, na forma concreta e abstrata, de acordo com a metafísica aristotélica e platônica, respectivamente; ainda, o ponto de vista fenomenalista, segundo Kant, se insere também em tal estrutura dando significação ao nosso mundo fenomênico. Dando MOVIMENTO a esta estrutura, introduzimos, então, o símbolo do Tao, cuja função, igualmente ao ATO de Aristóteles, é identificada aqui com a CONSCIÊNCIA de Husserl e, também, com o DASEIN de Heidegger. Enfim, tudo isso, claro, tem uma dinâmica estabelecida paralelamente com a teoria da Mecânica Quântica conforme interpretação dada pela ortodoxia da Escola de Copenhague, na qual é resgatado os conceitos de POTÊNCIA  e ATO de Aristóteles.

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REALIDADE: PERPÉTUA OSCILAÇÃO ENTRE ATUALIZAÇÃO E POTENCIALIZAÇÃO

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No vídeo, temos a PRAIA DE ONDAS GIGANTES DE PROBABILIDADE – a beira mar do Oceano Platônico -, local do colapso, da quebração, da passagem da realidade potencial à realidade atual.

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Ao posicionamento da Escola de Copenhague está acoplada a Lógica do Terceiro Incluído de Lupascu:

A Realidade, em sua integralidade não é senão uma perpétua oscilação entre a ATUALIZAÇÃO e POTENCIALIZAÇÃO. Não há atualização absoluta. Mas a atualização e a potencialização não bastam para uma definição lógica coerente da Realidade. O movimento, a transição, a passagem do potencial ao atual não é concebível sem um dinamismo independente que implica um equilíbrio perfeito, rigoroso, entre a atualização e a potencialização, equilíbrio este que permite precisamente essa transição. A Realidade possui, portanto, segundo Lupasco, uma estrutura ternária: toda manifestação da Realidade se dá através da coexistência de três aspectos inseparáveis em um todo dinâmico acessível ao conhecimento lógico, racional.

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1. VOLTEMOS ÀS PRÓPRIAS COISAS: O CONVITE DA FENOMENOLOGIA

A epoché se divide em 3 momentos: redução fenomenológica, redução eidética e redução transcendental. Essa divisão não pode, porém, sob nenhuma hipótese, levar à impressão de que tais momentos são subsequentes – um começa quando o outro termina – pois se constituem em aspectos díspares, como mostraremos mais adiante, de uma mesma totalidade: o método fenomenológico.

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A “redução fenomenológica”, EPOCHÉ, na expressão de Husserl, é o processo que consiste em pôr “entre parênteses” a existência dos conteúdos da consciência, ou das vivências, e também do eu, enquanto sujeito psicofísico ou suporte existencial da consciência, assim reduzida ao eu puro, ou transcendental.

Trata-se, portanto, de se realizar uma redução “eidética”, ou seja, reduzir as vivências à sua essência (“eidos”), objetos ideais que não se acham na mente (hipótese psicológica), nem no mundo platônico das ideias (hipótese metafísica), nem na inteligência divina (hipótese teológica). Tais objetos são ideais, são “significações”, alheias ao tempo e ao espaço, de validade permanente.

Enquanto ciência, a fenomenologia é assim investigação de essências e de relações entre essências, quer dizer, a determinação de configurações essenciais da consciência e de seus correlatos intencionais, investigados e fixados de modo puramente contemplativo em sua conexão sistemática.

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2. FÍSICA QUÂNTICA, PSICOLOGIA PROFUNDA, E ALÉM

O fundo comum para microfísica e psicologia profunda é tanto física como psíquica e, portanto, nenhum dos dois, mas sim uma terceira coisa, uma natureza neutra, que pode, no máximo, ser apreendido em sugestões, já que em essência é transcendental.

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O pano de fundo do nosso mundo empírico, portanto, parece ser de fato um unus mundus. … O fundo psicofísico transcendental corresponde a um “mundo possível” na medida em que certas condições que determinam a forma dos fenômenos empíricos são inerentes a tal fundo.

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3. A (RE) CONSTITUIÇÃO DA PSICOLOGIA FENOMENOLÓGICA EM EDMUND HUSSERL

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Por fim, seguindo as análises de Husserl sobre a fenomenologia e a psicologia, concluímos que a concepção de psicologia fenomenológica se constituirá em uma ciência universal do seres humanos cujo objeto de estudo é o ser anímico. Esta ciência tem como funções básicas: a) a reformulação da psicologia científica; o esclarecimento dos conceitos psicológicos; b) a constituição de uma ciência universal do psíquico; c) a descrição das vivências intencionais e; d) ser uma disciplina propedêutica à fenomenologia transcendental. Para Husserl, a autêntica e genuína concepção de psicologia fenomenológica é importante para os psicólogos, porque é com o desenvolvimento dessa disciplina que eles poderão resgatar a subjetividade como fonte originária da vida humana e a sua correlação com o mundo-da-vida (Lebenswelt).

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4. A “PHILOSIA” DE OSHO E A FENOMENOLOGIA DE HUSSERL

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A “redução fenomenológica”, EPOCHÉ, na expressão de Husserl, é o processo que consiste em pôr “entre parênteses” a existência dos conteúdos da consciência, ou das vivências, e também do eu, enquanto sujeito psicofísico ou suporte existencial da consciência, assim reduzida ao eu puro, ou transcendental.  O exercício da epoché é o exercício da “suspensão de juízo” em relação à posição de existência das coisas: ou seja, o exercício da epoché se lança sobre tudo que é transcendente, no sentido do que se encontra fora do ato cognitivo e, portanto, do que não se encontra contido na própria vivência cognoscitiva. Desloco a atenção para o que se revela no interior da cogitatio. A atenção é deslocada para o que é vivenciado por mim enquanto “sujeito empírico”.

A “Philosia” – definida e professada por Osho -, também, sempre parte da constatação da vida na Vida, da experiência na vivência. Verifica-se, portanto, que ambos os pontos de vista – tanto Osho quanto Husserl – estabelecem a vivência como única ponte para a verdadeira realidade.

Assim, somente partindo da vivência pura, podemos transcender o mental e o corporal, nos sagrando Um com o Unus Mundus – definido e postulado por Carl Jung e Wolfgang Pauli.

Mas, para alcançar essa “vivência pura”, ambos, Husserl e Osho, se submetem a uma MEDITAÇÃO: cada um a seu modo!!!!

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5. HEIDEGGER: DO DASEIN A DASEINSANALYSE

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Martin Heidegger, ao criticar Husserl de ser intelectualista e cartesiano, abandonou os termos consciência e intencionalidade, centrais na fenomenologia transcendental de Husserl. O desenvolvimento próprio da fenomenologia de Heidegger era motivado por uma profunda insatisfação com o tom metafísico husserliano em sua busca das essências da consciência. Para Heidegger, a fenomenologia husserliana era mais um projeto que havia perdido a historicidade essencial da natureza humana. Em sua obra O ser e o tempo, para descontentamento de Husserl, Heidegger supera o conceito de consciência e propõe o conceito de Dasein.

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Em sua terminologia [de Heidegger] Dasein deve substituir ‘sujeito’ ou ‘eu’, devido ao sentido de ser simplesmente dado que estes termos adquiriram na filosofia da consciência e da subjetividade do período moderno, incluindo aí a própria concepção husserliana de sujeito.

Em sua monumental obra Ser e Tempo, de 1927, Heidegger desenvolve uma interpretação ontológica do sentido do ser através de sua analítica do Dasein, focalizando sua análise no ser dos entes enquanto tal. Foge, assim, à via da metafísica clássica que recorre à descrição e classificação das características definidoras do existir dos entes. O termo Dasein, nesta perspectiva, refere-se ao existir humano que se dá como um acontecer (sein) que se realiza (Da), no mundo, sendo o próprio existir que constitui o aí em que se dá a existência. Nesse sentido, tendo-se em vista a “finitude” humana, a temporalidade e a historicidade serão fundamentais na análise heideggeriana do Dasein, já que que toda possibilidade de compreensão do existir humano dependerá justamente da temporalidade enquanto historicidade e finitude.

Em Ser e Tempo,  Heidegger distingue dois planos: o ôntico e o ontológico. O ôntico é o plano relacionado à elucidação da existência do  Dasein; o ontológico é o plano da apresentação das estruturas existenciais do ser. As estruturas existenciais – denominadas de existenciais fundamentais constituintes do  Dasein  – são: a temporalidade, a espacialidade, o ser-com-o-outro, a disposição, a compreensão, o cuidado (Sorge), a queda e o ser-para-a-morte. A existência do Dasein, caracterizada pela abertura do mundo e do sentido do ser e pela liberdade, se dá dentro destes existenciais, de maneira que as condições de possibilidade de uma existência dependerão dos horizontes da própria condição humana. Assim, Heidegger, que se propusera a abordar o problema do ser utilizando-se do método fenomenológico de Husserl, na verdade o supera quando substitui o conceito de consciência pelo de  Dasein

A leitura da filosofia de Heidegger estrutura-se sobre conceitos fundamentais para a fenomenologia existencial tais como  Dasein, ser-no-mundo, angústia, decisão. Todo o seu trabalho gira em torno do sentido de ser, seus modos e maneiras de enunciação e expressão. Desta forma ele explicita o engano da tradição de uma compreensão ôntica (do ente), em detrimento de uma compreensão ontológica (do ser). Estes temas, inicialmente colocados em Ser e Tempo ,são desenvolvidos ao longo de toda a sua obra através de sua analítica do  Dasein,  uma teoria que se funda na “destruição” das teorias sobre a subjetividade do sujeito, particularmente das teorias de Husserl e de Kant. No contexto deste pensamento desconstrutivo não existe a cisão entre o sujeito e o objeto

Heidegger e o taoísmo primitivo, então, desenvolveram maneiras provocativas de pensar que o humano pertence fundamentalmente ao mundo – compreendido através do ser (Sein) ou do caminho (Tao). Heidegger desdobrou isto como a interseção do céu e da terra, mortais e imortais na reunião do Quádruplo (Geviert), enquanto o Taoísmo localiza o humano entre “terra e céu” e em relação às forças elementares e os ritmos da vida como yin e yang e qi.

Sein e Tao, assim, resistem à apropriação da conceituação metafísica ocidental da “natureza”, entendida como criação ou como matéria-prima da cultura e da tecnologia. Para Heidegger, esses momentos estão inevitavelmente conectados na história da metafísica como “on-theo-logy”. Esses dois modos de pensamento também não implicam “panteísmo”, porque não separam nem identificam Deus e a natureza. Para Heidegger, o panteísmo é incluído nessa mesma história da metafísica. No pensamento chinês clássico, no entanto, não existe sequer um conceito de divindade monoteísta transcendente que seja absoluta e independente ou idêntica à totalidade do mundo. Uma vez que o conceito ontológico de “natureza” ocidental é qualquer coisa menos natural, essa palavra não consegue nomear nem o Tao e nem o Sein, seja conceitual ou experimentalmente.

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Bibliografia

1. PSYCHOPHYSICAL HYPOTHESIS JUNG/PAULI, autoria de Rogério Fonteles Castro. Disponível em:

https://seletynof.wordpress.com/2007/06/20/psicofisica-unus-mundus-hipotese-de-jung-e-pauli/>

2. A Comparative Study of Heidegger and Taoism on Human Nature, autoria de Nian-nian WANG. Disponível em:

<https://www.davidpublisher.com/Public/uploads/Contribute/596441e7c65d4.pdf>

3. Voltemos às próprias coisas: o convite da fenomenologia, autoria de  Paulo Meireles Barguil e Raquel Crosara Maia Leite. Disponível em:

<https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/43372>

4. Pequeno glossário heideggeriano, autoria de Newton Gomes Pereira. Disponível em:

<https://revistacult.uol.com.br/home/pequeno-glossario-heideggeriano/#:~:text=Segundo%20Heidegger%2C%20ser%2Da%C3%AD%20%C3%A9,%2C%20mas%20n%C3%A3o%20%E2%80%9Cexistem%E2%80%9D>

5. FÍSICA QUÂNTICA, PSICOLOGIA PROFUNDA, E ALÉM, autoria de Thomas J. McFarlane, tradução de Rogério Fonteles Castro. Disponível em:

<https://seletynof.wordpress.com/2012/08/15/fisica-quantica-psicologia-profunda-e-alem/>

6. A (RE)CONSTITUIÇÃO DA PSICOLOGIA FENOMENOLÓGICA DE EDMUND HUSSERL, autoria de Tommy Akira Goto. Disponível em:

<https://www.davidpublisher.com/Public/uploads/Contribute/596441e7c65d4.pdf>

7. O LUGAR DO “NADA” NO HORIZONTE DA CRÍTICA DE MARTIN HEIDEGGER À NOÇAO DE CIÊNCIA TRADICIONAL, autoria de Bruno José do Nascimento Oliveira. Disponível em:

<https://www.docdroid.net/rF71Vvp/o-lugar-do-nada-no-horizonte-da-critica-de-martin-heidegger-a-nocao-de-ciencia-tradicional-autor-bruno-jose-do-nascimento-oliveira-pdf>

8. Contribuições da fenomenologia Husserliana para a Psicologia Clínica, autoria de Thayane Cristine Amaral Oliveira e Jean Marlos Pinheiro Borba. Disponível em:

<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-25912019000300010>