Arquivo mensal: fevereiro 2015

Solar Dynamics Observatory, SDO, NASA

ENIGMA DA EXISTÊNCIA: NATUREZA PSICOFÍSICA

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DECIFRANDO O ENIGMA DA EXISTÊNCIA: NATUREZA PSICOFÍSICA

Entendemos que as respostas dos gregos ao problema “tão antigo” entre heracliteanos e parmenidianos, não atingiu seu maior objetivo: ou seja, dar conta do Ser e do Devir dentro de um sistema filosófico e científico único. Perseguindo este objetivo, enveredamos, aqui, por um caminho alternativo: como uma trilha, nossa resposta entrelaça boa parte dos caminhos já bem conhecidos por todos. Mapeando, então, nossa trilha e as localidades interligas por esta, construímos um diagrama no qual temos uma visão esquemática da realidade, dada sob as perspectivas ontológica e epistemológica do conhecimento sobre o Universo construído pelo homem ao longo da história. Neste diagrama, portanto, fundamenta-se nossa resposta ao problema “tão antigo” na qual o Ser e o Devir coexistem harmonicamente num sistema filosófico e científico único. É patente a natureza incognoscível do Cosmos, entretanto, a sedução consciente da ciência em tentar mapear, ou simplesmente, apreender o inapreensível, é irresistível, é paradoxal. Semelhante paradoxo se traduz também aqui na nossa tentativa de vislumbrar a realidade partindo de um simples diagrama.

Porém, embora esquematicamente nosso diagrama esteja conforme a tradição cartesiana, seu caráter dinâmico é segundo a concepção da “hierarquia de pontas abertas” de Arthur Koestler em seu livro O FANTASMA DA MÁQUINA: assim, ao invés de se fundamentar em termos de uma dicotomia de duas camadas, mente-matéria, nosso diagrama está fundamentado em termos de uma hierarquia de muitos níveis. Ou seja, impossível representar tal dinamismo numa folha de papel, aqui apresentamos uma pequena nuance da consciência no homem. Ainda, diz-nos Henri Bergson, que nossa alma tende a imobilizar aquilo que é dinâmico no sentido de propiciar uma análise do mesmo, aqui não é diferente. De acordo com a “hierarquia de pontas abertas”, então, visualizamos a concepção de como a consciência evolui e se dá como existente.

Dando início à compreensão do nosso diagrama acima, verificamos que a linha tracejada orientada tanto no sentido do MUNDO IDEAL (Realismo de Platão) quanto no sentido do MUNDO MATERIAL (Realismo de Aristóteles), diz respeito à ação da INTUIÇÃO da “coisa em si” (Realismo Ontológico). Agora, a linha contínua quando orientada no sentido do FENÔMENO ABSTRATO, diz respeito à ação da RAZÃO (Racionalismo); mas, quando orientada no sentido do FENÔMENO CONCRETO, diz respeito à ação dos SENTIDOS (Empirismo).

Há uma problemática acerca do papel desempenhado pelo sujeito sobre a realidade existente. No diagrama, a CONSCIÊNCIA representa tal sujeito, o observador, ou seja, o ATO de Aristóteles. Aqui a CONSCIÊNCIA, através da intuição, tendo acesso imediato ao MUNDO MATEMÁTICO DE PLATÃO (Realidade Potencial: SER de Parmênides) -, faz transmutar a REALIDADE POTENCIAL em REALIDADE FACTUAL, originando assim a EXISTÊNCIA (MUNDO DA MATÉRIA OU FÍSCO – LEIS EMPÍRICAS / MUNDO IDEAL OU MENTAL – LEIS LÓGICAS). Tal EXISTÊNCIA, porém, encontrando-se configurada no MUNDO FENOMÊNICO (REALIDADE FACTUAL, o VIR A SER de Heráclito), pode ser acessada indiretamente pelos sentidos ou pela razão através dos fenômenos – o FENÔMENO CONCRETO (O SENSÍVEL) e o FENÔMENO ABSTRATO (O INTELIGÍVEL), respectivamente. Tal papel desempenhado aqui pela consciência – o papel do sujeito capaz de influenciar o objeto do conhecimento -, é conforme o ponto de vista do idealismo transcendental de Kant.

No MUNDO FENOMÊNICO encontramos as coisas-para-nós ou fenômenos: Kant afirmava que ao homem só é permitido conhecer os fenômenos. Aqui o FENÔMENO ABSTRATO, no diagrama, corresponde ao epifenômeno dos materialistas.

Devemos salientar que os universais em Platão se restringiam apenas às Idéias as quais constituíam dialeticamente a realidade absoluta, e que a matemática em Platão estava ainda ligada ao mundo do sensível, sendo os objetos matemáticos representados através das figuras geométricas. Portanto, temos que somente com Descartes o conhecimento matemático atinge a universalidade – a Matemática Universal -, donde tudo pode ser explicado matematicamente. Assim, nosso MUNDO MATEMÁTICO DE PLATÃO, corresponde muito mais ao universal de Descartes (o qual ao longo da história foi fundamentado em bases bem sólidas) do que às idéias  matemáticas platônicas. Ainda, tal mundo corresponde à realidade potencial de Aristóteles e ao SER de Parmênides. Idéia e Matéria pertencendo ao mesmo mundo, se diferenciam quanto ao ponto de vista do observador, do sujeito (CONSCIÊNCIA). Assim, quando a imagem formada dentro do cérebro se origina a partir de fora – com o uso dos sentidos -, temos que a fonte de informação é a matéria; quando a imagem se forma no cérebro a partir de fora – com o uso da razão -, temos que a fonte de informação é a Idéia. Mas, é com a força do Ato que ambas as realidades, ideal ou material, se atualizam, tornam-se existentes: isto sim segundo o idealismo ontológico e confirmado por nós.

A consciência acessando, agora, o MUNDO MATEMÁTICO DE PLATÃO, indiretamente através dos sentidos e/ou da razão, necessitará dos princípios e técnicas matemáticas para lograr êxito na representação da realidade, seja esta material ou ideal. No aforisma de Francis Bacon: Naturam renuntiando vincimus (pela renúncia vencemos a natureza), está dito implicitamente que é renunciando ao conhecimento da coisa-em-si (metafísica) que conseguimos uma modelagem capaz de descrever a Natureza e torná-la nossa escrava. Ou seja, a “renúncia” tem por consequência uma LIMITAÇÃO de respostas possíveis sobre a Natureza e, em muitos casos é através desta limitação (a impossibilidade de dar diversas respostas), que a Natureza se deixa precisar matematicamente: aqui está o ponto em que a maneira especificamente matemática de pensar desempenhou seu papel. O estudo dos fenômenos, pelos sentidos e/ou pela razão, enquadrando-se nesta limitação, é passível sim de ser matematizado.

Albir Rojas & Sara Lopez (Vídeo de Kizomba)